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COMBATE A EPIDEMIAS
Interdisciplinaridade e inovação são armas na luta contra a COVID-19
Projeto apresentado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro remodela equipamentos de saúde e cria novas ferramentas para combater a doença
Multidisciplinaridade. Esta é a fórmula usada pela ciência contemporânea para vencer desafios e trazer soluções à sociedade assolada pela COVID-19. Foi partindo desse princípio que a coordenação do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desenvolveu seus projetos, concorreu e recebeu as bolsas oferecidas pelo Programa de Combate a Epidemias da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Composta por mais de 80 pesquisadores, a equipe que trabalha no desenvolvimento de tecnologias digitais para monitoramento, mapeamento e controle de surtos, endemias, epidemias e pandemias é liderada por Guilherme Travassos, professor de Engenharia de Software e coordenador do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da COPPE/UFRJ. Os três principais produtos criados e aperfeiçoados pelo grupo são o covidímetro, o laringoscópio e o oxímetro. “A ideia era juntar as forças e competências da nossa universidade para se compor uma série de ações e resultados relacionados à COVID-19 envolvendo diferentes aspectos”, explica.
Desde o início da pandemia, a intenção dos pesquisadores foi tentar responder as perguntas mais urgentes da população. Dessa forma, surgiu a ideia de, usando o modelo internacional de cálculo de dispersão criar uma espécie de mensurador para a doença. Assim, foi criado o covidímetro. Luís Filipe Kopp, doutorando em computação e bolsista da CAPES, é quem conta: “como era um valor absoluto, achamos que a visão na forma de um velocímetro seria mais didática para a população”. A expectativa é de que os dados apresentadas sejam úteis para salvar vidas e reduzir as informações falsas que estão circulando sobre a COVID-19.
Em outra ponta do Projeto está Patrícia Furtado, enfermeira e mestranda em Gestão e Tecnologia em Saúde, que foi remanejada do complexo hospitalar da UFRJ para acompanhar os trabalhos de combate à COVID-19 na Coppe. Sua atuação levou ao remodelamento do laringoscópio, aparelho usado para intubar pacientes com dificuldades respiratórias. Uma câmera foi atrelada à ferramenta para melhorar a percepção do médico e seu custo foi sensivelmente reduzido. “A impressão 3D dentro do próprio campus da UFRJ ampliou a possibilidade de acesso ao produto. De certa forma, a pandemia aproximou áreas que eram muito distantes. Otimizamos todo esse conjunto de inovação que podemos gerar para a saúde”, afirma.
Ainda nessa linha de atuação, foi criado o oxímetro portátil. O aparelho que mede os níveis de oxigênio no sangue já existe, mas terá um custo econômico e nova tecnologia. Assim, poderá ser usado em pacientes fora do hospital, mantendo o acompanhamento médico. A base tecnológica do projeto é a da Internet das Coisas: sistemas que usam a rede para acompanhar o funcionamento de dispositivos instalados em locais distantes. Patrícia Furtado esclarece: “Essa é a tecnologia disruptiva, de inovação, que pode ser útil quando bem aplicada e direcionada aos problemas reais. Essa tecnologia voltada à realidade se concretiza quando se envolve num projeto diferentes áreas do conhecimento”.
O diálogo entre as áreas da ciência se mostra fundamental para o crescimento da inovação. O entendimento atual é de que a pesquisa deva ser translacional: o que está na bancada do laboratório vai para a prática e vice-versa. Francisco Duarte, professor do Programa de Engenharia de Produção da Coppe/UFRJ, diz que a ideia é criar um movimento produtivo que favoreça a saúde e apoie a retomada das atividades e enfatiza: “A COVID- fez com que saíssemos dos nossos departamentos e procurássemos uma interação não apenas com outras áreas, mas também com as empresas, em um processo de cooperação forte para a construção de soluções que atendam verdadeiramente às nossas demandas”.
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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