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Estudo avalia relação entre queimadas e mudanças climáticas
A bióloga Cibele Inês Rockenbach é mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Vale do Taquari (Univates). Atualmente pesquisadora no Laboratório de Paleobotânica e Evolução de Biomas, do Museu de Ciências da mesma instituição, Cibele estudou a morfologia da resina em carvão vegetal fóssil para entender quais efeitos os incêndios vegetacionais causaram no clima ao longo da história do planeta.
Fale sobre seu projeto de pesquisa e objetivos.
Minha pesquisa teve como objetivo principal a descrição da morfologia de resina preservada em fragmentos de lenhos submetidos à queima artificial. O grupo de pesquisa do qual eu faço parte está consolidado sobre o estudo de plantas fósseis – Paleobotânica –, principalmente sobre o
macro-charcoal
(carvão vegetal fóssil), oriundo da queima incompleta de plantas, que é um indicativo direto da ocorrência de incêndios vegetacionais ao longo da história da Terra. O registro de
macro-charcoal
é encontrado em diferentes estratos sedimentares que datam do período logo após o surgimento das plantas terrestres, há cerca de 419 milhões de anos.
Como as plantas podem retratar eventos históricos?
As plantas são extremamente sensíveis às mudanças climáticas e estas alterações ambientais ficam registradas na sua anatomia. Além disso, o expelir de resina está fortemente relacionado a intervenções físicas de animais, estresses ambientais e fogo. A queima incompleta destas plantas mantém as feições anatômicas e morfológicas preservadas, sendo, portanto, um objeto de grande importância na Paleobotânica. O estudo destes carvões, associado a outros tipos de análises nos trazem informações importantes sobre o ambiente, o ecossistema e o clima onde estas plantas viviam, além de suas interações ecológicas. Isto possibilita construir um cenário mais próximo ao que era no passado.
Assim, investigações sobre diferentes estruturas presentes no macro-charcoal e a interação destes dados com outras áreas da Paleobotânica e da Paleontologia, possibilitam uma melhor compreensão de eventos como os incêndios de vegetação, os quais, sabemos hoje, estão fortemente associados às mudanças climáticas, e podem levar a extremos climáticos de grandes dimensões.
Quais são os próximos passos para seu estudo?
Com os resultados promissores obtidos na pesquisa de base realizada durante o mestrado, a continuidade do projeto no doutorado será com um aprofundamento destes dados obtidos e com o aprimoramento da metodologia, utilizando outras ferramentas de estudo e aplicando o método em fitofósseis – fósseis vegetais – de várias idades. Estes dados irão auxiliar a compreensão dos diferentes elementos presentes nos ambientes em que estas plantas cresciam, além de oferecer um melhor entendimento sobre os processos envolvidos na formação e preservação da resina e sua importância paleoecológica.
Como o seu trabalho contribui para a sociedade?
Os estudos da Paleobotânica, onde meu projeto se insere, trazem uma visão ampla da evolução dos ambientes e da ciclicidade do clima ao longo do tempo. Além disso, identificar alguns fatores-chaves, nos mais diversos ecossistemas, que são desencadeados por mudanças climáticas é de extrema importância, visto que estamos num momento na história do Planeta, no qual pequenos efeitos oriundos das mudanças climáticas já são experimentados pela população. Assim, divulgar estes dados permite à população compreender e perceber que é preciso uma consciência ambiental muito grande, a fim de desacelerar as mudanças climáticas, evitando grandes catástrofes ambientais a curto prazo.
Qual a importância do apoio da CAPES para o desenvolvimento do seu projeto?
Eu recebi bolsa do Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições Comunitárias de Educação Superior (
Prosuc
), durante o mestrado. Com certeza, ter o apoio da CAPES foi de fundamental importância para o projeto ser desenvolvido e concretizado, gerando bons resultados. As parcerias internacionais que são construídas durante o desenvolvimento do projeto, por meio da divulgação dos trabalhos e da oportunidade de participação em congressos, possibilitam a difusão do conhecimento e a troca de experiências entre pesquisadores, além do crescimento pessoal e profissional.
Legenda das imagens:
Banner e imagem 1:
Cibele Rockenbach recebeu bolsa Prosuc, durante o mestrado, na Univates
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 2:
Carvão vegetal visto no Microscópio Eletrônico de varredura
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 3:
A pesquisadora em campo, fazendo coleta de macro-charcoal
(Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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