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Capes comemora resultados da Escola de Altos Estudos
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) encerrou o ano de 2008 com um balanço positivo da Escola de Altos Estudos (EAE), programa criado com o objetivo de promover a vinda de professores e pesquisadores de reconhecimento internacional para ministrar cursos de nível avançado no Brasil. Lançado pelo Ministério da Educação (MEC), sob a responsabilidade da Capes, a EAE visa fortalecer, ampliar e qualificar os programas de pós-graduação stricto sensu - mestrado, doutorado e pós-doutorado - das instituições brasileiras.
O número de cursos realizados em 2008, por meio da EAE, mais do que duplicou em relação ao ano anterior. Passou de 15 cursos, em 2007, para 32, este ano. Outros três cursos já estão aprovados, mas serão realizados apenas em 2009. Há ainda cinco propostas em fase de análise. Os números comprovam o sucesso da iniciativa e a tendência de crescimento do número de instituições interessadas. Em 2006, ano de criação da EAE, aconteceu apenas um curso.
Para a coordenadora de Projetos Especiais da Capes, Idelazil Talhavini, a ampliação do número de propostas deve-se à maior divulgação da EAE, que despertou o interesse dos coordenadores de programas de pós-graduação. "Pode aumentar ainda mais", destaca. Afinal, a presença de vencedores do Prêmio Nobel, ministrando cursos e palestras, representa uma respeitável referência para qualquer curso.
A expectativa para 2009 é de que o número de propostas de cursos dentro da EAE seja ainda maior, o que deve garantir o incremento da pesquisa científica brasileira e o estreitamento da relação entre nossos pesquisadores e cientistas e os mais respeitados centros de pesquisa no mundo. Para isso, a EAE conta com o entusiasmo do ministro da Educação, Fernando Haddad: "Queremos fomentar o intercâmbio de docentes e pesquisadores de alto nível, como reforço aos programas de pós-graduação stricto sensu brasileiros".
A Escola
A Escola de Altos Estudos é desenvolvida com recursos da Capes, que repassa até R$ 150 mil para cada curso aprovado. O valor é utilizado em passagens aéreas, hospedagem e apoio operacional. Todos os cursos são documentados e passam a integrar o acervo da Capes. Desde a criação da Escola, 54 propostas foram aprovadas. Destas, 43 foram implementadas. Já foram investidos no programa mais de R$ 3,5 milhões.
Os cursos ministrados pelos especialistas estrangeiros têm curta duração e somam créditos para o programa de pós-graduação dos participantes. A Capes incentiva a formação de consórcios entre as universidades para ampliar o acesso aos cursos. "A idéia é que o maior número possível de alunos de pós-graduação, de professores e pesquisadores tenham acesso às escolas que acontecem", esclarece a coordenadora de Projetos Especiais da Capes, Idelazil Talhavini.
O curso deve contar créditos também para quem participa via internet ou teleconferência. Para Idelazil, os objetivos da Escola vêm sendo atingidos. "Todos os relatos que temos em relação aos cursos são positivos. É uma pena que tenhamos poucas propostas, pois os professores que queremos trazer têm uma agenda muito disputada", comenta a coordenadora.
Prêmios Nobel no Brasil
As experiências mais recentes da EAE deram demonstrações do grande potencial do programa. O curso "A Ciência e a Tecnologia de Semicondutores: Passado, Presente e Perspectivas Futuras", realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, reuniu nada menos que cinco vencedores do Prêmio Nobel, além de outros pesquisadores internacionalmente premiados. De acordo com a coordenadora do curso, professora Belita Koiller, o curso foi uma ótima oportunidade para que estudantes brasileiros assistissem a palestras às quais dificilmente teriam acesso.
O curso teve uma grande procura. Foram inscritos 98 alunos de doutorado e 78 de mestrado. "Tivemos participantes de todas as regiões do Brasil. Para isso, o sistema de transmissão por videoconferência foi fundamental", disse a professora, informando que 66 participantes utilizaram esse formato. Cada estudante pôde ter grande aproveitamento, devido ao nível dos palestrantes e a amplitude dos temas abordados. "As palestras foram da introdução ao conceito até as fronteiras do conhecimento atual", disse. Todos os participantes receberão as palestras gravadas em DVD.
Outro caso de sucesso da EAE foi o curso "Tópicos Avançados em Neurologia", promovido pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP). Sob a responsabilidade do professor João Pereira Leite, membro titular do Conselho Técnico-Científico do Ensino Superior e coordenador da Área de Medicina II da Capes, o curso contou com 13 pesquisadores estrangeiros de alto padrão.
O resultado foi tão positivo que levou à criação de uma nova disciplina de pós-graduação, "Neurociência Contemporânea, Epilepsias e as Artes", que contou com quase 30 alunos inscritos. O curso também rendeu a vários alunos oportunidade de elaborar trabalhos colaborativos e convites para conduzir pesquisas no exterior, junto aos professores convidados.
Para o professor Wilson Marques Jr, responsável pela disciplina Tópicos Avançados em Neuropatias Hereditárias, o curso proporcionou avanço no conhecimento científico e oportunizou a troca de idéias e projetos colaborativos com pesquisadores de alto nível. O professor definiu a EAE como "uma oportunidade única, ao permitir um contato prolongado de um grande número de alunos com especialistas e pesquisadores de elevada capacitação. Abre as portas do exterior aos pesquisadores brasileiros".
Professor da disciplina "Tópicos Avançados em Epileptologia e Neuroimagem Funcional", Csaba Juhasz, da Wayne State University School of Medicine, afirmou, em carta enviada à coordenação do curso, estar impressionado com o profundo conhecimento demonstrado durante as discussões. "Estou convicto de que os cursos podem verdadeiramente estimular novas pesquisas e aperfeiçoar a prática clínica no seu país", destacou.
Como apresentar propostas
Para apresentar propostas, as universidades precisam oferecer cursos e programas de pós-graduação stricto sensu, preferencialmente com nota igual ou superior a cinco, nos processos de avaliação da Capes. As sociedades de pesquisa científica devem ser credenciadas junto à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). As inscrições podem ser feitas ao longo de todo o ano, pelo sítio da Capes.
A proposta é encaminhada a um consultor ad hoc, que faz a análise de mérito científico, sobre os reais benefícios do curso quanto à formação de recursos humanos de alto nível. A recomendação do consultor deve ser homologada pelo diretor de Relações Internacionais da Capes, Sandoval Carneiro Júnior.
O edital e outras informações estão disponíveis no portal da Capes (www.capes.gov.br).