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SAÚDE PÚBLICA
Fungo é usado no combate ao mosquito Aedes aegypti
No laboratório do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG), uma equipe de pesquisadores, com a participação de bolsistas da CAPES, desenvolve técnica inovadora para combater o mosquito Aedes aegypti . Os cientistas estudam o potencial do fungo Metarhizium humberi para controlar o transmissor dos vírus da dengue, zika e chikungunya: ele pode matar os insetos adultos e também larvas e ovos.
Encontrados no meio ambiente, esses fungos, denominados entomopatogênicos, provocam doenças em insetos sem afetar a saúde humana e são usados no controle biológico de pragas. “Pretendemos, sobretudo, fazer com que esse fungo passe de um mosquito a outro, reduzindo, assim, a capacidade de transmissão dos vírus por parte das fêmeas de Aedes aegypti ”, explica Wolf Christian Luz, professor e orientador no Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública e coordenador da pesquisa.
Nesta técnica, os adultos de Aedes aegypti são atraídos para um dispositivo colocado em áreas com alta infestação. O inseto entra contato com uma formulação específica desse fungo, é contaminado e pode sair e voltar ao ambiente. Antes de morrer, o mosquito espalha o fungo para outros locais e infecta outros da sua espécie. O Metarhizium humberi é uma espécie nova, descrita em 2019, e foi isolado pela primeira vez em 2001 pelo grupo liderado por Wolf a partir de amostras de solo coletadas no Cerrado.
Dois bolsistas da CAPES que participam do projeto. Juscelino Rodrigues, farmacêutico e bolsista de pós-doutorado, estuda metodologias para detectar o fungo nos insetos adultos. Isso permite monitorar o efeito de intervenções e estudar caminhos de dispersão do fungo. “No momento, estamos padronizando alguns métodos em condições de laboratório e semi-campo. A gente infecta o mosquito e depois o recolhe, morto e vivo, e tenta detectar a presença do fungo no inseto”, explica. Já Juan Martinez, biólogo e bolsista de doutorado, analisa questões de persistência de formulações fúngicas e o efeito dessas formulações em Aedes aegypti . “Avalio, semanalmente, a viabilidade in vitro e o efeito do fungo formulado sobre mosquitos adultos”, conta.
Controle integrado
Os pesquisadores argumentam que a utilização de
Metarhizium humberi
tem como objetivo se integrar a outras formas de combate ao mosquito. “A gente sabe que não consegue controlar um vetor com uma ferramenta só. No caso do combate desse vetor, existem métodos químicos, físicos e estamos tentando implementar esse método biológico”, destaca Juscelino Rodrigues.
Na avaliação do professor Luz, os resultados são promissores: “Com esse dispositivo não vamos erradicar o Aedes aegypti , não vamos resolver totalmente o problema da transmissão, mas contribuir para o controle integrado com redução das fêmeas do mosquito transmissoras desse vírus”.
Os fungos têm grande potencial não só para combater mosquitos, mas outros vetores de doenças, como barbeiros transmissores de Trypanosoma cruzi , que causa a doença de Chagas, ressalta o professor, que já catalogou cerca de 400 espécies de fungos do cerrado. “Procuramos esses fungos em solos, habitats de mosquitos, e nos próprios vetores, e depois os isolamos e cultivamos os patógenos.
Além das bolsas da CAPES, os estudos foram apoiados financeiramente pelo Programa de Prevenção Combate ao Vírus Zika, uma chamada em parceria, de 2016, entre a Fundação, o CNPq e o Ministério da Saúde.
Legenda das imagens:
Imagem 1:
Fungo provoca doenças em insetos sem afetar a saúde humana
(Foto: Alexandre Lage - CCS/CAPES)
Imagem 2:
Juscelino Rodrigues é farmacêutico e bolsista de pós-doutorado da CAPES
(Foto: Alexandre Lage - CCS/CAPES)
Imagem 3:
Juan Martinez e biólogo e bolsista de doutorado da CAPES
(Foto: Alexandre Lage - CCS/CAPES)
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(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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