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CIÊNCIA E SAÚDE
Café e antibióticos podem ser riscos para água de Boa Vista
Cientistas das Universidades Federal de Roraima (UFRR) e do Rio Grande do Sul (UFRGS) identificaram cafeína e amoxicilina em um rio, o Branco, e dois igarapés – Grande e Mirandinha – que abastecem a cidade de Boa Vista (RR). No projeto, financiado pela CAPES pelo Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) na Amazônia Legal , foram encontradas bactérias multirresistentes a antibióticos em amostras coletadas em pontos de captação hídrica na cidade.
O estudo se centrou nessas duas substâncias porque o café é uma das bebidas mais consumidas do mundo. Assim, a cafeína é um bom indicativo de poluição da água. Já a amoxicilina aparece devido ao aumento no uso de antibióticos durante a pandemia de COVID-19. Os perfis de susceptibilidade das bactérias encontradas foram traçados para diversos remédios antibacterianos como azitromicina, amicacina, ciprofloxacina e a própria amoxicilina.
“A cafeína é um indicador de contaminação por esgotos domésticos, porque é a segunda bebida mais consumida no mundo. Se há presença nos mananciais é porque há ocorrência de esgoto, e nós encontramos quantidades de 170 a 200 microgramas por litro, que são altas”, explicou Leovergildo Rodrigues Farias, pesquisador vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da UFRR. “Pelo alto uso de antibióticos na pandemia, a amoxicilina e outros medicamentos são preocupantes, porque fazem proliferar bactérias multirresistentes nos mananciais que abastecem Boa Vista”, continua.
Marcos Vital, coordenador do projeto e pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, afirma que a presença dessas substâncias na água são um risco para a saúde pública. Nesse ponto, o cientista é categórico: “Já existe um impacto. A água está afetada, contaminada, por essas substâncias”. O objetivo é que os resultados, parcialmente divulgados em artigo publicado na Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais , possa levar à formulação de políticas públicas que imponham limites legais às quantidades desses contaminantes que podem ser encontradas nos mananciais.
Para apoiar a pesquisa, a CAPES vai conceder, ao todo, R$200 mil para a UFRR. O valor será dividido em quatro subprojetos, um dos quais é esse. Nessa ação, os recursos de custeio, serviram, por exemplo, para comprar reagentes. “Contaminantes emergentes, como a cafeína e a amoxicilina, são um problema global por não serem legislados. E no Brasil é incipiente esse tipo de estudo”, conclui Leovergildo.
Sobre o Programa
O
PDPG na Amazônia Legal
incentiva o desenvolvimento dos programas de pós-graduação em áreas estratégicas na região, que engloba os estados da região Norte, Maranhão e Mato Grosso (59% do território brasileiro). Serão oferecidas 488 bolsas: 130 para mestrado, 90 para doutorado e 268 para pós-doutorado. O investimento em cada projeto será de até R$627,2 mil, dos quais R$200 mil são destinados ao custeio.
Legenda das imagens:
Banner e imagem dentro da matéria:
Leovergildo Rodrigues Farias, pesquisador vinculado ao PPG em Recursos Naturais da UFRR, conduziu os trabalhos em Roraima
(Foto: Naiara Demarco - CGGCOM/CAPES)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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