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Capes e CIRM discutem ações voltadas para as Ciências do Mar
Apontada como uma das áreas recomendadas para o doutorado pleno e com um novo edital exclusivo, prestes a ser publicado, as Ciências do Mar terão atenção especial da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em 2009, sendo inclusive considerada área de atuação estratégica da Agência. O fomento à Oceanografia, Engenharia de Pesca e Biologia / Geologia Marinhas, dentre outras, surgiu do atendimento pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) às demandas advindas de vários setores da sociedade.
Projetos como esse dependem de uma articulação e integração de diferentes órgãos. Em consonância com essa prioridade, a Capes deu mais um passo na consolidação de parcerias. Na última quarta-feira, dia 3, o Coordenador Geral de Programas Estratégicos, professor Luciano de Azevedo, participou como representante da Capes da 110ª Sessão da Subcomissão para o Plano Setorial para os Recursos do Mar (PSRM), da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), que é a organização militar da Marinha do Brasil responsável pela condução das atividades técnicas e administrativas da CIRM.
Integração
A CIRM é coordenada pelo Comandante da Marinha e composta pela Casa Civil, 14 ministérios, 02 Secretarias e a própria Marinha do Brasil. Conta, ainda, com a participação efetiva da sociedade acadêmica, comunidade científica e do setor empresarial, o que facilita a articulação entre os diversos setores da sociedade por um objetivo comum. Entre os 17 membros que compunham a mesa da reunião da Subcomissão para o PSRM, estavam presentes representantes dos Ministérios da Defesa, das Relações Exteriores, da Educação, da Ciência e Tecnologia, de Minas e Energia e do Meio Ambiente, além do Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade. A Capes é a representante do MEC naquele colegiado.
Integração é a palavra de ordem para os trabalhos da CIRM. Para o Subsecretário do PSRM, Capitão-de-Mar-e-Guerra Carlos Frederico Simões Serafim, a articulação não pode acontecer apenas entre os poderes. "Devemos trabalhar também com o setor produtivo, acadêmico e científico", afirmou. Daí, a importância da presença da Capes e a troca de experiências entre os diversos segmentos da sociedade, fim de alavancarmos a cadeia produtiva do mar, que passará pela geração do conhecimento, pelo desenvolvimento de novas tecnologias e/ ou aproveitamento das existentes, além de promover a inovação em produtos, serviços e processos. O PSRM é o plano do Brasil para o aproveitamento sustentável dos recursos do mar.
Monitoramento do mar
Após as boas-vindas, com aprovação da Ata e de uma agenda, cada participante da sessão fez uma breve apresentação das atividades de cada programa do PSRM, com balanços de 2008 e planos para 2009. A primeira exposição ficou por conta da professora Janice Trotte, da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha. Ela coordena o programa GOOS-BRASIL, (http://goosbrasil.org) que desenvolve atividades de monitoramento oceanográfico e climatológico no Atlântico Sul e tropical.
O GOOS é um bom exemplo de projeto com cooperação científica internacional e de parcerias com setores diversos do governo brasileiro. Das parcerias nacionais, existe um acordo com a Marinha para a disponibilidade de navios oceanográficos e outro com o Ministério do Meio Ambiente para gerar políticas públicas, a partir de dados da erosão costeira. No campo externo, há parceria com o Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento com os Estados Unidos, a qual gerou um artigo publicado no renomado Bulletin of the American Meteorological Society (BAMS).
Uma das dificuldades do projeto é a aquisição e manutenção de equipamentos. Uma bóia de fundeio chega a custar 250 mil dólares. A professora também revelou a escassez de mão-de-obra qualificada. "É preciso conceder bolsas, não necessitamos apenas de recursos para aquisição de sensores", explicou. O trabalho de monitoramento marinho pode, entre outros, ajudar a evitar tragédias como a que aconteceu recentemente em Santa Catarina.
Estações científicas
O Capitão Tenente Marco Antônio Carvalho de Souza apresentou o Programa Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Proarquipélago), que está em vigor desde 1998. Há dois anos, devido a fortes ondas, a estação científica foi danificada. Era preciso construir uma nova estação e mudar a sua localização, o que foi possível com as parcerias firmadas entre a Marinha, MCT(CNPq), Ibama, Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) e Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Em junho deste ano, com a instalação da nova estação, as pesquisas científicas prosseguiram. Foram instalados sistemas de geração de energia fotovoltaica (energia limpa), dessanilizador e comunicações por satélite (internet e telefonia), além de contar com laboratórios e equipamentos científicos de última geração. A estação antiga foi desmontada, tendo os escombros sido removido para o continente, desempactando-se totalmente aquela área. A que ressaltar as dificuldades envolvidas nas operações de construção e remoção do material, em face das condições inóspitas daquela remota região do Brasil.
Estudantes ao mar
A prioridade da formação de redes com o novo edital para Ciências do Mar - Brasil foi o ponto central da apresentação da Capes, na reunião da Subcomissão para o PSRM, em comento. O professor Luciano de Azevedo frisou que existe uma quantidade significativa de recursos para essa área, 600 mil reais por ano. Falou também dos planos que contemplam ações no exterior, nas melhores Instituições de Ensino que lecionam Ciências do Mar. Concluiu com a assertiva de que "As Ciências do Mar são uma ação prioritária da Capes em 2009". A previsão é de que o edital seja publicado em janeiro.
A Capes é integrante do PPG-Mar, programa de Estado que é coordenado pelo MEC, por meio de um Comitê Executivo, que objetiva a Consolidação e Ampliação dos Grupos de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências do Mar. Uma das ações do Comitê é a de promover a experiência embarcada, para isso, a SECIRM, por meio de convênio com a Petrobrás, disponibiliza óleo diesel para as Universidades, incentivando-as à obtenção e/ou afretamento de embarcações para a promoção da pesquisa no mar pelos estudantes.
A iniciativa ajuda a resolver o problema dos alunos de Ciências do Mar, das mais diferentes áreas, que durante o curso não completam suas cargas horárias de embarque previstas. Além do óleo diesel, a Marinha também disponibiliza embarcações para programas e projetos de pesquisa. Há parcerias com universidades e com empresas como a Petrobrás. Em 2009, estão previstos cerca de 300 dias de mar, o que implica no fornecimento de mais de 3 milhões de litros de óleo diesel.