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INOVAÇÃO
Cientistas usam processo evolutivo contra Aedes aegypti
Cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) conseguiram usar o próprio processo de evolução das espécies para bloquear o sistema sensorial do mosquito Aedes aegypti , causador da dengue. A estratégia foi desenvolvida por pesquisadores do Laboratório de Ecologia Química e Síntese de Produtos Naturais (Lecosin), da UFPR. Nayana Cristina da Silva Santos, bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) participa da equipe.
No trabalho, os pesquisadores sintetizaram uma molécula derivada do ácido lático que tem a capacidade de anular o poder natural do inseto em seguir as chamadas ‘pistas químicas’ exaladas pelos humanos. Estas pistas são, sobretudo, o dióxido de carbono e o ácido lático, captados por receptores presentes nas antenas do Aedes Aegypti .
Ao alterar a molécula do ácido lático, a equipe, liderada por Francisco de Assis Marques, do Departamento de Química da UFPR, conseguiu fazer com que o inseto seja incapaz, temporariamente, de reconhecer esta substância exalada. “Ao perder a capacidade de rastrear e localizar o ácido lático, juntamente com outras substâncias voláteis, conseguimos alterar a capacidade do mosquito de localizar e alvejar o ser humano, transmitindo doenças como dengue, chikungunya e zika”, explica.
A estratégia de desenvolver um repelente a partir de uma molécula com ‘ação atraente’ é inédita e aproveita a alta eficiência de interação do fator ‘atraente’ com os receptores do mosquito para fazer com que a nova molécula funcione de forma contrária. Em testes de laboratório o repelente mostrou atividade de dez horas, constituindo-se em um agente de alta eficiência. A síntese desse novo produto tem sido desenvolvida dentro dos preceitos da chamada Química Verde, que gera substâncias naturais e de baixa toxidade, diminuindo danos ambientais.
Nayana Santos, sente-se “lisonjeada por ter trabalhado com uma equipe tão qualificada na UFPR” e por saber que seu trabalho “poderá vir a ter impacto no mundo inteiro”. Para a doutoranda, a criação de produtos verdes segue “o princípio do desenvolvimento sustentável e podem auxiliar na criação de substâncias que ajudem a salvar milhares de vidas sem provocar toxicidade para o meio ambiente e para o ser humano”.
“Estamos devolvendo à sociedade os investimentos feitos pelo setor público por meio do financiamento de projeto estratégico e com grande aderência social, tendo em vista que as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti se constituem em um dos maiores problemas de saúde pública em nosso país. Para nós, esta inovação é um feito espetacular, e nos estimula cada vez mais a trabalhar”, ressalta Francisco Marques.
O projeto foi iniciado em 2016, atendendo ao chamado para ajudar no combate à epidemia de zika. Francisco Marques destaca que o financiamento do desenvolvimento científico e tecnológico, como, por exemplo, a criação desta nova substância com efeito repelente, é “essencial para dar respostas às demandas sociais que se colocam, como é o caso da COVID-19 na conjuntura atual, e que traz retorno real para a sociedade”.
“O papel da CAPES, do CNPq e do Ministério da Saúde em estruturarem este projeto foi verdadeiramente espetacular. Em um curto período de tempo, as universidades e institutos de pesquisa estão apresentando resultados e trazendo alternativas que podem ajudar o Brasil a se livrar de problemas sanitários graves e que assolam nosso País há muito tempo”, conclui Marques.
Legenda das imagens:
Imagem 1:
Infográfico sobre a ação do repelente desenvolvido pela UFPR
(Foto: Assessoria de Comunicação da UFPR)
Imagem 2:
Nayana Santos, Bolsista da CAPES
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 3:
Francisco de Assis Marques, pesquisador da UFPR (Foto: Arquivo pessoal)
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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