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Mudanças de paradigmas são necessárias para tratar problemas de escassez de água no ambiente urbano
"Toda água é boa, basta encaixá-la no propósito correto." Com esta frase, Kala Vairavamoorthy, da Universidade do Sul da Flórida, encerrou sua exposição do quarto painel do Seminário Internacional A Metropolização Brasileira e os Desafios da gestão Urbana: O Papel da Pós-graduação , com tema "Água e Infraestrutura Urbana". O expositor tratou do assunto falando que é preciso acontecer uma mudança de paradigmas para que o problema com a escassez de água seja solucionado. "É preciso focalizar em áreas urbanas emergentes. Não é preciso esperar que as cidades cresçam para tratar dos problemas, pois o crescimento é muito acelerado. Se for tratado desde o princípio é possível que seja melhor controlado."
O convidado internacional também sugeriu intervenções no ciclo urbano da água, identificação de fontes alternativas, conscientização de futuros líderes a respeito dos benefícios do recurso e incentivar um processo participativo de diversos personagens como arquitetos, responsáveis pelo transporte, engenheiros, financiadores, especialistas em energia, "pois a água não pode fazer coisas isoladamente". Vairavamoorthy complementou a questão de novas lideranças falando que é necessário perspectivas interdisciplinares, sistemas urbanos integrados, pensamento no global e entendimento de que o futuro é incerto.
Exemplo de sucesso
Elisabete França, da Secretaria Municipal de Habitação da Prefeitura de São Paulo, apresentou a experiência com o programa São Paulo Mananciais, que tem como objetivo recuperar as águas dos mananciais do estado. Como resultado, o programa já beneficiou 100 mil famílias com urbanização, redes de água e coleta de esgoto, pavimentação de vias, equipamentos públicos, criação de áreas de lazer e recreação e regularização fundiária de áreas urbanizadas. "Como lição temos que é preciso definir um objetivo claro, fazer uma delimitação precisa do território de intervenção, acontecer a participação dos diferentes atores sociais, realizar ações multissetoriais baseadas na integração institucional e fazer programas complementares de inclusão social e geração de renda."
Também foi abordada a necessidade de os programas respeitarem as preexistências e a cultura local. Elisabete finalizou dizendo que as cidades não são problemas, são soluções, pois é justamente nelas onde as pessoas se encontram e acontecem as oportunidades de debates.
O projeto para análise das diversas tecnologias de tratamento e disposição final de resíduos sólidos urbanos no Brasil, Europa, Japão e Estados Unidos também foi apresentado no painel pelo expositor José Fernando Thomé Jucá, da Universidade Federal de Pernambuco. Após sua apresentação, José Fernando lembrou que, quando um assunto precisa de apoio para ser resolvido, o papel da universidade é mostrar as coisas como são, mas da forma mais simples possível para que as pessoas possam entender o problema.
O painel foi presidido por Estevam Barbosa de Las Casas, da Universidade Federal de Minas Gerais, além de ser coordenador da área de Engenharias I da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e mediado por Adalberto Marcondes, da Agência de Notícias Envolverde. Nos debate promovido após as exposições, foram relatores Leo Heller, da Universidade Federal de Minas Gerais, e Vanderley Moacyr John, da Universidade de São Paulo.
Natália Morato
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