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Estudo de bolsista revela custo para preservação de anfíbios da Mata Atlântica
O bolsista de doutorado pleno no exterior pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) Felipe Siqueira Campos acaba de publicar um artigo na revista Science Advances . O estudo revela que a proteção da biodiversidade de anfíbios na Mata Atlântica que estão fora de Unidades de Conservação custaria U$ 26,5 milhões (cerca de R$ 88 milhões) por ano.
O estudo fornece estimações econômicas para representar componentes de biodiversidade. “Usando anfíbios como alvo de conservação, realizamos um projeto inovador mostrando que os modelos de priorização focados em diversidade funcional, filogenética e taxonômica podem incluir valores de custo-efetivo de terras. Nesse contexto, selecionamos novas áreas prioritárias para conservação na Mata Atlântica brasileira, com enfoque em espécies ameaçadas, áreas protegidas e seus respectivos valores econômicos de terra”.
O mapeamento apresentado no estudo indica que a maior diversidade funcional e filogenética de anfíbios a Mata Atlântica está na porção leste do bioma, da região central em direção ao nordeste. As áreas consideradas de mais alta prioridade estão principalmente nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. A Mata Atlântica abriga mais da metade dos anfíbios encontrados no Brasil, mas apenas 12,9% dela está preservada.
Felipe Siqueira Campos atualmente está no último ano do doutorado pela Universidade de Barcelona (UB). O artigo também é assinado pelos pesquisadores Ricardo Lourenço de Moraes, do Departamento de Ecologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Mirco Solé, do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), e Gustavo A. Llorente, do Departament de Biologia Evolutiva, Ecologia i Ciències Ambientals da UB.
De acordo com os autores, a principal mensagem do estudo é que os custos econômicos de terra podem servir como um mecanismo eficaz de pagamento por serviços ambientais. “Nossas descobertas fornecem outras medidas efetivas de conservação baseadas em áreas que estabelecem novas prioridades para a avaliação da biodiversidade na Mata Atlântica, validando uma nova abordagem para investigações econômicas de terras para outras regiões ricas em espécies.”
Experiência no exterior
Sobre a experiência do doutorado pleno no exterior, Felipe destaca a possibilidade de intercâmbio e cooperação científica. “Durante os quase quatro anos de estudo fora do Brasil, eu tive a oportunidade de trabalhar e discutir projetos científicos com grandes pesquisadores renomados que vivem ou estavam de passagem por Barcelona, entre os quais eu pude compartilhar ideias, realizar cursos científicos e agregar vários conhecimentos relacionados com minha linha de pesquisa. Em função de estar inserido no âmbito acadêmico da Universidade de Barcelona, tive a oportunidade de participar de cinco grandes congressos europeus”, conta.
Dentro do Departamento de Biologia Evolutiva, Ecologia e Ciências Ambientais da UB, o local diário de trabalho do bolsista, o pesquisador brasileiro participa de um grupo de pesquisa em herpetologia liderado pelo dr. Gustavo A. Llorente. “Neste grupo, além da produção científica individual de cada um, trabalhamos constantemente com revisão e discussão de manuscritos científicos, os quais são geralmente produzidos por membros ou demais colaboradores do nosso grupo”, explica.
O ingresso neste coletivo foi fator de aumento da produtividade e de novos trabalhos, afirma Felipe. “A participação no conceituado grupo de pesquisa refletiu diretamente na minha eficiência de produtividade científica, o que certamente facilitou o processo de publicação em importantes revistas científicas. Além disso também ter me proporcionado o privilégio e a oportunidade de trabalhar como revisor de importantes periódicos científicos bastante conceituados, como Journal of Herpetology, Biodiversity and Conservation , anais da Academia Brasileira de Ciências, Herpetology Notes, Zootaxa, Neotropical Biology and Coservation, Zookeys, North-Western Journal of Zoology, International Journal of Biodiversity and Conservation, Journal of Environmental Management e Italian Journal of Zoology.”
O bom trabalho realizado fez com que Felipe fosse pessoalmente convidado para ser membro associado da Asociación Española de Ecología Terrestre (AEET) e da British Ecological Society (BES). “Até o momento, informo que já produzimos um material de alta relevância científica. Agradeço muito em nome de todos meus co-autores a atenção e colaboração da CAPES, que, apesar da atual e acentuada crise política no Brasil, vem disponibilizando o suporte financeiro necessário para o desenvolvimento da minha pesquisa. Portanto, a colaboração da CAPES foi de fundamental importância para a realização desta pesquisa, refletindo em um conhecimento especializado e na produção de uma ciência qualitativa aplicada às estratégias prioritárias para um efetivo planejamento sistemático em conservação da biodiversidade brasileira”.
Acesse o artigo Cost-effective conservation of amphibian ecology and evolution.
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(Pedro Arcanjo)