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DIA DA MULHER
Mulheres relatam os desafios de ocupar posições de destaque
Ser mãe de crianças pequenas durante a pandemia levou a historiadora Flávia Calé, então presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), a adiar o doutorado. Era preciso cuidar delas e manter as responsabilidades de um cargo de gestão. A pesquisa ficou para depois. A química Ivanise Rizzatti, coordenadora da área de Ensino junto à CAPES, optou por não ter filhos, e foi considerada “egoísta” por alguns colegas.
É nesse ambiente de permanente julgamento e obstáculos, impostos independentemente da decisão tomada, que as mulheres tentam crescer em suas carreiras. “A competência que você já tem é medida de forma quase que cotidiana por diversos grupos”, sintetiza a assistente social e professora Márcia Perales, diretora-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e integrante do Conselho Superior da CAPES.
Esses são desafios que mulheres que ocupam lugares de destaque na ciência e na educação vivenciam. Elas atuam na reconstrução das regras de uma sociedade moldada sob as normas do patriarcado, ou seja, em que os caminhos profissionais são pensados por e para homens. Mesmo com toda a evolução registrada ao longo dos anos, a inserção feminina nos espaços de poder ainda precisa aumentar para ser equivalente à masculina.
O período de restrições imposto pelo novo coronavírus ajudou a escancarar essa situação. “Apenas 11% das mulheres que são mães conseguiram concluir a pós-graduação em contexto de pandemia”, observa Flávia Calé. “Isso significa que 89% ou abandonou a carreira científica, ou, como eu, teve um caminho muito mais longo”, continua a pesquisadora que, com o fim do mandato na ANPG e a possibilidade de ter os filhos na escola, conseguiu retomar os estudos em História Econômica na Universidade de São Paulo (USP).
Os exemplos mostram como a situação é estrutural. Fundada em 1909, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) é tida como uma das primeiras (senão a primeira) instituição de ensino superior do Brasil. São quase 115 anos de história. Em 2009, portanto, no ano em que a Ufam virou centenária, Márcia Perales se tornou a primeira mulher a comandar a instituição. E ela destaca a importância dessa ruptura: “Você tem a oportunidade, naquele espaço, ao assumi-lo, de encaminhar um conjunto de mudanças, de alterações. Do ponto de vista da legislação e do ponto de vista político”.
Ao ter as mulheres presentes nos espaços de poder, outras se sentem capazes de procurar esse destaque. É a tal da representatividade, que se fez presente na vida de Camila Indiani, coordenadora da área de Ciências Biológicas III junto à CAPES. Segundo, a própria pesquisadora, “a presença das mulheres foi muito boa para a minha formação, me inspirou e me trouxe muitos pontos que me ensinaram o que é ser orientadora, professora, pesquisadora”. Por outro lado, Ivanise Rizzatti, enfatiza que o quadriênio atual é o primeiro com um trio feminino à frente da coordenação da área de Ensino. “Estamos avançando”, conta.
Esses são os relatos de mulheres que já conquistaram posições de destaque. Ainda assim, elas vivenciam o “teto de vidro”, ou seja, barreiras invisíveis impostas pela sociedade. Mercedes Bustamante, presidente da CAPES, disse em entrevista ao canal Cientistas Engajadas, no YouTube, que “a igualdade de gênero não é uma questão só da mulher, é boa para toda a sociedade”. Em uma situação ideal, observou a cientista, o mundo não precisaria debater questões relacionadas a gênero e de direitos das mulheres. Até lá, no entanto, há um longo caminho a ser trilhado.
Sobre o Dia Internacional da Mulher
O Dia Internacional da Mulher é celebrado a cada 8 de março e simboliza a luta feminina para ter as condições equiparadas a dos homens. Oficializada em 1970 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data originalmente remetia à reivindicação de equiparação de salários, mas hoje também serve como combate ao machismo e à violência de gênero.
Legenda das imagens:
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Imagem ilustrativa
(Foto: iStock
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Imagem 1: Flávia Calé, ex-presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG)
(Foto: Divulgação
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Imagem 2: Ivanise Rizzatti, coordenadora da área de Ensino junto à CAPES
(Foto: Divulgação
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Imagem 3: Márcia Perales, diretora-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e integrante do Conselho Superior da CAPES
(Foto: Divulgação
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Imagem 4: Camila Indiani, coordenadora da área de Ciências Biológicas III junto à CAPES
(Foto: Divulgação
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A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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