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PRÊMIO CAPES DE TESE
Genética pode ajudar a entender surtos da tuberculose bovina, sugere estudo
Na pesquisa Adaptação de Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis a hospedeiros: uma análise genômica e transcricional, realizada durante seu doutorado na Universidade de São Paulo (USP), a cientista Cristina Kraemer Zimpel analisou mais de dois mil genomas e caracterizou a tuberculose bovina em 23 países. O trabalho evidencia que a adaptação da bactéria está relacionada à distribuição geográfica, e não ao animal hospedeiro acometido pela doença.
Outros resultados importantes incluem a avaliação da maneira pela qual as micobactérias como a da tuberculose atuam em diferentes ambientes – por exemplo, durante uma infecção em modelo celular – e da forma com que os genes podem ter ajudado as bactérias na adaptação aos hospedeiros. As micobactérias são um grupo de microrganismos que apresentam forma bacilar e outras características específicas.
Desenvolver a pesquisa trouxe muitos desafios. “Tive de aprender bioinformática, e isso foi bastante difícil no início. Com ajuda de professores e outros pós-graduandos bioinformatas na USP, consegui estabelecer minha pesquisa com sucesso”, conta Cristina.
Além de dominar informática, foi necessário lidar com as bactérias, uma atividade considerada de alto risco, e isso exigiu operar no ambiente controlado, de nível de biossegurança 3 (NB3). “Para se trabalhar em NB3, é necessário treinamento apropriado e rigorosas técnicas operacionais. Ainda mais, porque micobactérias possuem crescimento lento, exigindo muito preparo e cuidado com as técnicas. Felizmente tive essa experiência no Departamento de Microbiologia da USP”, lembra a vencedora.Capaz de afetar uma ampla gama de mamíferos, a tuberculose é conhecida há milhares de anos. Em comparação com outras doenças graves, ela é considerada a maior causa de morte dos últimos 200 anos.
Sobre a vencedora
Nascida em Giruá, Rio Grande do Sul, Cristina Kraemer Zimpel graduou-se em medicina veterinária em 2012, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e fez residência na Universidade Federal do Paraná (UFPR), de 2013 a 2015.
Sua trajetória prosseguiu na Universidade de São Paulo (USP), onde cursou mestrado (2017) e o doutorado (2022) que lhe rendeu o Prêmio CAPES de Tese. Atualmente, cumpre estágio pós-doutoral na Michigan State Univeristy (EUA) e trabalha com genômica e metabolismo de Staphylococcus aureus no laboratório do professor Neal Hammer.
Prêmio CAPES de Tese
Considerado o Oscar da ciência brasileira, o Prêmio CAPES de Tese recebeu este ano a inscrição de 1.469 trabalhos, o maior número em 18 edições já realizadas. São reconhecidos os melhores trabalhos de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros. Dentre os 49 premiados, três irão receber o Grande Prêmio CAPES de Tese, um de Humanidades, outro de Ciências da Vida e um de Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar. A solenidade de entrega ocorre em dezembro.
Legenda de Imagens:
Banner e Imagem 1: Cristina Kraemer Zimpel, USP, vencedora do Prêmio CAPES de TEse 2023 na área de Medicina Veterinária (Arquivo Pessoal)
Imagem 2: Cristina Kraemer Zimpel, USP, Laboratório de pesquisa. (Arquivo Pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC). (Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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