Fungos do Cerrado podem ser úteis para controle biológico

Imagem: Micro-organismos de interiores de plantas (Arquivo pessoal)

Graduado em Biomedicina pela Universidade de São Paulo (UNIP), Jefferson Brendon é mestre em Biologia Microbiana pela Universidade de Brasília (UnB), onde também faz atualmente o doutorado. Bolsista da CAPES, ele estuda o comportamento de fungos endofíticos (que vivem no interior das plantas) do Cerrado e o uso desses microrganismos em atividades humanas, como tratamento de doenças, controle biológico e aplicações na indústria farmacêutica e alimentícia.

Como se iniciou essa pesquisa sobre fungos do Cerrado?
No mestrado, trabalhei com ecologia de fungos endofíticos, que vivem no interior de vegetais, avaliando o efeito da identidade taxonômica da planta hospedeira e o efeito da adição de nutrientes ao solo no micobioma de espécies do Cerrado. Esses fungos são microrganismos que, durante parte ou todo o seu ciclo de vida, colonizam o interior do tecido vegetal sem causar sintomas de doença. Eles auxiliam seus hospedeiros em uma série de processos fisiológicos, biológicos e ecológicos.

Imagem: Pesquisador Jefferson Brendon (Arquivo pessoal)

Quais os resultados você obteve dessa análise?  
Os resultados demonstraram que as espécies vegetais do Cerrado abrigam uma grande diversidade de fungos endofíticos, muitos dos quais são espécies novas. Esses microrganismos, por sua vez, constituem um recurso genético e biotecnológico precioso para o nosso País, pois são uma fonte prolífica de metabólitos com atividade biológica e podem ser utilizados em diversas atividades humanas, que incluem tratamento de doenças, controle biológico, aplicações na indústria farmacêutica e alimentícia.

E do ponto de vista ambiental, há alguma conclusão também?  
O trabalho identificou uma relevante sensibilidade do micobioma endofítico e reforçou, diante do cenário das mudanças ambientais, a necessidade urgente de políticas de preservação e conservação do Cerrado.

No doutorado, esse trabalho continua?
Sim! Estou trabalhando com genômica e metabolômica de algumas novas espécies de fungos endofíticos que isolei durante meu mestrado. Como resultado preliminar, além da descrição de novas espécies, observo que estes microrganismos são extremamente complexos a nível genômico e altamente diversificados na produção de metabólitos secundários, que pertencem a inúmeras classes químicas. Algumas das moléculas anotadas são conhecidas por possuírem atividade inseticida e antimicrobiana, o que reforça a utilização desses microrganismos para obtenção de compostos bioativos. Percebo também que grande parte dos metabólitos produzidos por esses organismos apresentam potencial para serem novas moléculas, com estruturas inéditas e desconhecidas.

Imagem: Jefferson foi bolsista da CAPES(Arquivo pessoal)

Qual a expectativa em relação a esse estudo?
Espero que a pesquisa reforce a necessidade de estudar a diversidade dos fungos endofíticos associada a espécies do Cerrado para melhor compreender a sua ecologia e evolução, e também para explorar o seu enorme potencial biotecnológico. Pretendo também reforçar a necessidade de preservação e conservação do Cerrado, uma vez que as espécies vegetais deste bioma abrigam uma grande diversidade de microrganismos, muitos dos quais ainda são desconhecidos.

Qual a importância da bolsa da CAPES para a sua carreira acadêmica?
As bolsas de estudos, como as de mestrado e doutorado da CAPES, são de grande importância para a democratização do ensino, a integração, o desenvolvimento, a formação e a permanência dos jovens na academia ou em outras áreas da educação. As bolsas constroem pontes ao permitir e possibilitar a democratização da educação e colmatam abismos sociais ao garantir a entrada e a permanência dos jovens na educação. Vejo as bolsas não apenas como um benefício, mas como um vetor de transformação de vidas por meio do incentivo e da educação. Foi graças à minha bolsa CAPES que permaneci no mestrado e é com a minha bolsa que permaneço no doutorado, dedicando-me às minhas atividades de pesquisa – que é uma das minhas grandes paixões.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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