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Fórum debate as perspectivas sociais da avaliação
Na última sexta-feira, 13, o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães, participou da mesa "Avaliação na Perspectiva do Controle Social", dentro da programação do Fórum Nacional de Educação Superior , realizado no Conselho Nacional de Educação (CNE), em Brasília. A mesa se dedicou aos desafios do trabalho avaliativo da educação frente ao avanço das ultimas décadas. "Nossa avaliação é dura porque estamos numa dura competição internacional", assim definiu o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães.
O conselheiro da Câmara de Educação Superior do CNE, Joaquim José Soares Neto, ressaltou a dimensão do atual sistema educacional brasileiro, que conta com 50 milhões de alunos na educação básica e mais de 30 mil cursos de graduação, apenas para citar dois exemplos. "Um sistema dessa magnitude tem que ser avaliado, regulado, normatizado e isso é tarefa do Estado brasileiro. Hoje temos um país está mais estruturado, sistemas de dados mais consolidados e devemos usar as ferramentas avaliativas para melhorar o sistema e delinear políticas públicas. Sempre prestando contas para a sociedade", afirmou.
Avaliação da Capes
Nessa perspectiva, Jorge Guimarães destacou a Avaliação da Capes, que em 2016 completa 40 anos de existência. "Investimento em ciência é importante pela necessidade de se conhecer e se desenvolver. A avaliação permite um panorama de onde estamos, para onde vamos e com quem estamos competindo", disse.
Para o presidente, a singularidade em aliar avaliação com fomento explica em parte o sucesso da avaliação realizada pela agência. "A Capes tem uma avaliação que não é individual, é coletiva, de professores, orientadores, alunos – a principal parte de um curso – e mesmo docentes visitantes. Não adianta ter um bom pesquisador num curso, com muita produção, interação, se os demais não fazem isso. O curso será castigado por não promover o mesmo para todos", explicou.
Guimarães aproveitou para defender o sistema de avaliação e a pós-graduação brasileira. "Se cada pesquisador publicar pelo menos um artigo em um ano inteiro, atingiremos a meta do PNPG [Plano Nacional de Pós-Graduação] de estar entre os dez países líderes da produção cientifica mundial."
Os avanços, ainda assim, são significativos, acredita o presidente. "Na época de criação da Capes, existiam apenas cinco universidades no país. A primeira universidade brasileira veio 300 anos depois de Harvard. Sabemos que temos muito a avançar, mas isso tudo está acontecendo nos últimos 60 anos". Jorge Guimarães destacou áreas científicas que o Brasil é líder mundial, como automação bancária e ciências agronômicas, e como elas são fruto da pós-graduação.
A Avaliação da Capes também foi citada como um bom exemplo pela presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader. "Acredito que a Capes possui o melhor sistema de avaliação vigente, com importantes indicadores de qualidade e que, conectada a financiamentos, levaram ao significativo crescimento da pós-graduação. Destaco o fato da análise ser realizada por pares, agentes da comunidade científica e que conhecem melhor que ninguém as dinâmicas e particularidades universitárias."
Para Nader, o momento é de aprimorar e criar novos indicadores além de incentivar uma cultura de avaliação interna como parte da rotina das universidades, para autoconhecimento e consequente tomada de decisão.
Outras avaliações
A reitora do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Maria Clara Kaschny Schneider, apresentou o trabalho da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (
Conaes
), órgão colegiado de coordenação e supervisão do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes).
Schneider destacou a importância do processo auto-avaliativo e a defesa da visão de educação como bem público e social, com a avaliação a serviço de princípios democráticos. "Nós queremos um sistema de avaliação que atenda os anseios da sociedade. Quanto mais próximos da sociedade estivermos, melhor atingiremos esse objetivo. Queremos que as instituições se sintam menos avaliadas no sentido puro, de mera cobrança, mas sim como parte de um processo maior de melhoria e aprimoramento da educação brasileira", ressaltou.
A jornalista da Folha de S. Paulo, Sabine Righetti, apresentou o Ranking Universitário Folha ( RUF ), uma avaliação anual do ensino superior do Brasil feita pela publicação desde 2012. Os dados que compõem os indicadores de avaliação do RUF são coletados por uma equipe da Folha em bases de patentes brasileiras, em bases de periódicos científicos, em bases do MEC e em pesquisas nacionais de opinião feitas pelo Datafolha.
Homenagem
A mesa de sexta-feira também foi marcada por uma homenagem ao presidente da Capes. O conselheiro do CNE, Luiz Roberto Liza Curi, destacou a atuação ininterrupta de Jorge Guimarães como cientista mesmo à frente da presidência da Capes. "Quem passeia pela Plataforma Lattes tem a surpresa e alegria de ver o presidente da Capes como grande e ativo cientista de nível internacional. Sabemos de suas contribuições e envolvimento com o desenvolvimento da pós-graduação e é impressionante como Jorge consegue dedicar-se também ao trabalho acadêmico tradicional, com uma imensa produção científica em publicações respeitadas internacionalmente."
Declarando-se honrado, Jorge Guimarães agradeceu as palavras dos presentes. "Uma vida dedicada ao trabalho que realizamos pela ciência e educação. Não temos essa dedicação para receber esse tipo de homenagem, é porque está no nosso DNA mesmo", concluiu.
Fórum
O Fórum da Educação Superior teve foco na atuação da universidade pública na produção do conhecimento, da formação e da pesquisa no atual estágio de desenvolvimento e desafios de crescimento econômico. Foram abordadas questões de gestão e governança das universidades, o processo de autoavaliação, a atualidade e amplitude dos currículos e as áreas de pesquisa.
O objetivo do encontro é identificar limites e estabelecer as transformações necessárias para ampliar a participação da universidade pública nas vocações econômicas de cada região, além de identificar politicas e ações que estimulem a inovação tecnológica nas empresas, no fortalecimento de políticas sociais e na ampliação do espaço público destinado à cultura e ao conhecimento como fatores básicos de inserção social e na cidadania.
O evento contou com a presença de pesquisadores, empresários e especialistas em políticas públicas, além dos conselheiros do CNE, dirigentes públicos e especialistas.
( Pedro Arcanjo )