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Estudo aponta desconcentração geográfica na formação da pós-graduação
A pós-graduação brasileira registrou, de 1996 a 2014, um processo de desconcentração espacial na formação de mestres e doutores. É o que aponta o estudo Mestres e Doutores 2015: Estudos da demografia da base técnico-científica brasileira , lançado nesta terça-feira, 5, pelo diretor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Antônio Carlos Figueira Galvão, em sessão especial da 68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento acontece até o dia 9 de julho na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Campus Sosígenes Costa, em Porto Seguro. Acesse a programação .
O estudo identificou que, em 1996, a maior parte dos mestres e doutores se formou na região Sudeste. Apenas São Paulo e Rio de Janeiro foram responsáveis por 58,8% dos títulos de mestrado e 83,4% dos de doutorado daquele ano, respectivamente. Em 2014, esses estados responderam, em conjunto, por 36,6% dos mestres e 49,5% dos doutores formados no país. A posição relativa dos estados da região Sudeste decresceu no período, embora não haja redução no número absoluto de títulos.
O diretor de Programas e Bolsas no País substituto da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Adalberto Grassi Carvalho, destacou os programas de fomento, como Novas Fronteiras, Minter e Dinter e Bolsas para Todos (voltado às regiões Norte e Nordeste) como possíveis impulsionadores para o crescimento dos titulados nas diversas partes do país. Grassi ressaltou que a pós-graduação já está presente nas universidades mais novas criadas nos últimos anos, muitas delas fora dos grandes centros. Ações voltadas à redução das assimetrias na pós-graduação estão presentes nos planos nacionais de pós-graduação (PNPG 2005-2010 e 2011-2020).
O estudo aponta ainda que o número de programas de mestrado e doutorado no Brasil apresentou, de 1996 a 2014, um crescimento de 205% e 210%, respectivamente. Houve também uma expansão de títulos de mestrado e doutorado - 379% e 486%, respectivamente. O dado mais atual, de 2013, registra 7,6 doutores por 100 mil habitantes no Brasil. Já a idade média dos titulados foi reduzida. No ano de 2014, os mestres titulados no Brasil tinham, em média, 32 anos e os doutores, 37. A idade média dos titulados em programas de mestrado caiu, aproximadamente, um ano no período analisado e a dos titulados em doutorado, cerca de 2 anos.
Como sugestão, o diretor substituto da Capes falou que o CGEE poderia ampliar o estudo analisando os dados da evolução do número de titulados com os programas de fomento das agências, como a Capes e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Também sugeriu uma análise que contemple as metas estabelecidas no PNPG 2011-2020 nos quatro anos já contemplados pelo estudo.
A presidente da SBPC, Helena Nader, disse que os dados apresentados são impressionantes, principalmente a expansão do número de doutores em outras áreas do país [fora do eixo Sul-Sudeste]. Nader ressalta que há 40 anos a formação de mestres e doutores tem foco firme na sua função. “A política de pós-graduação brasileira é a mais consistente política de governo”, concluiu.
Outros dados
O documento apresenta ainda a questão da empregabilidade dos mestres e doutores e os avanços dos programas de pós-graduação, que registrou expansão especialmente nas instituições federais e particulares.
Fruto de trabalho de cruzamento das bases de dados da RAIS/MTE, além do Coleta e da Plataforma Sucupira, ambos da Capes, o documento está disponível para consulta aqui .
(Fabiana Santos)