Notícias
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Cientistas brasileiros integram “caça” a planetas
Pesquisadores brasileiros vinculados à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), alguns deles financiados pela CAPES, colaboram com o desenvolvimento do NIRPS ( Near Infra Red Planet Searcher ). O instrumento, informalmente chamado de “caçador de planetas”, será um espectrômetro de operação em infravermelho, utilizado na busca por planetas extrassolares, ou seja, localizados fora do nosso Sistema Solar.
“O NIRPS é o primeiro instrumento no infravermelho dedicado inteiramente à busca de planetas extrassolares. É também o primeiro caçador de planetas com capacidade para descobrir planetas extrassolares similares à Terra”, explica José Renan de Medeiros, coordenador da parte brasileira do projeto. “No contexto nacional, o NIRPS é o primeiro instrumento construído para o ESO com a participação de uma universidade brasileira”, continua o pesquisador, vinculado ao Programa de Pós-Graduação (PPG) em Física da UFRN.
ESO é a sigla em inglês para Observatório Europeu do Sul, que possui um telescópio de 3,6 metros ao qual o NIRPS já está acoplado. Apesar de a organização ter sede na Alemanha, o equipamento está instalado no norte do Chile, no Observatório de La Silla, no Deserto do Atacama. A tecnologia em infravermelho vai usar o método da velocidade radial, ou seja, medir a oscilação que um planeta em órbita causa em uma estrela, para identificar planetas semelhantes à Terra, potencialmente habitáveis.
Com bolsa da CAPES pelo Programa de Pós-Doutorado no Exterior , o cientista Bruno Leonardo Canto Martins passou um ano na Universidade de Genebra, na Suíça, onde se deu grande parte do desenvolvimento do NIRPS. Assim como José Renan, ele é pesquisador do PPG em Física da UFRN.
“Sou responsável pelo planejamento, execução e elaboração de relatórios do projeto no âmbito nacional”, diz Bruno Leonardo. “No meu pós-doutorado, criei e implementei a ETC – Exposure Time Calculator (calculadora de tempo de exposição) do NIRPS. Ela será usada para calcular o melhor tempo de exposição, utilizando parâmetros estelares e do telescópio”, afirma, explicando que é uma medida para deixar mais precisa a busca pelos planetas.
Outro pesquisador que esteve na Suíça foi Allan de Medeiros Martins, que ficou dois anos e meio no Observatório de Genebra. Vinculado ao PPG em Engenharia Elétrica da UFRN, ele recebeu bolsa de Professor Visitante Sênior pelo Programa Institucional de Internacionalização ( PrInt ). Martins criou um software de integração de partes do NIRPS.
“Eu desenvolvi o software para o front-end do NIRPS, que é acoplado diretamente no telescópio, se movimenta junto com o aparelho, recebe a luz que vem pelo telescópio, passa por um sistema bem complexo de ótica adaptativa, processa a luz na fibra e a leva para o back-end , que é o espectrômetro em si”, explica. Essa luz compõe o espectro da estrela, que os cientistas usam para saber se há um planeta em sua órbita, qual tipo de planeta é e se pode ter condições de habitabilidade”, afirma.
Os trabalhos continuam. A UFRN continua a enviar pesquisadores para o exterior. Doutorando em Física, Yuri da Silveira Messias cumprirá uma etapa na Universidade de Montreal, no Canadá, com bolsa de doutorado-sanduíche pelo PrInt . Antes dele e na mesma instituição, Márcio Assunção Teixeira, hoje doutor, recebeu benefício da CAPES para trabalhar na construção do pacote de softwares para redução dos dados observacionais. Já Yuri Messias ficará responsável por uma nova etapa do projeto: tratamento e análise das primeiras medidas observacionais coletadas pelo NIRPS. Mais um passo da contribuição brasileira para um projeto de impacto mundial.
Legenda das imagens:
Imagem dentro matéria :
O telescópio de 3,6 metros "caçador de planetas" fica no Observatório de La Silla, no Deserto de Atacama, no norte do Chile
(Foto: iStock/ ABRIEDOMUNDO)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura CCS/CAPES