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Diretora da CAPES esclarece dúvidas sobre o Qualis em artigo
A edição de nº 30 da Revista Brasileira de Pós-Graduação (RBPG), traz como destaque o artigo “Dez coisas que você deveria saber sobre o Qualis”, assinado pela diretora de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Rita de Cássia Barradas Barata. O texto trata de dez pontos essenciais para se compreender o Qualis Periódicos e, assim, dirimir as dúvidas frequentemente apresentadas aos coordenadores de área por editores científicos, docentes e alunos de programas de pós-graduação.
O Qualis Periódicos é uma das ferramentas utilizadas para a avaliação dos programas de pós-graduação no Brasil. Tem como função auxiliar os comitês de avaliação no processo de análise e de qualificação da produção bibliográfica dos docentes e discentes dos programas de pós-graduação credenciados pela CAPES. Ao lado do sistema de classificação de capítulos e livros, o Qualis Periódicos é um dos instrumentos fundamentais para a avaliação do quesito produção intelectual, agregando o aspecto quantitativo ao qualitativo.
As questões são apresentadas de modo a esclarecer aspectos aplicáveis a todas as áreas de avaliação sempre que possível. Segundo Rita, o Qualis surge da necessidade de qualificar a produção dos programas e não mais apenas contabilizar o número de artigos publicados. “O número de artigos publicados nos programas, em cada triênio de avaliação, era bastante expressivo, tornando impraticável qualquer tentativa de avaliar a qualidade de cada um desses produtos do trabalho científico. Diante dessa impossibilidade, a opção adotada foi a classificação dos veículos de divulgação da produção científica, pressupondo-se que a aceitação de um artigo por periódico indexado e com sistema de peer review garantia, de certo modo, a sua qualidade”, explica. Considerou-se que periódicos com circulação internacional e maior impacto na comunidade acadêmica teriam processos de seleção mais competitivos e, portanto, os artigos por eles selecionados teriam qualidade e relevância.
O que não é o Qualis
Para a diretora de Avaliação, tão importante quanto saber o que é o Qualis é saber o que ele não é. “Muitos dos usos inadequados e das incompreensões em torno dessa ferramenta resultam justamente da pouca compreensão sobre esse ponto. O Qualis não é uma base de indexação de periódicos – este é o ponto que provavelmente gera maior confusão entre os editores científicos e é fonte de inúmeras consultas aos coordenadores de área”, afirma no artigo.
O Qualis só existe como ferramenta para a avaliação de programas. “Estar ou não na lista do Qualis significa tão somente que algum dos alunos ou professores dos programas credenciados publicaram artigos naqueles periódicos. Do mesmo modo, o Qualis Periódicos não é uma base bibliométrica e não permite o cálculo de nenhuma medida de impacto dos periódicos nele incluídos. Sendo assim, o Qualis Periódicos não deve ser considerado como uma fonte adequada de classificação da qualidade dos periódicos científicos para outros fins que não a avaliação dos programas de pós-graduação”, enfatiza o texto. Por uma série de características que são destacadas no artigo, a classificação de uma revista no Qualis não pode ser usada fora de seu contexto, sob pena de produzir mais problemas do que soluções.
O Qualis Periódicos também não é uma classificação absoluta, estando sujeita a revisão permanente. Tendo em vista que a classificação é sempre feita a posteriori, não é aconselhável que a lista sirva de referência para ações futuras, tais como a escolha de periódicos para submissão de artigos. “A escolha de um periódico para a submissão deveria levar em conta, entre outros aspectos, o público-alvo do próprio artigo, o escopo dos diversos periódicos em um mesmo campo científico, a credibilidade, a rapidez no processo de julgamento e de publicação, a competitividade expressa pela taxa de rejeição, a circulação que os periódicos têm na comunidade de interesse e seu prestígio, o que pode ser indiretamente avaliado por diferentes medidas de impacto”, explica Rita no artigo.
Por fim, a diretora esclarece que o Qualis Periódicos não é uma ferramenta que possa ser utilizada em avaliações do desempenho científico individual de pesquisadores, visto que não foi desenvolvido com essa finalidade. “A aplicação do Qualis faz sentido para a análise coletiva da produção de um programa, cumprindo requisitos específicos do processo de avaliação comparativo estabelecido pela CAPES. Em avaliações orientadas por princípios essencialistas, os instrumentos usados para comparações relativas nem sempre se mostrarão adequados”, conclui.
Acesse o artigo .
Ainda na edição nº 30 da RBPG , outros dois artigos abordam o Qualis. São eles: “O Qualis Periódicos e sua utilização nas avaliações”, de autoria de Nei Yoshihiro Soma, Alexandre Donizeti Alves e Horacio Hideki Yanasse; e “Qualis: implicações para a avaliação de programas de pós-graduação das diferentes áreas do conhecimento” – uma análise preliminar, de André Luiz Felix Rodacki. Acesse a edição completa .
RBPG
Lançada em agosto de 2004, a
RBPG
é voltada à divulgação de estudos, experiências e debates sobre a pós-graduação, sua situação, desafios, políticas e programas. De periodicidade quadrimestral, está estruturada em quatro seções: Estudos, Experiências, Debates e Documentos. O envio de artigos pode ser feito durante todo o ano.
Com uma média de 15 mil acessos por trimestre, a revista firmou-se como um importante veículo para a disseminação de estudos e debates sobre a pós-graduação. A cada número, são tratados temas variados como características da formação pós-graduada em várias modalidades, política da pós-graduação, demandas da comunidade científica e ações das agências de fomento. A RBPG desempenha ainda o papel de instrumento privilegiado para o estudo de temas referentes à colaboração científica internacional.
A publicação é disponibilizada para todas as bibliotecas e vários centros de informação do país e do exterior, além de se encontrar disponível no portal da Capes.
(Pedro Arcanjo)