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Fruto do Chichá como um potencial alimento funcional
Nutricionista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sarah Prates é mestre e doutoranda em Ciências de Alimentos pela mesma Instituição. A pesquisadora estudou no mestrado a caracterização química, a atividade antioxidante e a avaliação da bioacessibilidade de componentes bioativos da
Sterculia striata
, popularmente conhecida como chichá.
Fale sobre o seu trabalho.
A pesquisa faz parte de um projeto maior, que estuda plantas úteis e medicinais, nativas da região do Rio Pandeiros, no norte de Minas Gerais. Queremos trazer informações que contribuam para a preservação e conservação dessas plantas nativas e para o desenvolvimento socioeconômico da região. Minha dissertação de mestrado consistiu na pesquisa do potencial bioativo da amêndoa do chichá. Compostos bioativos são definidos como componentes não-nutritivos presentes nos alimentos e podem ter efeito benéfico quando ingeridos. A maioria desses compostos bioativos ocorre em alimentos de origem vegetal.
Como se deu o interesse em trabalhar com o assunto?
Eu tenho um encanto por plantas e quando vi que a UFMG tinha uma linha de pesquisa voltada para o potencial de alimentos provenientes de espécies vegetais nativas fui atrás.
Qual o objetivo da sua pesquisa?
Nosso grupo de estudo dedica-se à pesquisa de informações tradicionais, pelo regaste de dados históricos e científicos, com o propósito de preservação, promoção e valorização dessas espécies. O objetivo da minha pesquisa foi avaliar o potencial das amêndoas do chichá como alimento funcional, considerando que ainda é um alimento pouco conhecido, principalmente em relação à sua composição. Avaliamos o perfil de alguns compostos, quantificamos sua capacidade antioxidante e, por fim, determinamos a sua bioacessibilidade, que corresponde à parcela do que, de fato, fica disponível para absorção no organismo após o consumo do alimento.
O que são alimentos funcionais?
De acordo com o International Food Information Council (IFIC), são considerados funcionais os alimentos ou componentes dietéticos que podem proporcionar um benefício para a saúde, além da nutrição básica.
O que o estudo mostrou?
Os resultados deste estudo sinalizam que a amêndoa do chichá pode ser considerada um potencial alimento funcional, mas novos estudos devem ser realizados para avaliar os efeitos de seu consumo, como seu impacto nutricional e seus efeitos na composição lipídica, uma vez que é um alimento rico em óleo, como qualquer castanha.
Qual a importância do seu trabalho para a realidade brasileira?
O nosso país abriga cerca de 20% de toda a biodiversidade mundial, com mais de 45 mil espécies de plantas diferentes que carregam um enorme potencial alimentício e medicinal. Infelizmente, essa vegetação nativa sofre críticos riscos de degradação, como é o caso chichá, que está ameaçada de extinção. Trazer informações úteis a respeito dessas plantas é uma forma de conservá-las e preservá-las.
O que ele traz de diferente daquilo que já é visto na literatura?
O principal ponto que este trabalho traz de inédito são os resultados de bioacessibilidade. Nosso corpo não absorve 100% de tudo o que comemos e, avaliar a parcela do que, de fato, é absorvido é super importante quando pensamos em nutrição.
Qual a importância do apoio da CAPES?
O apoio da CAPES é de fundamental importância para que tudo aconteça. Eu fui bolsista em regime de dedicação exclusiva por todo o período do mestrado e, sem a bolsa, este trabalho não seria possível.
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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