Notícias
Cooperação civil e militar avança em tecnologia e biodefesa
No prédio do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a movimentação de pesquisadores – professores, alunos bolsistas e ex-bolsistas da CAPES – entre dois pequenos laboratórios não deixa dúvida sobre o trabalho que se desenvolve ali. Em parceria com o Exército e no âmbito do Programa Pró-Defesa, agora em sua quarta edição, são estudados agentes biológicos passíveis de serem usados como arma de bioterrorismo.
“O Pró-Defesa III trouxe muitos benefícios no âmbito do Instituto de Biologia do Exército, onde trabalhei com a pesquisa de teste molecular no diagnóstico da varíola”, explica Nádia Vaez, Major Farmacêutica do Exército e bolsista da CAPES no Instituto de Biofísica da UFRJ.
Responsável pelo projeto que trata das novas estratégias preventivas, terapêuticas e de diagnóstico molecular multiplex contra armas biológicas, bacterianas e virais, Nádia está convicta de que o Pró-Defesa IV será muito benéfico para a continuidade do seu trabalho no teste molecular que desta vez vai abranger o diagnóstico diferencial para a varicela e vírus monkeypox , “principalmente porque temos o Exército envolvido em missão de paz na República Democrática do Congo, esse teste é vital para o diagnóstico”, afirma a Major.
Sua coordenadora, Clarissa Damaso, reforça as expectativas positivas em relação ao Pró-Defesa IV, destacando o aumento no número de patógenos a serem detectados com maior rapidez e eficácia, assim como a melhoria dos testes já desenvolvidos no Pró-Defesa III, contra vírus e bactérias diferentes. “O projeto que eu coordeno envolve a biodefesa contra a varíola e também para outros vírus, como o vírus arena e o hantavírus, além de diversos outros patógenos de importância na defesa biológica, como bactérias”, conclui.
Na Marinha, a preparação para a defesa é virtual
Em outro ponto da cidade, no departamento de tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o Pró-Defesa IV financia pesquisa de ponta com realidade virtual. A partir de uma parceria existente há mais de duas décadas entre a PUC-Rio e a Marinha do Brasil, Alberto Raposo, professor de Informática, apresentou o projeto de pesquisa e desenvolvimento de simuladores em apoio às atividades militares, selecionado pela CAPES para participar do Pró-Defesa IV.
Inicialmente com jogos militares e um simulador de blindados, os participantes treinavam técnicas e habilidades específicas em terrenos distintos, como cidade e campo, com ou sem populações ou, ainda, em situações de guerra. O apoio do Pró-Defesa IV, trouxe novos modelos de aparelhagem como simulador de artilharia e o de infantaria. “A ideia desses simuladores é suprir um treino muito difícil de ser feito em realidade não virtual. Seriam necessárias áreas imensas para treinar tiros, deslocamentos de tropas e logística”, explica Raphael Almeida, Capitão de Corveta do Corpo de Fuzileiros Navais e mestrando do programa da PUC-Rio.
Amplamente usada no exterior, a técnica de realidade virtual é muito bem recebida pelos altos comandos militares no Brasil. Os três simuladores são parte de um projeto que envolve ainda inteligência artificial e integração construtiva para o alto escalão. “Para a PUC-Rio, é importante tudo isso. Primeiro porque é o uso do que desenvolvemos aqui em uma situação real e relevante para o País. Segundo, porque a Marinha é parceira antiga e sempre foi uma fonte de alunos para nós”, completa Raposo.
Victor Hugo Dias, doutorando em Biofísica da UFRJ, resume a importância do apoio da CAPES: "Para mim essa bolsa foi muito importante porque representa todo o nosso tempo. São 24 horas dedicadas ao projeto. Significa muito para nós e para o que entregaremos à sociedade no final da pesquisa”.
Sobre o Pró-Defesa
O Programa de Apoio ao Ensino e à Pesquisa Científica e Tecnológica em Defesa Nacional ( Pró-Defesa ), é uma ação do governo brasileiro destinada a fomentar a cooperação entre instituições civis e militares para a implementação de projetos voltados ao ensino, à produção de pesquisas científicas e tecnológicas e à formação de recursos humanos qualificados na área de Defesa Nacional.
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura CCS/CAPES