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Novo protozoário é descoberto por ex-bolsista da CAPES
Mestre em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ex-bolsista de doutorado pleno da CAPES em Ciências Veterinárias pela Murdoch University , na Austrália, Amanda Duarte, foi premiada pela descoberta de uma nova espécie de protozoário, encontrado em um morcego australiano. O acontecimento se deu durante seu trabalho de doutorado, no qual desenvolveu uma nova técnica para diagnosticar doenças parasitárias em animais e humanos. A pesquisa foi feita em parceria com veterinários do Australia Zoo Wildlife Hospital .
Em julho deste ano, a pesquisadora foi agraciada com um prêmio durante a cerimônia mundial do Odile Bain Memorial Prize, nos EUA, que laureia cientistas em início de carreira nas áreas de parasitologia médica e veterinária.
Fale um pouco sobre o seu projeto de pesquisa e seu objetivo.
O objetivo da minha pesquisa é investigar agentes infecciosos, como bactérias e protozoários, transmitidos por vetores em animais e humanos na Austrália. Para isso, tecnologias avançadas de detecção genética e caracterização morfológica são desenvolvidas. Por exemplo, utilizando uma técnica que chamamos de
Next-generation sequencing
, é possível reproduzir milhões de sequências de DNA presentes em uma amostra de sangue e, a partir das mesmas, identificar todos os microrganismos presentes naquele hospedeiro.
Qual foi a sua reação ao saber do prêmio?
Eu estava no Brasil visitando os meus pais. Estávamos juntos, no aeroporto, no momento em que recebi a notificação. Eu dei um grito de surpresa, contei a eles e lhes dei um abraço, agradecendo-lhes por serem meus maiores incentivadores. O meu sentimento foi de profunda felicidade, gratidão e certeza de estar no caminho certo.
O meu desempenho e minhas produções científicas até o momento, como um todo, foram importantes para que eu ganhasse este prêmio. Porém, meus trabalhos de maior destaque estão relacionados à minha tese de doutorado, na qual eu desenvolvi novas técnicas para diagnóstico de doenças parasitárias em animais, vetores e humanos. Além disso, o prêmio parabeniza a descoberta e caracterização de uma nova espécie de Trypanosoma em um flying fox australiano , uma espécie de morcego nativo da Austrália. A nova espécie é geneticamente similar ao parasito causador da Doença de Chagas no Brasil e foi nomeada Trypanosoma teixeirae, em homenagem à pesquisadora brasileira, professora Marta Teixeira, da Universidade de São Paulo (USP).
Quais são os principais pontos da sua pesquisa?
Os principais pontos da minha pesquisa são, o diagnóstico, a caracterização genética de agentes infecciosos transmitidos por vetores, bem como determinar a sua prevalência, hospedeiros, distribuição espacial e potencial patogênico, ou seja, potencial para causar doenças em animais e humanos. Além disso, no momento, estou trabalhando com técnicas de visualização e caracterização de bactérias no interior dos carrapatos para determinar o mecanismo de transmissão e auxiliar na melhoria dos métodos de prevenção e controle de doenças relacionadas.
Qual a importância do seu trabalho para a realidade brasileira? E no âmbito internacional?
O meu trabalho é de grande importância para as realidades brasileira e internacional, uma vez que ele descreve metodologias de pesquisa inovadoras que podem ser usadas em qualquer lugar do mundo. O Brasil é um país que possui alto índice de doenças bacterianas e parasitárias transmitidas por vetores; portanto, o modelo cientifico, as descobertas e as técnicas utilizadas durante meus projetos na Austrália podem ser diretamente transferidas para a pesquisa no Brasil. Algumas dessas técnicas avançadas, por exemplo, ainda não são muito comuns no Brasil. Além disso, eu colaboro com a USP e UFMG, em troca de amostras para estudos de parasitas, sequenciamento e análise de genomas, co-orientação de alunos, treinamentos e transferência de tecnologia.
O que a sua pesquisa traz de diferente daquilo que já é visto na literatura?
Um dos aspectos inovadores da minha pesquisa é o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias para diagnóstico de agentes infecciosos e melhor compreensão dos mecanismos de transmissão desses agentes por seus vetores. Além disso, dados importantes têm sido gerados sobre a ocorrência de diversos novos micro-organismos potencialmente patogênicos para animais e humanos na fauna silvestre Australiana.
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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