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DIA DA MULHER
O desafio de começar e seguir na carreira acadêmica
Dados da CAPES mostram que as mulheres estão mais presentes na pós-graduação e são 58% dos bolsistas de mestrado, doutorado e pós-doutorado no Brasil. São pesquisadoras como Antônia Duciene Feitosa Lima, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Marinhas Tropicais da Universidade Federal do Ceará (UFC). Aluna do 34º mês, próxima de se qualificar, a bolsista tem duas graduações, especializações e mestrado, e percorreu todo esse caminho conciliando a realidade da academia com a da vida em família. Mas não desistiu.
Mãe de um adolescente de 14 anos e sem a proximidade da família, contou com a ajuda de outras pessoas para construir sua trajetória acadêmica. Primeiro, “uma amiga com filho da mesma idade levava e pegava na escola, e ficava com ele até eu voltar” durante uma das graduações, o mestrado e as especializações. E agora, no doutorado, tem uma pessoa para ajudar ao longo do dia, durante a semana, período que passa em Fortaleza; à noite, o jovem fica com o marido de Antônia.
À medida em que o fim do curso de aproxima, ela revela ser “difícil pensar no futuro” e almeja, entre as opções, estudar para concurso público para ser professora ou migrar para a área particular. A pesquisadora acredita que o País precisa estar mais preparado para receber doutores e que ter um apoio maior para as demandas específicas “por parte da Academia, dos órgãos de fomento, das universidades” facilitaria a vida da mulher que quer fazer ciência. “Sou mãe, tenho que cuidar de casa, de filho, estar aqui o tempo inteiro, então, um apoio me ajudaria” revela.
Wersângela Cunha Duaví, bolsista da CAPES entre 2013 e 2015 no mestrado em Ciências Marinhas Tropicais da UFC, teve que deixar a vontade de ter filho para outro momento, no futuro. Atualmente, ela é assistente técnica da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Estado do Ceará e seu trabalho exige saída de campo, caminhadas em dunas, praias, falésias, algo que talvez não conseguisse fazer estando grávida.
Com o sonho de ser mãe adiado, ela dá continuidade aos estudos para aperfeiçoar conhecimentos e aplicá-los em políticas públicas que melhorem a qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente. E ainda dá um recado para as jovens cientistas: “aproveitem todas as oportunidades que a academia oferece, congressos, encontros, projetos de pesquisa e extensão, processos seletivos de bolsas interna e de programas de estágio”.
A jovem Luiza Mello tem 25 anos, faz doutorado e graduou-se em biologia marinha e gerenciamento costeiro. No mestrado, enquanto bolsista da CAPES, cursou Ciências Marinhas Tropicais na UFC e participou do mesmo grupo de trabalho de Antônia e Wersângela. Para ela, nesse momento da vida, os desafios são outros, como enfrentar traços de machismo que o ambiente acadêmico ainda carrega, “não em todos os lugares, mas ele se faz presente”. E isso pode mudar a percepção de confiança das mulheres pesquisadoras. Por isso, ela reforça que deve partir das mulheres “a força de vontade para serem confiantes e não terem medo de falar o que pensam, mesmo quando somos desmerecidas pelo conhecimento”, enfatiza.
O projeto desenvolvido em conjunto pelas três pesquisadoras na Universidade Federal do Ceará (UFC) foram estudos que comprovaram elevada contaminação em águas, peixes e mariscos dos rios Ceará e Cocó, com agrotóxicos urbanos. O responsável pelo estudo foi o professor Rivelino Cavalcante, do Instituto de Ciências do Mar (Labomar).
Igualdade de gênero na pós-graduação:
Promover uma maior inserção de mulheres na pós-graduação stricto sensu é um tópico reconhecido na atual proposta do novo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG 2024 – 2028) como um dos desafios a serem enfrentados pelo Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG). Além disso, a questão de gênero será abordada com mais profundidade a partir da implementação do Censo da Pós-Graduação, que trata dados e um mapeamento da diversidade para induzir e valorizar a implementação de políticas de ações afirmativas.
Atualmente, o Programa Abdias Nascimento de ações afirmativas de formação na pós-graduação e para professores da educação básica, no Brasil e exterior, busca democratizar ao acesso à pós-graduação, incentivando a participação de estudantes autodeclarados pretos, pardos, quilombolas, indígenas e do campo, alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades. Dentro do programa, nas missões de estudo no exterior pelo menos metade das vagas deverá ser preenchida por mulheres, com preferência para as autodeclaradas pretas, pardas, indígenas, ou com deficiência, transtorno global do desenvolvimento ou altas habilidades. A ação é uma iniciativa conjunta entre a Secretaria de Alfabetização Continuada, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (Secadi/MEC) e a CAPES.
Leia aqui as cartas do CTC-ES e do CTC-EB.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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