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Estudo mostra efeito benéfico de fruto de palmeira para esportistas
Nutricionista graduada pela Universidade Regional de Blumenau (Furb), Cândice Laís Knöner Copetti tem especializações em Obesidade e Emagrecimento e Terapia Nutricional e Nutrição Clínica, é mestre em Nutrição pelo Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e doutoranda em Nutrição na mesma instituição.
Seu estudo analisa o efeito do consumo do fruto juçara ( Euterpe edulis Martius ) sobre o estresse oxidativo, fadiga e desempenho de ciclistas. A pesquisadora já recebeu o destaque de Mérito Científico pela apresentação oral no Simpósio de Bioquímica do Exercício em Saúde, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e o Prêmio de Melhor Trabalho do III Congresso Sul Brasileiro de Nutrição Funcional.
Qual é o foco de sua pesquisa no doutorado?
Avaliar o efeito do consumo do fruto juçara sobre biomarcadores de estresse oxidativo, fadiga e desempenho em ciclistas treinados.
Quais os resultados encontrados até o momento?
Devido à pandemia tivemos um atraso em grande parte das atividades anteriores ao período de coleta de dados, como a caraterização química e nutricional das amostras do fruto juçara a serem utilizadas no estudo. Esta etapa era crucial para darmos início ao desenvolvimento do placebo para o estudo. A caracterização do fruto juçara foi realizada no primeiro semestre deste ano e a etapa de desenvolvimento do placebo foi finalizada neste mês de setembro. Pretendemos iniciar a coleta de dados nos próximos meses.
Qual será o público-alvo estudado?
Ciclistas treinados do sexo masculino com idade entre 18 e 45 anos. Os participantes serão distribuídos aleatoriamente em dois grupos para o recebimento do fruto juçara ou placebo, para consumo durante sete dias. No 7º dia realizarão um teste máximo de tempo de exaustão em um cicloergômetro. Após um intervalo de 14 dias, os tratamentos serão invertidos, ou seja, os participantes que consumiram o fruto juçara consumirão o placebo e os participantes que consumiram o placebo consumirão o fruto juçara e então realizarão novamente um teste máximo de tempo de exaustão. Serão realizadas coletas sanguíneas para avaliação dos biomarcadores de estresse oxidativo e lactato, um marcador que auxilia na avaliação de fadiga e desempenho, além da avaliação da potência antes e após o teste máximo de tempo de exaustão.
Por que estudar o fruto juçara?
As propriedades nutricionais do fruto juçara vêm chamando a atenção de pesquisadores nos últimos anos em virtude de sua semelhança com os frutos de açaí, principalmente pela presença de ácidos graxos monoinsaturados, as chamadas gorduras boas, e compostos bioativos, especialmente as antocianinas. Estudos demonstram que o elevado potencial antioxidante das antocianinas pode proporcionar benefícios ao organismo humano, como efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios, neuroproteção, propriedades anticarcinogênicas e cardiovasculares.
Além disso, hoje a palmeira Euterpe edulis Martius, que dá origem ao fruto juçara, encontra-se em risco de extinção devido à exploração extrativista incontida de seu palmito na década de 1970, principalmente nas regiões sul e sudeste do Brasil. Assim, é crescente o apelo à utilização dos frutos da palmeira juçara para consumo, visto que a retirada destes não culmina na morte da palmeira, podendo contribuir para a preservação da espécie, bem como para a geração de renda.
Quais as vantagens e benefícios desta fruta para os atletas?
Estudos anteriores no contexto do exercício têm mostrado que frutos ricos em antocianinas, como o fruto juçara, podem proporcionar benefícios no exercício. As antocianinas têm sido associadas a benefícios para saúde pelos seus efeitos antioxidantes, que podem neutralizar a produção de espécies reativas de oxigênio durante o exercício exaustivo que, quando em excesso, podem levar ao estresse oxidativo, isto é, dano por radicais livres. As antocianinas também contribuem para o aumento do fluxo sanguíneo e, potencialmente, reduzem a fadiga, uma vez que o fluxo sanguíneo muscular é primordial para o fornecimento de oxigênio para o músculo e qualquer impedimento do fluxo sanguíneo antecipará a fadiga. Além disso, o aumento do fluxo sanguíneo periférico afeta o consumo de oxigênio durante o exercício e é benéfico para o desempenho do atleta.
Os resultados encontrados na pesquisa podem valer para pessoas comuns, sedentárias?
Nesta pesquisa estamos estudando uma determinada quantidade do fruto juçara e seus componentes em uma população específica, no caso, ciclistas do sexo masculino. Precisamos ter cautela com a extrapolação dos resultados para a população em geral, uma vez que a estratégia de consumo, isto é, o tempo de consumo e a quantidade, foi destinada a uma população e a uma situação específica. Entretanto, devido ao seu alto valor nutricional, o fruto juçara pode proporcionar diversos benefícios ao organismo humano. O Grupo de Estudos em Nutrição e Estresse Oxidativo (Geneo) da UFSC foi o pioneiro a estudar os efeitos do consumo do fruto juçara em humanos e, também, no contexto do exercício, evidenciando efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios, aumento das concentrações de HDL, o colesterol bom, bem como redução da fadiga, esta última no contexto do exercício. Outros estudos realizados em humanos também evidenciaram efeitos na modulação de marcadores epigenéticos de adultos obesos, podendo contribuir para a redução do risco de doenças metabólicas, na modulação inflamatória relacionada à obesidade, aumento das bactérias intestinais benéficas de indivíduos com obesidade, além de redução da gordura corporal.
Qual contribuição da CAPES para sua trajetória professional?
Sou extremamente grata à CAPES pela concessão da bolsa durante o mestrado e também agora no doutorado. Com este auxílio da CAPES tenho o privilégio de me dedicar exclusivamente às atividades acadêmicas durante este período intenso de estudos.
Legenda das imagens:
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Imagem ilustrativa
(Foto: iStock/Kitzcorner)
Imagem dentro da matéria:
Cândice Laís Knöner Copetti recebeu Bolsa da CAPES durante o mestrado e o doutorado
(Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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