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Cientista busca novas terapias contra leishmaniose
Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Alfenas (MG), Patrícia Ferreira Espuri Sepini é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas pela mesma universidade, com Bolsa da CAPES. Seu projeto no mestrado, e agora no doutorado, trata da leishmaniose , uma doença infecciosa grave, causada por parasitas .
O que a motivou a estudar a leishmaniose?
Desde a graduação me interessei pela pesquisa e a primeira oportunidade de trabalhar com parasitos foi encantador. Isso me despertou ainda mais o interesse em ampliar meu conhecimento sobre a doença, além de buscar alternativas que os estudos com base em ciência poderiam trazer para o melhor entendimento desta doença.
Qual a abrangência da doença no mundo hoje?
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a doença é endêmica em 98 países e 616 milhões de pessoas apresentam-se em área de risco de infecção. É classificada como uma das mais importantes doenças tropicais negligenciadas.
Quais os efeitos da doença sobre os seres humanos?
As leishmanioses são um grupo de doenças que apresentam uma diversidade de manifestações clínicas, desde formas mais simples, como as leishmanioses tegumentares, que apresentam lesões na pele e são classicamente divididas em cutânea, cutânea difusa e mucocutânea, quanto a forma mais grave, a leishmaniose visceral, que acomete as vísceras e, se não for tratada a tempo, pode ser fatal.
Qual o método mais comum de se combater a leishmaniose hoje?
Ainda não existe vacina para os humanos e a única forma de tratamento é a quimioterapia. Os fármacos utilizados como primeira escolha são os antimoniais pentavalentes, e os de segunda escolha são anfotericina B, pentamidina e miltefosina.
Quais são suas descobertas no mestrado e doutorado na Unifal?
Durante o mestrado foi desenvolvido um projeto que também buscava avaliar a atividade leishmanicida no contexto
in vitro
e
in vivo
de compostos que apresentavam prata em sua estrutura. Então, observou-se um composto promissor. Nesse trabalho tivemos a parceria de um grupo de pesquisadores da Unesp de Araraquara, que nos cedeu os compostos sintetizados por eles. Já no doutorado, sob orientação do professor Marcos José Marques, com coorientação de Eduardo de Figueiredo, encontramos resultados promissores de alguns compostos derivados da pentamidina que mereceram uma investigação mais aprofundada sobre seus efeitos na
leishmania
. Paralelamente aos projetos de mestrado e doutorado, fiz parte de outros projetos que também avaliavam outros grupos de compostos quanto à sua atividade leishmanicida, como os derivados de triazóis, de miltefosina, de Licarina A e benzofenonas, dentre outros. A partir desses trabalhos, o grupo de pesquisa publicou artigos publicados e tem outros em processo de desenvolvimento para publicação.
Você busca apresentar uma nova terapia? Qual?
O objetivo principal é buscar por novos alvos terapêuticos para o tratamento da leishmaniose, já que os fármacos utilizados apresentam alta toxicidade e diversos outros problemas como efeitos colaterais, resistência parasitária, recidiva. Nesse contexto, optamos por realizar modificações moleculares na estrutura da pentamidina, visando melhorar sua atividade e reduzir a toxicidade.
Qual eficácia da pentamidina no tratamento da leishmaniose?
A pentamidina é um fármaco de segunda escolha no Brasil e apresenta problemas no tratamento dos pacientes, como a sua toxicidade. Essa, consequentemente, leva a uma diversidade de efeitos colaterais e, em alguns casos, à resistência parasitária e recidivas. Adicionalmente, este fármaco também pode causar efeitos indesejáveis, como nefrotoxicidade, efeitos hepáticos, náuseas, vômitos, dentre outros.
Quais os resultados encontrados até o momento em suas pesquisas?
Até o momento foram observados resultados promissores de três compostos que estão sendo avaliados quanto à atividade leishmanicida que apresentam baixa toxicidade quando comparados com os fármacos de referência, pentamidina e anfotericina B, nos contextos
in silico
e
in vitro
.
Qual importância da CAPES para a sua trajetória?
A CAPES contribui com o amparo e manutenção das minhas pesquisas, sendo de extrema relevância para todo o desenvolvimento do projeto e no meu próprio desenvolvimento pessoal, como pesquisadora.
Legenda das imagens:
Banner e imagem 1:
Células infectadas por leishmania
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 2:
P
atrícia Ferreira Espuri Sepini é doutoranda em Ciências Farmacêuticas na UNIFAL
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 3:
Material de laboratório utilizado na pesquisa
(Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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