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Engenheiro colombiano recicla lixo eletrônico em SP
Raúl Julián Revelo Tobar é engenheiro de Materiais pela Universidade de Antioquia, na Colômbia. Bolsas da CAPES possibilitaram sua vinda e estadia no Brasil, onde cursou mestrado e doutorado em Ciências e Engenharia de Materiais na Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos. O colombiano fixou residência na cidade do interior paulista, onde abriu uma empresa especializada em reciclagem de lixo eletrônico.
Fale um pouco sobre suas pesquisas de mestrado e doutorado no Brasil.
Durante o mestrado, trabalhei no reaproveitamento de resíduos das telas de TVs e monitores de computadores antigos para a formulação de esmaltes aplicados na indústria de revestimentos cerâmicos (
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). Já no doutorado, desenvolvi e caracterizei substratos vitrocerâmicos de vidro diopsídio para aplicações dielétricas em altas frequências.
Qual foi a importância da CAPES para os seus estudos?
Obter uma bolsa da CAPES foi fundamental no momento de tomar a decisão de me mudar para o Brasil e fazer a pós-graduação, porque conseguia garantir minha manutenção durante meus estudos de mestrado e doutorado, e assim ter uma dedicação integral aos trabalhos de pesquisa.
Fale sobre a reutilização de vidro de TVs e computadores antigos como revestimento de esmalte cerâmico.
A mudança de tecnologia das TVs e monitores de tubos por dispositivos de tecnologia LED e LCD, junto à falta de soluções adequadas de descarte e reciclagem, tem gerado um passivo ambiental importante desses resíduos. Isso implica em prejuízos ao meio ambiente e à saúde das pessoas.
Nesse contexto, durante a pesquisa de mestrado, foi demonstrada a viabilidade técnica de usar vidros provenientes desses resíduos para reformular esmaltes cerâmicos na indústria de revestimentos. Como resultado, conseguimos substituir até 20% de frita pelo vidro do painel, conservando as características físicas e estéticas do produto final. A frita é a matéria prima mais cara na produção desse esmalte cerâmico, portanto, nossa solução mostrou-se positiva ambiental e economicamente.
Entende-se que a pesquisa deve atender aos anseios da sociedade. O que você pretende alcançar com a sua empresa?
A GAIA GreenTech é uma
startup
de gestão inteligente e incentivos ao descarte responsável de resíduos eletrônicos. As pessoas recebem recompensas ou apoiam causas socioambientais através do descarte correto de seus eletrônicos. Nossa motivação na GAIA é querer mudar o
status quo
da reciclagem e promover a economia circular no Brasil por meio do uso de ferramentas tecnológicas e o engajamento da sociedade.
Quais são seus próximos passos?
Entre os próximos passos, está a busca continua por soluções para os problemas de poluição ambiental. Acredito que, por meio da pesquisa, é possível implementar novas tecnologias na valorização de resíduos para que sejam reaproveitados em outros processos produtivos.
Essas soluções devem ser viáveis técnica, econômica e ambientalmente. Porque não podemos continuar consumindo recursos e jogando no lixo os resíduos. É urgente repensar nosso modelo de consumo e as empresas precisam migrar para uma economia circular, que seja responsável com o ambiente e a sociedade.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC)
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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