Estudo investiga novas abordagens terapêuticas para doenças negligenciadas

Imagem: Bolsista Daniel Lopes (Arquivo pessoal)

Graduado em Radiologia pelo Centro Universitário de Patos e mestre em Inovação Terapêutica pela Universidade Federal de Pernambuco, Daniel Lopes é bolsista da CAPES e doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Saúde Animal da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na área de Saúde Única. Sua pesquisa busca desenvolver novas abordagens terapêuticas para doenças tropicais negligenciadas, ampliando as possibilidades de tratamento.

Sobre o que é a sua pesquisa?
Em minha pesquisa, eu estudo o efeito da radiação gama em extratos de duas espécies vegetais. Isso porque estudos recentes sugerem que a radiação ionizante é capaz de alterar a quantidade de metabólitos secundários presentes no extrato, aumentando ou diminuindo a concentração desses.

Se a radiação tem a capacidade de modificar a concentração desses compostos no extrato vegetal, possivelmente a atividade farmacológica do produto poderá também ser modificada, se comparada ao extrato controle (sem exposição a nenhuma dose de radiação). Tendo em vista o exposto, além de estudarmos os efeitos da radiação gama no extrato, também trabalhamos com a hipótese da potencialização da atividade farmacológica ocasionada pela energia ionizante. Nesse sentido, iremos comparar a atividade leishmanicida e tripanocida dos extratos controle e os que foram expostos a diferentes doses de radiação gama para verificar a possibilidade de incremento da atividade biológica.

Para isso, iremos utilizar modelos in vitro e in vivo, com o objetivo de alcançar resultados promissores no que se diz respeito à inovação terapêutica para doenças negligenciadas.

O que você destacaria de mais relevante na sua pesquisa?
O que eu destaco de mais relevante nessa pesquisa é a inovação, isso porque são poucos os estudos publicados que elucidam a interação entre a radiação ionizante e compostos naturais. Além disso, a utilização das duas espécies que compõem esse projeto de tese é inédita. 

Outro ponto que pode se destacar na pesquisa é o avanço científico e tecnológico, já que a investigação de produtos naturais e suas respectivas atividades contribui para o avanço da ciência e tecnologia, abrindo portas para novas descobertas e inovações terapêuticas. Além disso, os produtos naturais oferecem uma gama diversificada de compostos bioativos que podem ser explorados como alternativas aos medicamentos convencionais, muitas vezes mais caros e com efeitos colaterais significativos.

De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
Nessa pesquisa e em outras do nosso grupo, trabalhamos incansavelmente em busca de novos protótipos de fármacos para doenças tropicais negligenciadas, pois são consideradas um importante problema de saúde pública em todo o mundo, especialmente em populações mais pobres e países subdesenvolvidos. Essas doenças possuem uma alta incidência de casos e uma limitação terapêutica que merecem nossa atenção. Trabalhar com parâmetros que possam melhor esse quadro é de extrema importância para a sociedade.

Imagem: Daniel Lopes no laboratório (Arquivo pessoal)

A importância de nossa pesquisa é justificada em alguns aspectos. Um deles é a busca por tratamentos mais eficazes e menos tóxicos, já que produtos naturais podem oferecer alternativas terapêuticas mais eficazes e com menos efeitos colaterais em comparação com os medicamentos sintéticos. Em relação a utilização da radiação ionizante, ela não é um agente preocupante, pois não torna o produto radioativo. Outro ponto importante é a acessibilidade, muitas vezes, os produtos naturais são mais acessíveis e econômicos, o que pode beneficiar populações de baixa renda, especialmente em países em desenvolvimento. A resistência a medicamentos também é um ponto a ser levado em consideração, já que a utilização de produtos naturais pode ajudar a combater a resistência, um problema crescente no tratamento de doenças infecciosas.

De que forma a bolsa da CAPES contribui para a sua formação?
A bolsa CAPES tem um papel fundamental na minha formação acadêmica. Fui bolsista desde o curso de mestrado, quando precisei me deslocar do sertão da Paraíba para morar em Recife. A bolsa foi muito importante para cobrir gastos de moradia, alimentação e despesas diárias, permitindo que eu me dedicasse integralmente às atividades da minha pesquisa. No doutorado, contínuo como bolsista, e isso tem me permitido dedicar-me àquilo que mais amo: ciência. Além disso, através da bolsa da CAPES, consegui participar de importantes congressos e cursos dentro da minha área, o que tem possibilitado que eu me aperfeiçoe cada dia mais.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura CGCOM/CAPES