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Prática interdisciplinar nas instituições e na formação acadêmica para o exercício profissional são temas de painéis
A programação do 3º Encontro Acadêmico Internacional – Interdisciplinaridade nas Universidades Brasileiras – Resultados e Desafios proporcionou aos participantes do evento na tarde desta terça-feira, 13, no edifício-sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), dois painéis com temas relacionados à prática interdisciplinar nas instituições e na formação acadêmica para o exercício profissional.
Mediado por Ana Maria Santos Cabral, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Painel 2, com tema "Interdisciplinaridade na formação acadêmica para o exercício profissional" abordou como a relação entre os conselhos profissionais, as universidades e o governo pode se dar com o desafio de incluir novos perfis de competências na formação acadêmica, além da conciliação do princípio da autonomia universitária e a regulação dos conselhos.
Em sua fala, o presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), José Tadeu da Silva, ressaltou a importância de uma formação interdisciplinar. "Não temos [engenheiros] não têm formação para olhar o interesse humano e social. A formação em engenharia tem que contemplar a tríade social, econômica e ambiental", disse.
Já para Helio Waldman, da Universidade Federal do ABC, os egressos de bacharelados interdisciplinares, por disporem de habilidades como criatividade, facilidade de integração em ambientes interdisciplinares, perspectiva globalizada do mundo e visão crítica das questões que confrontam a sociedade, farão a diferença nas profissões estabelecidas. "As profissões estabelecidas têm muito a ganhar com a chegada desses novos profissionais, que podem ajudá-las a intensificar o diálogo com a sociedade na busca de novas abordagens para problemas reais, cuja solução não caberia em uma perspectiva estritamente disciplinar", explicou.
Institucionalização
Naomar de Almeida Filho, da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), e Dóris Santos de Farias, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), participaram do Painel 3, com tema "Experiências da Institucionalização da Interdisciplinaridade no Ensino", contando a experiência de suas instituições na implementação da interdisciplinaridade no ensino, bem como desafios e soluções para esta questão.
Com relação às dificuldades de implementação, Dóris explica o que foi primordial à Ufopa no início. "A concepção da Ufopa estava centrada no fato de que a questão da interdisciplinaridade estaria ao longo de todo o processo, sendo muito mais que um conteúdo ou uma ação curricular. Toda nossa forma de olhar partiu disso", disse.
A diretora de Formação de Professores da Educação Básica da Capes, Carmen Moreira de Castro Neves, também participou do painel apresentando a visão da diretoria a respeito da formação de professores, pontuando programas como o Programa de Apoio a Laboratórios Interdisciplinares de Formação de Educadores (Life) e o Programa de Consolidação das Licenciaturas (Prodocência) . "Formar o professor com a visão interdisciplinar é um imperativo pedagógico", afirmou.
Lançamentos
Na tarde do dia 13, também foram lançados a Revista Brasileira de Pós-Graduação (RBPG) – edição temática "A Pós-Graduação e o Desenvolvimento Sustentável" e o livro "Práticas da Interdisciplinaridade no Ensino e Pesquisa".
Segundo a coordenadora da área de Ciências Ambientais da Capes, Maria do Carmo Sobral, o edital de seleção para a revista recebeu 43 propostas de artigos, dos quais 13 foram aprovados, contemplando 36 autores de 15 instituições de Ensino Superior (IES), além de duas instituições estrangeiras. "Esta revista é fruto dos esforços que a Capes vem fazendo para discutir e institucionalizar a temática da interdisciplinaridade, pois não se pode pensar no meio ambiente e no desenvolvimento sustentável se não houver essa integração do saber", disse.
Para a Editora da RBPG, Maria Luiza Lombas, a RBPG tende a crescer em divulgação e em importância frente à atuação das agências de fomento à pós-graduação. "Nosso objetivo é que toda contribuição autoral que chegue à revista sirva como elemento norteador para as políticas que as agências pretendem realizar relacionadas a estes temas", explicou.
Já o livro "Práticas da Interdisciplinaridade no Ensino e Pesquisa" é o segundo de uma trilogia, que começou com o livro "Interdisciplinaridade em Ciência, Tecnologia e Inovação", este com enfoque teórico e conceitual. Segundo o pró-reitor adjunto de Pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP), Arlindo Philippi Jr, este segundo livro teve o esforço característico da área interdisciplinar e alcançará seu objetivo. "Movimentamos 64 autores de todas as regiões do país, com o objetivo de fomentar a prática interdisciplinar", explicou.
(Gisele Novais)