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Presidente da Capes ressalta interlocução entre a fundação e os pró-reitores durante Enprop
Na noite desta quarta-feira, 11, foi realizada a solenidade de abertura do XXIX Encontro Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Enprop), no campus de Curitiba da PUC Paraná. Presente à mesa, o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães, ressaltou a importância do evento, que ao longo dos anos vem trabalhando com forte interlocução com a Capes. "Graças a esta parceria, criamos, por exemplo, o Proap [Programa de Apoio à Pós-Graduação, vinculado ao Demanda Social] e seus subsequentes, como o Prosup [Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares]", disse o presidente.
Guimarães lembrou o fato de o fórum ter sido criado há 30 anos por iniciativa de três professores, então pró-reitores, Ana Lúcia Gazzola, Reinaldo Guimarães e Abílio Baeta Neves, que deram, segundo ele, a tônica a este evento. "O encontro contribuiu muito para fazer uma associação entre a Capes e o funcionamento da pós-graduação, por meio da participação dos pró-reitores em muitas ações nossas, que foram desenhadas em conjunto nos vários eventos regionais e nacionais."
Já o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), José Fernandes de Lima, disse que os presentes no encontro fazem parte do empreendimento que ele considera o mais importante para o desenvolvimento do país, que é o Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG). "Esse sistema cresce e expande suas fronteiras em todas as direções. Ontem [dia 10] vimos não só o crescimento das notas [Avaliação Trienal], mas o crescimento da pós-graduação em locais que antes estavam fora do sistema", ressaltou.
Participaram da mesa de abertura, o reitor e o pró-reitor de pós-graduação da PUC-PR, Clemente Ivo Juliatto e Waldemiro Gremski; o vice-presidente do Foprop, Mauro Ravagnani, entre outras autoridades.
Educação Básica
As conferências de abertura abordaram o tema Educação Básica e Internacionalização: Desafios para a pesquisa e a pós-graduação. José Fernandes de Lima disse que se os números da educação básica não melhorarem a pós-graduação fica também comprometida. "Não existe receita mágica para a educação básica. Todos os pró-reitores sabem o que precisam fazer para o curso de pós crescer. Tudo está bem definido. Podem até não conseguir fazer, mas sabem. Já na educação básica, tudo é muito disperso. Precisamos definir um padrão mínimo de qualidade das escolas, criarmos tradição de avaliação dessas escolas, mas não podemos medir com a mesma régua uma escola distante, com dificuldades locais e de infraestrutura com outra que filhos de famílias com melhores condições financeiras freqüentam, por exemplo."
O presidente do CNE disse que é importante refletir sobre qual é a educação que queremos e mudar a visão atual e relacionou questões essenciais. "Para quem queremos a educação básica? Para quê? Como fazer? A primeira pergunta reúne grande parte dos problemas, pois temos que migrar da educação excludente para a educação para todos. Temos muito a caminhar, mas caminharemos mais rápido com a inteligência do Sistema Nacional de Pós-Graduação", concluiu.
Já o presidente da Capes, Jorge Guimarães, disse que por décadas a pouca escolaridade da população passou despercebida, mas que agora não passa mais, pois o assunto está em evidência na sociedade e nas políticas públicas. "A busca pela formação qualificadora é uma demanda crescente. Temos que sair do modelo livresco do século XIX. Hoje, a base é pense, experimente, exercite. Desta forma, cabe aos gestores trabalharem com o tripé: massificação, qualidade e custos. Isso vale para todas as instituições, públicas, privadas, sem fins lucrativos."
Internacionalização
Guimarães enfatizou em sua palestra o processo de internacionalização em curso nas instituições de ensino superior. "Internacionalização não se trata apenas de enviar professores, pesquisadores e alunos para o exterior, temos que atrair os estrangeiros para nossas universidades. Por isso, toda a comunidade universitária deve ter ação formadora e aproveitar as oportunidades nacionais e internacionais. O Ciência sem Fronteiras é um exemplo disso".
Como frutos do programa Ciência sem Fronteiras, o presidente da Capes citou mobilizações de ex-bolsistas que já estão questionando as coordenações de seus cursos a extensa carga horária de horas/aula; experiências em empresas internacionais; criação de espírito de liderança, entre outros. "Temos que sair do modelo ortodoxo, informativo, de 35 a 40 horas semanais de aulas, eliminar procedimentos autoritários para, enfim, eliminarmos a tão enraizada autoridade educacional", afirmou Jorge Guimarães.
Outros temas foram abordados pelo presidente da Capes, como desafios para a pós-graduação no que diz respeito à educação básica: interdisciplinaridade, que é a área que mais cresce na Capes; educação a distância, que tem feito com que as instituições se qualifiquem para ofertar esta modalidade. Como exemplo citou a Universidade Aberta do Brasil (UAB), que conta atualmente com 350 mil alunos matriculados, 103 IES, 636 polos e 50 mil titulados. Além dos mestrados profissionais em rede nacional voltado a professores de física, letras e matemática.
Interdisciplinaridade
Na manhã desta quinta-feira, 12, a mesa-redonda sobre interdisciplinaridade contou com a palestra do pró-reitor adjunto de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo (USP), Arlindo Phillippi Jr; do coordenador da Área Interdisciplinar da Capes, Pedro Geraldo Pascutti; e da coordenadora da Área de Ciências Ambientais da Capes, Maria do Carmo Martins Sobral.
Arlindo Phillippi Jr, reforçou três esferas de atuação essenciais às universidades: internacionalização; interinstitucionalização; e internacionalização. "Temos que mudar alguns paradigmas da educação, muitas universidades estão fechadas em si mesmas, precisamos aumentar o diálogo com os meios empresariais, com a própria sociedade e seus temas relevantes."
Já Pascutti, ressaltou que existe um aculturamento disciplinar forte nas instituições que é preciso ser trabalhado para que, de fato, a interdisciplinaridade aconteça. "Muitas propostas interdisciplinares não estão funcionando na prática. Há, ainda, muita individualidade."
O coordenador relacionou alguns desafios para as instituições de ensino no que diz respeito à interdisciplinaridade: a localização dos programas de pós-graduação da área; concursos; o que fazer com o doutor interdisciplinar; alocação de vagas; relação com o sistema departamental; e diálogo entre áreas distintas.
Maria do Carmo Sobral falou sobre a necessidade de trabalhar profissionais da área interdisciplinar que estão nas IES, nas organizações não governamentais e nas indústrias. "Aqui a interinstitucionalidade é essencial, além das outras três 'inter' citadas pelo professor Arlindo", concluiu.
Enprop
O Enprop é um evento que tem como objetivo propiciar ambientes de debate e elaboração de propostas com vistas ao desenvolvimento da pesquisa e da pós-graduação nas instituições acadêmicas e de pesquisa no Brasil. Este evento ocorre anualmente em qualquer estado da federação e conta com a participação de gestores das instituições que se dedicam regularmente à pesquisa e à pós-graduação, dirigentes das agências de fomento, pesquisadores renomados e convidados.
A Capes participa do evento, além de mesas-redondas e palestras, está com uma sala de atendimento com técnicos das diversas diretorias. O evento segue até esta sexta-feira, 13.
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