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Dispositivo ajuda a treinar usuários de cadeiras motorizadas
Engenheira biomédica e pós-graduada em Administração Hospitalar e Gestão em Saúde pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Daniela de Cássia Silva ingressou no mestrado em Engenharia Biomédica pela mesma instituição e criou um dispositivo que auxilia o treinamento de usuários de cadeira de rodas motorizadas.
Fale sobre o seu trabalho.
O meu trabalho consiste em um dispositivo para avaliação do desempenho do usuário de cadeira de rodas motorizada (CRM), durante o treinamento aplicado pelos profissionais de saúde. Não é obrigatório, porém diversos profissionais aplicam, principalmente para aqueles que irão receber a cadeira do Sistema Único de Saúde (SUS), de forma a trabalhar as habilidades dos usuários. Até o momento, não se tem um dispositivo efetivo, com comunicação independente, que colete as métricas e possibilite o acompanhamento do desempenho do usuário em tempo real.
O que é o treinamento?
Além do modelo manual de cadeira de rodas, existe o modelo elétrico. Ambos podem ser adquiridos de forma particular, mas também é um recurso ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde 2013.
Quando a cadeira é oferecida pelo SUS, uma das fases pelas quais o usuário deve passar dentro do centro de reabilitação é o treinamento. Este envolve um treino de uso do dispositivo recebido, incluindo tarefas cotidianas e sua montagem e desmontagem. Assim, há um preparo do usuário para utilizar o que foi recebido de forma correta e com segurança.
Para que o treinamento se tornasse algo quantificado, não apenas qualitativo, estou finalizando a criação do dispositivo que apoiará tanto o profissional no acompanhamento da evolução do paciente, quanto o usuário no treinamento em trajetos longos, para superação de desafios. Além disso, ele funciona em tempo real e via
bluetooth
, transmitindo os dados para o computador com o programa em questão.
Como surgiu o interesse em trabalhar com o assunto?
Meu pai é deficiente físico há muitos anos e sempre convivi com a cadeira de rodas e outras tecnologias assistivas. Cresci com as descobertas dele. Então sempre pensei em um meio de ajudar as pessoas com deficiência.
Qual o objetivo da pesquisa?
Quantificar o desempenho do usuário na realização de tarefas de percurso contínuas, de forma que o profissional da saúde possa fazer a avaliação do desempenho do paciente, a partir de três métricas: número de comandos, número de colisões e tempo gasto para cumprir o percurso.
Qual a importância do trabalho para a realidade brasileira?
Creio que este trabalho trará impacto para os profissionais da saúde que estão em contato direto com estas pessoas que fazem uso da cadeira motorizada, podendo ajudar novos condutores e também aqueles que já a utilizam, ensinando a forma correta de conduzi-la, principalmente, com segurança.
O que ele traz de diferente daquilo que já é visto na literatura?
Diferente do que é visto na literatura, o profissional de saúde não se atém somente a tarefas discretas, de pequena duração, para verificar o desenvolvimento e desempenho do paciente nas sessões de treinamento. E também não será uma avaliação qualitativa, ou seja, baseado no que o profissional vê. Terá números para ele comparar como o usuário se saiu frente às diversas sessões e atividades desenvolvidas, podendo avaliar, portanto, se o seu desempenho tem melhorado. Nas minhas pesquisas, existem muitas propostas de treinamento, protocolos reais e também em realidade virtual, porém, até então, não havia um dispositivo físico, que pudesse ser acoplado à cadeira de rodas motorizada.
Qual a importância do apoio da CAPES?
Sem o financiamento da CAPES, eu não conseguiria finalizar minha pesquisa. É necessário muito tempo e dedicação para uma pesquisa, ainda mais quando ela tem tantas etapas. Com a bolsa, consigo me manter na cidade sem depender tanto de uma renda extra ou dos meus pais, e me dedicar mais ao projeto.
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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