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Ex-bolsista monta projeto de ensino de alemão em universidade
Ao retornar para o Brasil após a temporada de estudos na Alemanha, o ex-bolsista do Programa Ciência sem Fronteiras (CsF), Ednilson Barros Barroso, resolveu começar um projeto para o ensino da língua alemã na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e assim ajudar os colegas que também pretendem participar de uma experiência internacional.
"No Maranhão, não há instituições que ofereçam cursos de alemão, a própria UFMA não oferece cursos de alemão para os estudantes, apenas inglês, espanhol e francês. É grande a carência e as oportunidades são, por isso, limitadas", explica o estudante de Licenciatura em Ciências Naturais. O projeto teve o apoio da direção do Campus e da Reitoria da UFMA, e Ednilson recebe uma bolsa para oferecer o curso em 8 horas semanais, dividido em dois grupos de estudo.
Durante a própria seleção para o CsF, o estudante já percebeu como um auxílio no idioma poderia reforçar a capacidade de internacionalizar a instituição. "Lembro-me que no mesmo período que eu me candidatei à uma vaga do Ciência sem Fronteira, outros três estudantes da minha turma candidataram-se às vagas, porém não obtiveram êxito, pois eles não tinham como comprovar proficiência do referido idioma. Daí surgiu a proposta de oferecer um curso de alemão de forma lúdica, para que estudantes e professores do Campus VII da UFMA pudesse ter chances como eu tive", conta.
Segundo o ex-bolsista, o curso está sendo muito bem recebido pelos colegas estudantes e também pela comunidade acadêmica. O projeto foi apresentado em forma de pôster na 67ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e recebeu elogios dos visitantes e da comissão avaliadora.
Trajetória
Natural do município de Timbiras, com uma população de pouco mais de 28 mil habitantes, Ednilson teve a oportunidade de realizar em 2010 um intercâmbio de um mês na Alemanha a partir do trabalho realizado por uma associação comunitária. "Foram 30 dias de grandes experiências. O intercâmbio mudou a minha vida, pois a partir dele, eu passei a acreditar que tudo era possível, daí a ideia de retornar à Alemanha por um tempo maior, com o intuito de adquirir experiências acadêmicas, culturais, sociais e políticas. Inicialmente foi muito complicado, pois na minha cidade não há instituições que oferecem cursos de alemão, mas isso não foi o maior obstáculo, pois a família que me hospedou na Alemanha, me presenteou com livros de alemão para que eu pudesse aprender o idioma, então foram dias de lutas e de muita perseverança."
O estudo de alemão foi realizado basicamente por conta própria. "Inacreditavelmente eu tenho o orgulho de dizer que consegui dar os primeiros passos, continuei estudando sozinho, por meio dos livros, de vídeos do youtube, e também recursos didáticos da internet. E com a ajuda financeira da família alemã, eu consegui me deslocar para Belém-PA, para realizar o teste OnDaf, conseguindo obter o nível A2", conta o Ednilson.
De acordo com o estudante, a seleção para o Ciência sem Fronteiras aconteceu sem maiores percalços. O Programa ainda deu a oportunidade de realizar dois cursos de alemão para que Ednilson chegasse mais preparado para sua experiência no exterior. "Felizmente eu não tive nenhum problema quanto à seleção do programa, consegui participar de todas as etapas. Na época eu tinha obtido o nível mínimo exigido pelo programa (A2), ganhando assim uma complementação de estudos, um curso online antes da minha viagem e um curso presencial ao chegar à Alemanha."
Ednilson foi para a Universidade de Münster (Westfäliche-Willhelms Universität Münster) em Münster. "Ao chegar no país, fui bem recebido por meus amigos da cidade de Münster. Todos estavam felizes e orgulhosos por eu ter batalhado e conseguido voltar à cidade e por um tempo mais longo. A família ficou muito feliz e eu pude ficar morando com eles os três primeiros meses, para que eu pudesse adquirir experiências e adaptação para que depois eu pudesse ir viver com outros estudantes. O tempo que fiquei com eles foi muito especial, eles me ensinaram tudo que eu precisava para me tornar uma pessoa independente", revela.
A experiência no exterior
O período na Alemanha foi de experiências positivas, mas também momentos difíceis em que foi preciso força de superação, conta o estudante maranhense. "Os dois primeiros meses foram uma maravilha, onde eu apenas estava estudando o idioma e me adaptando ao local, conheci pessoas de outros países, aprendi muito sobre a cultura e costumes. Pensei que, realmente, estava preparado para os estudos. Quando cheguei no primeiro dia de aula, quando o professor começava a explicar a aula, eu não conseguia entender uma única frase, as palavras flutuavam em minha mente, sem mesmo uma ordem gramatical, sem sentido algum. Isso me deixava confuso e então começava também o desanimo, eu não conseguia compreender nada. O medo tomava conta de mim e a timidez. Para mim não era normal ver mais de 200 pessoas em uma sala enorme. E por incrível que pareça, a gente pensa que todos estão a olhar para você."
O ex-bolsista encontrou na sistematização do estudo e nos colegas alemães uma maneira de ultrapassar suas dificuldades. "Minha força de vontade era maior, então eu anotava o que o professor mostrava nos slides e quando chegava em casa, eu procurava a metodologia mais rápida e prática para que eu pudesse compreender todo aqueles conteúdos passados na sala de aula. Liguei para meus amigos da Alemanha e pedi ajuda, até que eu consegui me adaptar ao idioma, esquecendo um pouco o português, para que o idioma alemão pudesse fluir. Foi assim que consegui melhorar meus conhecimentos no idioma e consegui tirar notas boas", revela.
Entre as melhores experiências, Ednilson destaca as aulas práticas, excursões e o trabalho comunitário que desenvolveu. "Realizamos uma grande excursão na Romênia, foram 13 dias de muito conhecimento e aventuras. Depois uma excursão de três dias para o Winburgpark na Alemanha central. Além do trabalho da Universidade, eu participava ativamente do grupo de Jovens da Associação Arco-Íris Münster, desenvolvi um projeto na escola Thomas Morus, onde pude mostrar um pouco da nossa cultura nordestina, trazendo o festejo junino para a Escola, montei uma quadrilha junina com as crianças da escola, além também de uma quadrilha junina com os jovens do grupo da Associação."
Futuro
Após meses de experiências obtidas na Universidade de Münster, Ednilson solicitou o prolongamento da bolsa para realizar estágio. "Felizmente, consegui ganhar uma vaga no Instituto de Geoinformática da Universidade e assim realizei seis meses de estágio."
De volta ao Brasil, o estudante está concluindo o curso de licenciatura. "Nesse próximo semestre irei defender minha monografia e as expectativas são de retornar à Alemanha para fazer um mestrado e possivelmente o doutorado", afirma.
Além disso, Ednilson está inscrito numa bolsa do programa do DAAD – Winterkurs. "Se eu for contemplado com o curso, poderei melhorar muito meu idioma e assim obterei mais conhecimentos para aplicar na minha Universidade. Em novembro sairá o resultado e eu já estou muito ansioso", conclui.
CsF
Lançado em dezembro de 2011, o Ciência sem Fronteiras busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) por meio de suas respectivas instituições de fomento – Capes e CNPq.
Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior. Dados do programa podem ser consultados no Painel de Controle do CsF .
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(Pedro Arcanjo)