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EXPERIÊNCIA CIENTÍFICA
Cientistas criam mini-cérebro primitivo em laboratório
Pesquisadores brasileiros da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), da Universidade Federal do ABC (UFABC) e da Universidade da Califórnia (EUA), reproduziram em laboratório a ‘criação’ de cérebros humanos a partir de células-tronco. A experiência é o primeiro passo para se comparar o funcionamento dos cérebros humanoides primitivo e moderno.
A pesquisa foi coordenada por Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), e teve a participação de Alexandre Hiroaki Kihara orientador dos programas de pós-graduação Neurociência e Cognição e Biossistemas da UFABC, bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) na categoria Professor-Visitante Sênior no Exterior ( PVE ).
Publicado no periódico científico Science , um dos mais importantes, do mundo, o trabalho usou material genético de espécies humanas extintas, como os neandertais e os denisovanos. A partir de células-tronco pluripotentes, capazes de dar origem a qualquer tecido do organismo humano, os pesquisadores conseguiram “criar” vários mini-cérebros com apenas alguns milímetros de diâmetro, alguns arcaicos e outros contemporâneos.
As primeiras observações feitas pelos pesquisadores indicam que os cérebros arcaicos tinham diâmetro menor e superfície mais rugosa que os formados pelas células dos cérebros modernos. Também foi constatado que nossos antepassados carregavam células que se multiplicavam menos e com índices maiores de apoptose (morte celular programada). Além disso, a atividade neuronal observada mostrou-se mais variada e complexa nos mini-cérebros que expressavam a versão arcaica de um gene específico, o NOVA1.
Para Alexandre Kihara, uma explicação possível para esse dado paradoxal é o fato de que espécies humanas mais antigas, a exemplo do que vemos em primatas atuais, desenvolviam seu sistema nervoso de forma mais rápida que a dos seres humanos modernos. Do mesmo modo, os cérebros com o gene arcaico formariam redes complexas mais velozmente do que os com genes modernos.
A pesquisa ainda está em fase inicial. Os cientistas querem agora realizar a simulação computacional para saber, entre outras coisas, como os cérebros extintos processavam informação e elaboravam o que chamamos de conhecimento. “Nossa pesquisa abre um cenário muito instigante. A grande questão está em tentarmos entender o que fez o cérebro humano atual ser diferente dos cérebros mais antigos”, finaliza Kihara.
Programa Professor-Visitante no Exterior (PVE)
O
PVE
permite que pesquisadores e professores que possuam vínculo empregatício com instituição brasileira de ensino e pesquisa realizem estudos avançados no exterior, após a conclusão do doutorado. A iniciativa é dividida em dois níveis: professor-visitante no exterior júnior, aos que têm até dez anos de doutoramento, e professor- visitante no exterior sênior, destinado aos que possuam o título há mais de uma década.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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