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CsF é tema de debate na 64ª Reunião Anual da SBPC
Na tarde desta terça-feira, 24, foi realizada na 64ª Reunião Anual da SBPC a mesa-redonda Fronteira da Ciência sem Fronteiras . O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães, falou da expectativa positiva que o programa Ciência sem Fronteiras (CsF) causou, tanto na comunidade acadêmica brasileira como na comunidade internacional. "O aprendizado dos estudantes por meio da convivência com alunos de várias partes do mundo é algo que modificará o ensino superior no Brasil nos próximos anos.", disse Guimarães.
Para o presidente da Capes, o intercâmbio acadêmico e cultural promovidos pelo CsF já apontou para a necessidade da criação de alojamentos nas instituições de ensino superior para receber estrangeiros, como ocorre nos EUA e na Europa. "É algo que as universidades brasileiras terão que fazer." O Ministério da Educação está com a proposta de mais uma iniciativa, ainda em fase de criação, que visa também romper barreiras em prol do conhecimento: o Ciência Solidária, que pretende trazer para o Brasil estudantes de países com atraso no desenvolvimento acadêmico, uma espécie de CsF às avessas.
Debate
Com relação a algumas críticas ao programa CsF, por ele não atender as áreas de humanas, Jorge Guimarães ressalta que, pelo fato de as bolsas dos programas tradicionais da Capes nas áreas do CsF terem migrado para o Ciência sem Fronteiras, um maior número de bolsas desses programas, tanto da Capes como do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), passaram para as áreas de humanas e ciências sociais, o que resulta em um aumento do apoio também para essas áreas.
O presidente do CNPq, Glaucius Oliva, afirmou que não é possível pensar o desenvolvimento de um país sem humanidades, mas que a razão para o CsF não contemplar essas áreas foi a preocupação com o cenário nacional do desenvolvimento e citou alguns números. "Em 2006, 16% dos doutores titulados eram das áreas de exatas. Em, 2008, 10,6%. Já nas áreas de humanas, em 2006, eram 14,9% dos doutores titulados e, em 2008, o número subiu para 17,4 em 2008."
A presidente da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), Luana Bonone, relatou alguns pontos que a entidade considera importantes para reflexão e melhora do programa, como preparar as instituições para a volta dos bolsistas do CsF ao país e apoio para melhor preparo em idiomas estrangeiros.
O presidente do CNPq falou da importância de tratar o CsF não apenas com as fronteiras entre Brasil e outros países, mas também com as fronteiras intraregionais. "O programa é extremamente competitivo. Tanto que um dos critérios de corte é a nota no Enem [Exame Nacional do Ensino Médio]". Em resposta durante ao debate, ele reforçou que não há privilégios por regiões, universidades ou cursos de bacharelado ou licenciaturas, mas sim por mérito dos estudantes.
Com relação às dificuldades com os idiomas exigidos para que o estudante consiga uma bolsa do CsF, Glaucius Oliva falou das várias iniciativas de cursos de línguas pelas universidades e também de um curso financiado pela Capes, que será oferecido de forma online, com interatividade e tutoria. "O impacto dessas iniciativas voltadas ao aprendizado de idiomas será notado ao longo dos anos", afirmou.
Fabiana Santos