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Bolsista utiliza bactérias para o melhor rendimento dos feijoeiros
Agrônomo graduado pela Universidade José do Rosário Vellano (UNIFENAS), Bruno Ewerton da Silveira Cardillo é mestre em Ciência na área de Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP).
Fale um pouco sobre o seu trabalho. Como se deu o seu interesse?
Na graduação tive o primeiro contato com as bactérias promotoras do desenvolvimento das plantas (
Azospirillum brasilense
). Ali desenvolvi um trabalho de iniciação científica com a cultura do milho.
Posteriormente, já no mestrado, tive o prazer de ser orientado pelo Dr. Messias José Bastos de Andrade que me confiou uma parte de seu projeto de pesquisa.
Então pude trabalhar com a cultura do feijoeiro ( Phaseolus vulgaris L ) avaliando métodos de aplicação do Rhizobium tropic i em conjunto ao tratamento fungicida de sementes. Este fato despertou ainda mais meu interesse sobre a fixação biológica de nitrogênio em Fabáceas (Leguminosas).
Assim, com o interesse e os conhecimentos adquiridos sobre os benefícios das bactérias para o desenvolvimento das plantas, elaborei um projeto de pesquisa para meu doutoramento, de forma a abranger o uso das duas bactérias ( Rhizobium tropici e Azospirillum brasilense ) na cultura do feijoeiro. Com a orientação da professora Dra. Ana Dionísia da Luz Coelho Novembre resolvemos relacionar os métodos de aplicação deste microrganismo com o rendimento e a qualidade das sementes produzidas pelas plantas.
Qual o objetivo da pesquisa?
O objetivo com a pesquisa foi avaliar as interferências da aplicação de 20 kg ha-1 de nitrogênio no sulco da semeadura, associada aos diferentes métodos de inoculação com
Rhizobium tropici
e/ou, com
Azospirillum brasilense
para o rendimento da planta, qualidade das sementes e para os custos de produção no cultivo do feijoeiro (
Phaseolus vulgaris L
). O cultivar utilizado foi o IAC Milênio (nome comercial do grão). As plantas foram cultivadas nas safras “da seca” e “do inverno”, em semeadura convencional ou direta, com irrigação por aspersão.
Qual a importância do trabalho para a realidade brasileira? E no âmbito internacional?
Estudos que buscam entender, desenvolver e aprimorar as técnicas de inoculação destes microrganismos são de suma importância para agricultura brasileira.
Os resultados desta pesquisa, em conjunto com outros trabalhos relacionados, mostram ser possível a utilização destas bactérias no cultivo do feijoeiro para obter elevado rendimento das plantas, reduzir o uso de fertilizantes nitrogenados, bem como o custo de produção, e contribuir para uma agricultura sustentável.
Entretanto, vários aspectos devem ser observados para se alcançar o sucesso na fixação biológica de nitrogênio (FBN) no feijoeiro. Entre eles está o nível tecnológico usado pelo produtor, como o uso da irrigação, do manejo integrado de pragas e doenças, o nível de fertilidade e a estrutura do solo de cultivo. Além disso, as boas práticas de inoculação, seguindo a recomendação do fabricante do inoculante ou do profissional responsável, favorecem o sucesso no uso destes microrganismos.
Para o cenário internacional a utilização desta tecnologia está ligada, principalmente, aos países de clima tropical que podem usufruir de tecnologias e métodos de cultivo semelhantes aos do Brasil, visando a redução do uso de fertilizantes nitrogenados que oneram o custo de produção do feijoeiro.
O que ele traz de diferente daquilo que já é visto na literatura?
Vimos neste trabalho que as plantas do feijoeiro adubadas com 20 kg ha-1 de nitrogênio no sulco da semeadura em conjunto à inoculação com
Rhizobium tropici
, nas sementes ou no sulco da semeadura, e com
Azospirillum brasilense
, nas sementes, ou no sulco da semeadura ou nas folhas da planta em diferentes estágios de desenvolvimento, produziram de modo semelhante às plantas adubadas com até 80 kg ha-1 de nitrogênio. Ou seja, com a inoculação dos microrganismos podemos substituir até 60 kg de nitrogênio por hectare. Além disso, a qualidade das sementes produzida também foi similar entre os tratamentos, evidenciando ser possível produzir sementes de qualidade no feijoeiro a partir de plantas inoculadas com estes microrganismos.
Qual a importância do apoio da CAPES?
O apoio da CAPES, por meio da concessão da bolsa de estudos foi de suma importância para o desenvolvimento da minha pesquisa e para manter minhas necessidades básicas de vida. Sem a bolsa de estudos eu não conseguiria executar a pesquisa e obter o título de doutor em Ciências (Fitotecnia) pela USP/ESALQ.
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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