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Livro traz panorama do mestrado no país
A formação de novos mestres cresceu à taxa de 10,7% ao ano no país entre 1996 e 2009, apesar do percentual da população com esse nível de instrução ainda ser de apenas 0,3%. Esses são alguns dos dados do livro Mestres 2012: demografia da base técnico-científica brasileira , publicado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), cujo lançamento aconteceu no edifício-sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) nesta terça-feira, 23.
O livro apresenta um amplo conjunto de estatísticas sobre os programas, a formação e o emprego dos mestres, gerado a partir do cruzamento das bases de dados do Coleta Capes, período 1996-2009 (Capes/MEC) e da RAIS 2009 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O trabalho também explorou a oportunidade de analisar os dados do Censo Demográfico 2010, recém publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O censo trouxe dados separados de mestres e doutores o que permitiu analisar essa pequena parcela da população com riqueza de detalhes, estabelecer comparações com os egressos do sistema de formação no país, além de permitir a comparação dessa parcela com o restante da população.
De acordo com um dos autores do livro, o pesquisador da Universidade de Brasília, Eduardo B. Viotti, trata-se da primeira vez que foi possível saber o número de mestres em relação à população geral no país. "Esse nível de formação fazia parte de uma população tão específica que não era tratada no censo", explica.
Crescimento, emprego e gênero
Entre os dados revelados pelo livro, está o crescimento do mestrado nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Entre 1996 e 2009, a Região Norte teve um aumento de 340,7%, enquanto a região sudeste começa a demonstrar uma estabilidade com um crescimento de 82,5%, abaixo da média nacional que foi de 12,7%. "Esses números mostram um esforço dos programas de pós-graduação, guiados por uma política da Capes em desconcentrar pelo território nacional a formação em nível superior", explica Viotti.
Entre as revelações do Censo 2010 estão informações sobre emprego, faixa etária e nacionalidade. A análise sobre empregabilidade traz, por exemplo, o dado de que o nível de desemprego entre doutores é de 1%. Seria, portanto, o que economistas chamam de "desemprego friccional", quando se trata apenas da passagem entre um emprego e outro. "Os dados mostram de maneira clara que praticamente todos os doutores brasileiros estão empregados e desfaz o mito de que há uma sobra de doutores no mercado", ressalta o pesquisador.
O recorte de gênero e raça entre os mestres brasileiros também é tema da publicação. Hoje a proporção de mulheres com essa titulação é 7% maior que a de homens. No doutorado as mulheres também já são maioria. "Apesar disso, mulheres ainda são minoria significativa na grande área de engenharias e a diferença salarial entre homens e mulheres com mesmo nível de formação merece uma análise profunda", afirma o autor.
As pessoas que se declaram com sendo de raça branca no Censo 2010, quase metade da população (47,51%), aumentam progressivamente sua participação na medida em que o nível de instrução se eleva. Nos dois níveis correspondentes àqueles que concluíram cursos de pós-graduação stricto sensu, sua participação é de cerca de 80%.
A publicação dá sequência ao trabalho iniciado com o livro Doutores 2010: Estudos da demografia da base técnico-científica brasileira , lançado em 2010 durante a 4ª Conferência Nacional em Ciência Tecnologia e Inovação.
O livro Mestres 2012: demografia da base técnico-científica brasileira pode ser acessado na íntegra no site do CGEE.
(Pedro Matos)