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Óleo de pequi pode prevenir a metástase do melanoma
Patrícia Leite Costa, farmacêutica e mestre em nanotecnologia pela Universidade de Brasília (UnB), durante seu mestrado desenvolveu uma nanoemulsão para tratar o câncer de pele. Feita à base de óleo de pequi associado ao ácido anacárdico – composto bioativo derivado do líquido da casca de castanha de caju – possui capacidade antitumoral e promete ser uma alternativa eficaz na prevenção à metástase do câncer de pele (melanoma).
Fale sobre a sua pesquisa.
O melanoma é o subtipo mais agressivo dos cânceres de pele. Ele é resistente a diversas drogas e possui uma expressiva capacidade de metástase, que é a habilidade de invasão e colonização de outros tecidos por células cancerosas. O ácido anacárdico (AA) é um composto bioativo derivado do líquido da casca da castanha de caju. Ele tem atividade antitumoral descrita contra vários tipos de câncer, incluindo o melanoma. O óleo de pequi, por sua vez, apresenta atividade antioxidante e antitumoral em câncer de mama. Durante meu mestrado desenvolvi nano carregadores de óleo de pequi e anacárdico em uma nanoemulsão para tratar e prevenir o câncer de pele, o melanoma.
Quais foram os resultados?
Essa nanoemulsão era estável nos parâmetros físico-químicos. Ela conseguiu diminuir a viabilidade celular, ou seja, a atividade celular das células de melanoma estava bem mais abaixo do que as células que não eram tratadas. As células também diminuíram o perfil de imigração e o perfil de proliferação. Além disso as células de melanoma que sobreviveram não conseguiam desenvolver de novo uma colônia, ou seja, estamos mostrando que as células não conseguem mais se proliferar depois de terem recebido um tratamento com óleo de pequi associado ao ácido anacárdico. Os resultados foram bastante promissores: as células diminuíram o perfil cancerígeno. Essa nanoemulsão consegue diminuir o perfil de metástase das células de melanoma e diminui a viabilidade dessas células. Elas enfraquecem e morrem.
De que maneira a sua pesquisa pode ser aplicada?
A minha pesquisa pode ser aplicada como um tratamento adjuvante do câncer de pele. Temos visto assim na literatura vários exemplos de substâncias quimioterápicas derivadas de plantas. O ácido anacárdico, que tem sido bastante estudado, é uma molécula promissora e é da biodiversidade brasileira.
Qual a importância da sua pesquisa para o Brasil e para o mundo?
A pesquisa que desenvolvi pode mostrar a importância da biodiversidade brasileira. A gente tem que valorizar o que é nosso, mostrar para o mundo, mostrar para o Brasil que aqui existem compostos, produtos naturais muito interessantes e que muitas vezes não damos valor como, por exemplo, o ácido anacárdico presente na casca da castanha do caju. Esse material é jogado fora!
Como se deu a criação de sua empresa, a Labô?
Fiz o meu mestrado sobre biodiversidade brasileira, produtos naturais, e desenvolvi uma emulsão para pele. Sempre sonhei ter uma empresa de cosméticos. Tive um grande apoio da minha professora, Graziela Juanite, para colocar em prática tudo o que eu aprendi. Então resolvi criar a Labô, uma empresa de produtos naturais e nacionais. Uni o conhecimento que possuía em farmacotécnica com a nanotecnologia. A Labô parte do desejo de uma farmacêutica de título e coração.
Durante mais de sete anos de pesquisa acadêmica tive como principal objeto de estudo as nanoestruturas dos óleos e bioativos da biodiversidade brasileira no tratamento de cânceres de pele. Foi através desse estudo que consegui ver o poder cicatrizante dos bioativos e descobri as inúmeras possibilidades de desenvolvimento científico. Através da nanotecnologia é possível utilizar os produtos naturais nacionais, por vezes desconhecidos do público, e assim valorizar a nossa biodiversidade. Com a nanotecnologia nossas fórmulas são exclusivas, aumentando o poder de absorção, estabilidade e aspecto sensorial dos produtos. Atualmente somos uma equipe, cada um com sua especialidade.
Assim como nossos insumos, também somos cheios de brasilidade e calor. Pé no chão e mão na massa, mas sempre com a mente fervendo de ideias e criações.
Para você, qual a importância da CAPES?
Ser bolsista da CAPES foi muito importante no desenvolvimento da minha pesquisa. Eu consegui me dedicar inteiramente, consegui desenvolver o mestrado no tempo certo. Por causa da bolsa da CAPES a gente consegue se dedicar inteiramente ao mestrado.
Legenda das imagens:
Banner: Imagem ilustrativa (Foto: iStock/TANYAROW)
Imagem 1:
Labô produtos que concentram a biodiversidade e nanotecnologia para tratar
skincare
(Foto: Arquivo Pessoal)
Imagem 2:
Patrícia Leite Costa, farmacêutica e mestre em nanotecnologia pela Universidade de Brasília - UnB
(Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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