Notícias
Mães-cientistas: o desafio do dia a dia
A CAPES reconhece as exigências e os desafios de conciliar as funções de mãe, profissional e cientista
Como a maternidade, a ciência exige dedicação e entrega e transforma a vida das mulheres. Apesar de crescente, a presença feminina nas pesquisas ainda não está equiparada à dos homens e ser mãe não torna as coisas mais fáceis. “A sociedade exige que sejamos presentes e dedicadas, mas que tenhamos a justa paridade com os homens, em relação ao sucesso profissional”, apontou Zena Martins, diretora de Programas e Bolsas no País da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Com a ascensão da participação feminina e a ocupação de cargos que exigem dedicação, “o desafio, agora, é conciliar seus múltiplos papéis, principalmente a maternidade e a vida profissional, que requerem cuidados especiais e disponibilidade de tempo”, avaliou Zena. Em sua trajetória, quando teve a experiência da maternidade, no final da década de 80, o desafio da mulher era a inserção no mercado de trabalho e o reconhecimento da sua capacidade de contribuir social e economicamente.
O Instituto Serrapilheira divulgou uma pesquisa de 2018, feita pelo grupo Parent in Science – que analisa efeitos da maternidade na produtividade de mães e pais pesquisadores no Brasil – na qual 81% dos entrevistados consideram que ter um filho gera um efeito negativo ou muito negativo na carreira. O estudo ouviu 1.299 professoras, 141 docentes de pós-graduação, 21 pós-doutorandas e 88 pais (maridos e companheiros de cientistas mulheres).
No entanto, para Sarah Oliveira, doutora em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a maternidade, na verdade, pede uma mudança de prioridades. “O desafio de manter a vida e fazer pesquisa pode ser vivido com alegria, se entendermos que nossos filhos não são empecilhos e sim uma belíssima oportunidade de mostrar do que somos capazes”, considerou. Ex-bolsista da CAPES durante mestrado e doutorado, Sarah é mãe de Júlia (15) e Marina (10).
“Se a gente tivesse resposta para tudo, a ciência não teria sentido, e a maternidade talvez não fosse tão transformadora e instigante”, afirmou Janaína Fernandes, doutora em Antropologia Social, pela Universidade de Brasília (UnB), que foi bolsista da CAPES durante seus mestrado e doutorado. Janaína, mãe de Gabriel (9) e Guilherme (8), acredita que o acesso ao conhecimento científico deve ser amplo, especialmente para mulheres que são mães. Ela lembra que é preciso levar em conta as dificuldades de se conciliar a maternidade e a pesquisa.
Apesar dos obstáculos apresentados, a diretora Zena Martins considera que “é possível fazer bem as duas coisas, desde que haja planejamento, organização, boa energia e que o orgulho de ser mãe seja maior que o sentimento de culpa da ausência”.
Licença Maternidade
As bolsistas da CAPES têm direito à prorrogação da vigência de suas bolsas, por até 120 dias, em casos de parto, adoção ou obtenção de guarda judicial. As licenças são inseridas diretamente no sistema de bolsas pelas instituições de ensino superior ou pelos programas de pós-graduação (PPGs). Em 2019, foram concedidas 774 licenças. Até o momento, em 2020 já foram 272, para bolsistas de programas no País e em cooperação internacional.
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura CCS/CAPES