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Capes homenageia o criador da Àrea Interdisciplinar
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) prestou homenagem na última quarta-feira, 4, ao professor Luiz Bevilacqua, pioneiro e idealizador da área Interdisciplinar, que hoje compõe a grande área Multidisciplinar.
A área foi criada em 1999, quando Bevilacqua propôs à Capes a formação de uma comissão onde propostas de cursos que não se encaixassem no canônico do disciplinar pudessem ser consideradas.
A homenagem foi realizada durante a terceira semana da Avaliação Trienal, em que estiveram reunidos os consultores das áreas Ciências Biológicas I, II e III, Ecologia e Meio Ambiente, Biotecnologia, Ensino de Ciências e Matemática, Interdisciplinar, Materiais, Letras e Lingüística, Artes e Música, Zootecnia e Recursos Pesqueiros.
O presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães, que foi companheiro de Bevilacqua como consultor da avaliação da Capes em 1986, falou da importância do professor para a pesquisa brasileira. “Ele é uma pessoa que possui uma contribuição enorme para a pós-graduação, que viveu para o avanço do conhecimento e honrou a ciência e a tecnologia no país”, afirmou.
Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pedro Pascutti, a tarefa de Bevilacqua é visionária. “Ele se esforçou para que as disciplinas olhassem por cima de seus muros e conversassem com suas vizinhas sobre interesses comuns. Hoje, essas barreiras não são mais tão altas assim”, explicou Pascutti, que também é coordenador adjunto da área Interdisciplinar.
Cooperação
Na ocasião da cerimônia, o homenageado Luiz Bevilacqua aproveitou para destacar a importância do trabalho coletivo da consolidação da área. “Isso tudo não se faz sozinho. Aceito a homenagem com muita emoção, mas sei que se trata de um trabalho coletivo. Uma pessoa pode dar a centelha, mas o fogo se faz com cooperação”, disse.
Com graduação em engenharia civil e doutorado em mecânica teórica e aplicada nos Estados Unidos, Luiz Bevilacqua projetou as tubulações das usinas nucleares de Angra dos Reis e coordenou a criação dos Moinhos de Bola para Vale do Rio Doce. Atualmente, trabalha na modelagem de sistemas biológicos e sociais como o espalhamento da malária e a dinâmica populacional do pirarucu. Também desenvolve uma teoria com aplicações em processos bioquímicos no espaço intracelular do cérebro.
Indagado sobre a capacidade de se envolver com tantos projetos diferentes, Bevilacqua mais uma vez demonstra humildade. “Eu não sabia que tinha sido tanta coisa”, desconversa.
Área interdisciplinar
A grande área Multidisciplinar conta com quatro áreas de avaliação: Interdisciplinar; Ensino de Ciências e Matemática; Materiais; e Biotecnologia. A área Interdisciplinar é, de acordo com o diretor de Avaliação, Livio Amaral, a área do conhecimento que mais tem crescido nos últimos anos. Hoje são 80 consultores para avaliar os mais de 200 programas existentes, além de mais de 220 propostas de cursos novos que deverão ser julgadas até o fim do ano.
Para o professor Roberto Pacheco, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), vários fatores convergem para explicar esse crescimento. “Entre eles, vale enumerar o aumento da consciência de que para solucionar uma série de questões de importância social e econômica é preciso uma convergência de disciplinas e a criação de espaços científicos pra esses novos saberes”.
Segundo a professora da UnB, Sônia Nair Báo a Área Interdisciplinar possui uma vantagem para novos grupos de pesquisa, pois “permite que grupos que ainda não tem uma densidade consigam se agregar e crescer”. A professora explica que muitas instituições conseguiram decolar e implantar a pós-graduação a partir de associações.
O coordenador da área durante a avaliação trienal, professor Arlindo Philippi Junior, explica que a análise de cursos de pós-graduação interdisciplinares é focada no processo e no método interdisciplinar de produzir o conhecimento. Estes fatores são aplicados a todas as áreas do conhecimento no processo de avaliação.
Para Philippi Junior, o conhecimento interdisciplinar traz uma diversidade positiva ao conhecimento científico. “Os métodos e processos interdisciplinares geralmente inserem certas criatividades e determinadas inovações na forma como o problema é identificado. Por meio da interação de diferentes olhares disciplinares se permite a identificação de soluções mais apropriadas”, disse.
Para saber mais sobre a grande área Multidisciplinar, acesse a tabela de áreas do conhecimento e os documentos da área interdisciplinar .