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Brasil não deve se prender a modelos de desenvolvimento de cidades dos EUA, diz expositora
A pesquisadora da Universidade de Cinccinati, Johanna Looye apresentou argumentos que demonstram que o Brasil não deve se prender a modelos de desenvolvimento das cidades dos Estados Unidos e Europa. Looye foi uma das expositoras internacionais do Seminário Internacional A Metropolização Brasileira e os Desafios da gestão Urbana: O Papel da Pós-graduação que encerrou nesta quarta-feira, 9.
A pesquisadora trouxe sua experiência de projetos conjuntos entre Brasil e EUA para refletir sobre a gestão metropolitana brasileira. Com exemplos de pesquisa no setor informal no Ceará, trabalhos de despoluição do Rio Carioca e o mais recente processo de ocupação das favelas do Rio de Janeiro, a professora norte-americana forneceu argumentos de que os países da América do Sul devem encontrar seus próprios meios de governança da vida social. "A história não é linear, não é como se a América Latina tivesse que desenvolver as cidades da mesma forma que na Europa e nos EUA. Vocês devem olhar para a situação que tem em vez de procurar exemplos", explicou.
Johanna Looye realizou sua apresentação no último painel do evento, Política Urbana e Governança Metropolitana, formado por especialistas que realizaram exposições sobre os desafios e empecilhos de uma atuação articulada, no âmbito metropolitano, entre os diferentes entes federativos – municípios, estados e federação.
O debate foi mediado pelo jornalista Julio Moreno, da TV Cultura, que iniciou o painel relembrando a frase do ex-prefeito de São Paulo, Figueiredo Ferraz, que em 1972 disse que São Paulo precisava parar. "A frase emblemática nos ajudou a acabar com a confusão entre gigantismo urbano com progresso". Para Moreno, existiram avanços nesse período, mas ainda há avanços necessários. "Passados 40 anos, o desafio continua no ar. Hoje os municípios têm mais autonomia, mas ainda precisamos de mais integração", afirmou o jornalista.
Norma Lacerda Gonçalves, da Universidade Federal de Pernambuco, defendeu que o real funcionamento da governança nas metrópoles depende de um componente político. A professora trouxe exemplos positivos de experiências em Belo Horizonte, João Pessoa e Goiânia, que incorporaram aos conselhos metropolitanos representante das universidades. "A problemática das metrópoles deve mobilizar mais a pesquisa para, assim, construirmos uma governabilidade democrática da metrópole como espaço político", concluiu.
Para o pesquisador Jeroen Klink, da Universidade Federal do ABC, há um descompasso entre a importância da gestão do espaço metropolitano e a ausência de mecanismos de governança. Segundo o pesquisador o desafio da academia é combinar crítica teórica com práxis de governança. "Precisamos enxergar a dinâmica da metrópole como lócus privilegiado para a pesquisa interdisciplinar em prol da transformação do espaço urbano-regional", argumentou.
O Seminário Internacional A Metropolização Brasileira e os Desafios da gestão Urbana: O Papel da Pós-graduação, promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), foi composto por seis painéis e discutiu os problemas e as fragilidades das metrópoles brasileiras, destacando os temas que nortearão as ações da Capes na indução da pós-graduação brasileira.
Acesse o site do evento.
Pedro Matos
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