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Ex-alunos do Ciência sem Fronteiras criam espaço para inovação
Em 2013, três estudantes de desenho industrial da Universidade de Brasília (UnB) viajaram como bolsistas do programa Ciência sem Fronteiras (CsF) aos Estados Unidos, onde conheceram o Fab Lab, uma rede mundial de laboratórios de fabricação digital criada pelo Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MI).
Em janeiro de 2014, ao concluir a temporada de aprendizagem no exterior, eles voltaram ao País e decidiram abrir o Brasília Fab Lab . Em operação desde o início deste ano, na capital federal, o espaço é um incentivo à pesquisa e à inovação. Funciona como um centro de pesquisa e produção, oferecendo máquinas, ferramentas e tecnologias digitais para elaborar protótipos, construir máquinas e equipamentos e realizar experimentos sem depender da escala industrial. "É um lugar para fazer quase qualquer coisa. Um ambiente de estímulo para que as pessoas continuem criando, inovando e compartilhando suas ideias", conta o designer Guilherme Vargas, 25 anos, ex-bolsista do CsF e um dos sócios da iniciativa.
Para ter uma ideia das possibilidades que essas fábricas-laboratórios oferecem, um dos associados está construindo, no próprio Brasília Fab Lab, um barco com aproximadamente nove metros de comprimento. "Aqui é um lugar em que você pode vir e fazer seus projetos por um custo muito menor do que faria caso encomendasse uma produção em escala industrial, aqui você pode realizar testes dos produtos a custos baixos", reforça Guilherme.
Na opinião do ex-bolsista, mais importantes que as máquinas e os equipamentos oferecidos nesses espaços, são o intercâmbio de experiências e o compartilhamento de informações. "Montamos o Brasília Fab Lab para juntar pessoas que têm carências de insumos. Trabalhamos com o conceito de conhecimento aberto [open source] e procuramos nos integrar ao máximo com outros Fab Labs, para movimentar essa rede de conhecimento. Nós queremos gerar mais inovação e tecnologia nesse ambiente".
Investimentos
Segundo a Associação Fab Lab Brasil, atualmente há mais de 10 Fab Labs em funcionamento e em planejamento no País. O custo médio para a abertura de um Fab Lab varia de R$ 300 mil a R$ 500 mil, devido ao fato de a maior parte dos equipamentos e componentes, como impressoras 3D, cortadoras a laser, mini plotter de corte e máquinas fresadoras, ser importada.
Para reduzir os custos iniciais, os idealizadores do Brasília Fab Lab optaram por construir ali mesmo grande parte dos itens necessários ao funcionamento do espaço. Junto com Guilherme, estão os sócios André Leal, de 27 anos, Marina Suassuna, de 24, ambos ex-alunos do CsF, além do engenheiro elétrico Bruno Amui e do engenheiro mecatrônico George Brindeiro.
"Desenhamos as peças no computador, imprimimos, montamos e programamos a maior parte das nossas máquinas", conta André, que passou uma temporada como estagiário no California College of the Arts, em São Francisco. "Quando a gente voltou ao Brasil, fiquei pensando que seria legal ter um espaço onde pudesse ensinar a outras pessoas o que eu aprendi, daí veio a ideia do Fab Lab. A gente tem certeza de que aprendeu muito com a oportunidade dada pelo Ciência sem Fronteiras".
Entre os itens construídos pelo grupo, está uma cortadora a laser, cujo preço médio no mercado brasileiro ultrapassa os R$ 50 mil. "Nós gastamos mais ou menos R$ 8 mil para construí-la, porque tivemos que importar peças como o tubo a laser, que veio da China", afirma André.
Marina diz que o gasto para abrir o espaço girou em torno de R$ 50 mil. "Saiu muito mais barato fazer do que comprar e com isso aprendemos muito durante o processo".
Parte da expertise para montar o laboratório, Marina e Guilherme adquiriram no período em que estagiaram na conceituada Parsons The New School for Design, em Nova Iorque. Durante um ano, os então bolsistas do CsF puderam aprofundar seus conhecimentos em design industrial, produtos e tecnologia.
"O Ciência sem Fronteiras foi a melhor experiência acadêmica que tive na minha graduação. O Fab Lab é um reflexo dessa experiência. É como se a gente tivesse aplicando o que a gente aprendeu", avalia Marina.
CsF
Lançado em dezembro de 2011, o Ciência sem Fronteiras busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) por meio de suas respectivas instituições de fomento – Capes e CNPq.
Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior. Dados do programa podem ser consultados no Painel de Controle do CsF .
(com informações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação)