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Criador da Avaliação da Pós-Graduação é homenageado
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) realizou nesta sexta-feira, 18, solenidade em homenagem a Darcy Closs, ex-presidente da agência durante o período de 1974 a 1979 e um dos pilares da pós-graduação e pesquisa no Brasil. Entre as principais contribuições de Closs nesse período, está a criação do sistema nacional de avaliação da pós-graduação.
O diretor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Guilherme Sales, relembrou a importância da criação da Avaliação em 1976. "Tudo começou com Darcy Closs, foi uma revolução em nossa educação que nos levou ao patamar de alto nível de produção científica que temos hoje", ressaltou.
Expansão e diversificação
O economista e ex-diretor da Capes, Marcos Formiga, foi responsável pela abertura da cerimônia, que definiu como "homenagem sorridente, como o homenageado". Formiga definiu em três pontos a atuação do ex-presidente na Capes. "Nossos objetivos eram a expansão da pós-graduação, a ênfase na capacitação docente, naquela época apenas 13% dos professores universitários tinham pós-graduação, e a criação de um sistema nacional de avaliação da pós-graduação. Esse último, o marco da gestão Darcy Closs, uma iniciativa inédita e pioneira", enfatizou.
Como lembra Formiga, a iniciativa causou impacto significativo nos números da pós-graduação no Brasil. "Saltamos em cinco anos de mil para 14 mil bolsistas no país e de 70 para 1.400 no exterior". O professor Marcos Formiga também destaca a diversificação promovida por Darcy. "Antes, 85% dos nossos bolsistas iam para o Estados Unidos. Com a gestão de Darcy Closs, e sua formação alemã, tivemos a oportunidade de diversificar a matriz do conhecimento brasileiro, enviando estudantes para os mais diferentes países", afirmou.
Internacionalização e democratização
A servidora da Capes, Maria Auxiliadora Nicolato, definiu Darcy Closs como a segunda figura marco da instituição, após o criador Anísio Teixeira. "O ex-presidente incentivou a criação das pró-reitorias de pós-graduação nas universidades brasileiras, dando o primeiro passo para a administração moderna das universidades. Também colocou no horizonte a internacionalização do nosso ensino superior, com diversas iniciativas que não estavam fragmentadas, mas um plano integrado", contou.
Também servidora da casa, Elionara Cavalcanti de Barros, definiu o período de Darcy Closs como "divisor de águas". "Posso afirmar com muita confiança como a Capes foi privilegiada em ter dirigentes como o professor Darcy, responsável por semear o que hoje temos aqui na nova Capes. Quero que os novos colegas servidores conheçam a história dessa instituição, colhemos hoje os frutos de um longo plantio", lembrou.
O processo de internacionalização promovido nos anos 70, também foi lembrado pelo professor e assessor especial da UNESCO no Brasil, Célio da Cunha. "Hoje quando falamos em Ciência sem Fronteiras, temos que lembrar que esse caminhou começou nos anos 70 com a gestão do professor Darcy Closs. Hoje a Capes retoma o projeto dos anos 70 e o lança para o futuro". Foi durante esse período que a agência começou a oferecer bolsas na modalidade sanduíche, que promoviam a internacionalização, geravam economia para o país e não desvinculava o estudante do Brasil.
O diretor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Joaquim Falcão, que trabalhou com Darcy Closs nos anos 70, relatou o ineditismo da gestão face ao momento político que o país atravessava. "A Capes se constituiu como um espaço de participação da comunidade acadêmica. Esse fato constituía, em pleno regime militar, uma inédita ilha de democratização. Tratava-se de uma entrada singular para participarmos de decisões que antes eram fechadas pelo governo. Essa é uma espinha dorsal da Capes até hoje e um legado que deve ser preservado" concluiu.
Família
A cerimônia foi realizada por amigos e colegas de Darcy, com apoio da Capes. A família de Darcy Closs esteve presente no evento: Iria Gehlen Closs (esposa), Eduardo, Henrique, Darcy Jr. e Fernando (filhos), noras, sete netas e um neto.
O filho de Darcy, Henrique Closs, agradeceu a homenagem. "Sempre lembraremos da imagem alegre, cantando e nos incentivando. Isso não nos esqueceremos. Fica a saudade e a certeza de que era uma pessoa muito querida". A neta, Isabele, definiu: "meu avô tinha uma alma de criança. Uma das coisas que mais gostava dele era seu conhecimento".
A esposa de Darcy, Iria Gehlen Closs, ressaltou que resumir em algumas palavras o que foi o convívio de uma vida não é tarefa fácil. "Minha maior rival era a pós-graduação e a pesquisa", brincou. Iria recebeu uma placa em homenagem ao professor.
Histórico
Gaúcho, Darcy Closs formou-se em geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1955), tendo feito pós-graduação na Alemanha como bolsista do DAAD, inicialmente na Universidade de Hamburgo e em seguida na de Tübingen.
Retornando ao Brasil com especialização em micropaleontologia, dedicou-se ao magistério, no curso de geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Datam desta época seus primeiros contatos com as agências financiadoras, mais tarde aprofundados com a coordenação do Centro Regional de Pós-Graduação. Foi um dos articuladores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). Em 1974 foi convidado a assumir a direção executiva da Capes, à frente da qual permaneceu até 1979. Passou também pelo CNPq e pelo Serpro. Também atuou como vice-reitor da Universidade Norte do Paraná (Unopar). O professor morreu em 11 fevereiro de 2013.
( Pedro Matos )