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DIA DA MULHER
CAPES promove debate sobre ciência, pós-graduação e gênero
A participação das mulheres na pós-graduação e na ciência e a violência de gênero nas universidades pautaram o seminário ‘Educação: palavra feminina’, realizado pela CAPES nesta quarta-feira, 8 de março. Houve duas apresentações e uma reflexão sobre o papel de agências de fomento na redução das desigualdades entre mulheres e homens. Mercedes Bustamante, presidente da CAPES, lembrou que a equidade de gênero é o 5º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) traçado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na Agenda 2030.
Em sua fala a gestora apontou um dado relevante: “na pós-graduação, temos mais bolsistas mulheres e mais formandas. A dificuldade é incrementar os números nas etapas mais altas da carreira. E a CAPES tem um papel importante como indutora, como agência de fomento”. A informação tem como base dados da CAPES relacionados ao ano de 2021. Eles apontam que 54% dos estudantes da pós-graduação stricto sensu são mulheres. Isso significa 221 mil alunas de um universo de 405 mil nos cursos de mestrado e doutorado. Entre professores, porém, o cenário se inverte: 57% são homens.
Leticia de Oliveira, professora-titular e presidente da Comissão Permanente de Equidade de Gênero Universidade Federal Fluminense (UFF), frisou que a equidade de gênero é encontrada em apenas 34% das áreas do conhecimento. “Na ciência, há baixa representação em posições de destaque e liderança (segregação vertical) e baixa representação nas áreas de Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar (segregação horizontal)”, afirmou.
A menor inserção feminina em relação à masculina é parte de uma construção social. A academia, como a maior parte dos setores intelectuais e profissionais da sociedade, teve seus pilares construídos por e para homens. Isso tem consequências até para a segurança das mulheres, como exposto por Tânia Mara de Almeida, professora da Universidade de Brasília (UnB), no Panorama da violência contra as mulheres nas universidades brasileiras .
“A ciência moderna foi construída com a exclusão das mulheres dos seus espaços de poder. É um fenômeno social e não pontual e, portanto, precisa ser enfrentado com políticas públicas, de maneira a tratar de forma eficiente essa questão”, disse Tânia Mara. “No Brasil, a violência dos docentes, alunos e funcionários contra as docentes, alunas e funcionárias começou a ganhar maior repercussão só a partir dos anos 2000”, continuou. Marcia Serra Ferreira, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), adicionou: “Somos um País no qual, infelizmente, a violência contra a mulher está dentro de nossas casas e dos nossos postos de trabalho. Cabe a nós, das instituições públicas, apoiar a luta das mulheres”.
Em uma sociedade que já proibiu por lei o voto feminino, é fato que a ocupação dos espaços de poder pelas mulheres aumentou ao longo dos anos. A busca por direitos, no entanto, é perene, como bem observou Márcia Abrahão, reitora da Universidade de Brasília (UnB): “Não podemos nos conformar com o que já conquistamos. Temos muito a fazer ainda em prol do nosso País. As dificuldades são imensas e as mulheres sofrem muito mais, porque a responsabilidade recai muito mais sobre elas, sobre nós”.
Sobre o Dia Internacional da Mulher
O Dia Internacional da Mulher é celebrado a cada 8 de março e simboliza a luta feminina para ter direitos equiparados aos dos homens. Oficializada em 1970 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data originalmente remetia à reivindicação de igualdade salarial, mas hoje também serve como combate ao machismo e à violência de gênero.
Legenda das imagens:
Banner e imagem 1:
Mercedes Bustamante disse que a CAPES, como agência de fomento, tem o papel de promover a equidade de gênero
(Foto: Naiara Demarco - CGCOM/CAPES
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Imagem 2:
O evento "Educação: palavra feminina" foi realizado no auditório da CAPES, em Brasília
(Foto: Naiara Demarco - CGCOM/CAPES
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A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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