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Novos bolsistas do Ciência sem Fronteiras recebem orientações para experiência no exterior
O programa Ciência sem Fronteiras promoveu nesta quarta-feira, 26, mais uma edição do Encontro de Orientações para Bolsistas . O evento tem como objetivo principal passar orientações gerais sobre a viagem e a graduação-sanduíche no exterior para os novos participantes do programa. O encontro aconteceu em Brasília, no edifício-sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com vistas a aproveitar a vinda dos bolsistas à cidade para a obtenção do visto norte-americano.
Presente na abertura do evento, o ministro da Educação, Henrique Paim, destacou aos novos bolsistas a importância de compreender que o Ciência sem Fronteiras não é uma ação isolada. "O Brasil teve um despertar tardio para a questão da educação. As pessoas em geral não tem noção que uma ação educacional possui resultados a médio e longo prazo. O CsF faz parte desse esforço, que integra a educação infantil à pós-graduação. Os bolsistas aqui presentes são o futuro da ciência aplicada no Brasil. Dentro de alguns anos, quando forem pesquisadores e professores do futuro, poderão trazer mais desenvolvimento e crescimento ao país", enfatizou.
Segundo o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães, a participação no programa permite oportunidades únicas aos estudantes brasileiros. "Os bolsistas do Ciência sem Fronteiras tem a possibilidade de conviver por algum tempo nas melhores universidades do mundo. Eles vão se deparar com condições muito distintas das encontradas aqui, muitas possibilidades de estágio, menos aulas expositivas e mais prática científica. Desejo boa sorte e boa preparação a todos", afirmou.
Experiências
Durante o encontro, também estiveram presentes ex-bolsistas do Ciência sem Fronteiras que retornaram recentemente ao Brasil e compartilharam suas experiências com os novos participantes do programa.
Cristiano Cunha, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), ficou 12 meses na Coreia do Sul para estudar engenharia mecatrônica. "Tive a oportunidade de me aprofundar na pesquisa de um tema em um nível que ainda não tinha visto no Brasil. Estudos de Inteligência Artificial, mais especificamente neurorobótica. Um tema de vanguarda", explicou. O estudante teve aulas em inglês na Coreia, pôde realizar um estágio na Hyundai e aproveitou todos os créditos quando voltou ao Brasil. Há duas semanas o estudante foi contratado pela empresa Google, em São Paulo. Para ele, a participação no programa foi fundamental, principalmente pela questão da língua, pois no novo emprego é preciso ter contato com pessoas de vários países.
Da Universidade de Brasília (UnB), o estudante de engenharia Vinícius Santana, foi para Cingapura em uma experiência de 15 meses no país do sudeste asiático. "Foram 12 meses de aula e pesquisa na universidade e mais três meses de estágio monitorado em uma empresa startup que me permitiu ir às Filipinas e Taiwan", conta. Para o estudante, a experiência requer dedicação. "Lá fora, temos menos aulas e mais tutoria, mais leitura. Tive contato com um nível de desenvolvimento tecnológico que não tinha me deparado anteriormente e a grande comunidade estrangeira presente nas universidades faz com que as diferenças sejam complementares", contou.
Para a ex-bolsista e estudante da Universidade de São Paulo (USP), Monique Gasparoto, é importante que os novos participantes do Ciência sem Fronteiras demonstrem uma postura proativa nas universidades estrangeiras. "Mostrem interesse, se coloquem e se apresentem. Foi dessa maneira que iniciei minha pesquisa em biologia sintética, algo que está começando no Brasil. Apresentei-me ao professor-coordenador e graças a esse passo, pude colher muitos frutos". Durante a graduação-sanduíche, Monique foi medalhista de ouro da competição International Genetically Engineered Machine (iGem). Hoje existe um time para participar da competição na USP.
Expectativa
Entre os novos bolsistas prestes a embarcar para o exterior, estava a estudante de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Pará (UFPA), Isabela Trindade. A bolsista parte para a Michigan State University no próximo dia 4, primeiramente para realizar seis meses de curso de inglês. "Será uma grande oportunidade para aprimorar o conhecimento da língua na própria universidade, o que me deixará ainda mais preparada para as aulas que terei em seguida", explica.
Isabela, que ainda está na metade do curso, almeja trazer o conhecimento adquirido no exterior para aplicar no Brasil. "Tenho a intenção de trabalhar na área de engenharia biomédica, algo que ainda está começando no Brasil. A experiência que terei nos laboratórios lá fora, pretendo trazer para o Brasil", prevê a estudante.
Responsabilidade
A responsabilidade e o compromisso dos novos bolsistas com a transformação da realidade brasileira também foram tema do encontro de orientação. O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, definiu o Ciência sem Fronteiras como um "programa transformador de vidas".
"Os bolsistas do CsF constituem um grupo seleto que pelos próprios méritos conseguiram essa oportunidade de realizar um ano da graduação fora do país. É um prêmio, mas também uma grande responsabilidade. Essa oportunidade vem de recursos públicos, de impostos que todos contribuímos e representa um investimento para o aprendizado individual, mas também social. Vocês vão voltar e a o longo da vida profissional, vão aproveitar a rede de contatos criada e o conhecimento adquirido para ajudar o Brasil a se tornar uma sociedade menos desigual e, para isso, precisamos inovar. Vocês são os vetores de transformação do nosso futuro", ressaltou Oliva.
O compromisso com a transformação do ambiente educacional também foi reforçada pelo conselheiro da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, John Mattel. "Essa é uma grande oportunidade aos estudantes brasileiros e com grandes oportunidades, vêm grandes responsabilidades. Uma delas é voltar ao Brasil e criar oportunidades para outros estudantes. A melhor coisa do conhecimento é que ele se torna maior quando compartilhado", afirmou.
Conversa com ex-bolsistas
O presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães, se reuniu ainda com os ex-bolsistas do Ciência sem Fronteiras para uma conversa sobre as impressões e experiências dos estudantes. Foram discutidos assuntos como oportunidades de estágio, o contato com outras culturas, o reconhecimento de créditos e os planos profissionais e acadêmicos após o programa.
Para Gustafsson Vieira, ex-bolsista na University of Califórnia , em Davis, Estados Unidos, a experiência no exterior foi a realização de um sonho, que ainda lhe trará outros frutos. "Ainda pretendo fazer meu doutorado nos EUA, voltar para o Brasil e contribuir com o desenvolvimento do meu país", afirmou. Segundo Gustafson, o poio do consulado aos estudantes também foi decisivo. "O consulado brasileiro foi especialmente atencioso com os nossos pedidos e, com certeza, contribuiu para que nossa estadia fosse ainda mais proveitosa", explicou.
Segundo Guimarães, a experiência dos estudantes deve proporcionar mudanças em suas universidades. "O programa, por si só, já é um avanço, mas ainda é necessária a atuação de vocês na modernização que queremos em nossas universidades", disse. Para o ex-bolsista da Clark University , Guilherme Rosso, essa mudança já pode ser sentida. "Hoje, o que falamos e fazemos tem um impacto maior na opinião de nossos colegas, isso contribui para que outros busquem esse tipo de experiência", ressaltou.
CsF
O
Ciência sem Fronteiras
é um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento - CNPq e Capes.
O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior.
Dados do programa podem ser consultados no Painel de Controle do CsF.
(Pedro Arcanjo)