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Bolsista representa a língua portuguesa na Jornada Europeia das Línguas
A bolsista de pós-doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Marcela Magalhães de Paula, representou a língua portuguesa e deu uma conferência na Jornada Europeia das Línguas, evento oficial da Comissão d'Europa, na Universidade La Tuscia, na Itália, em setembro de 2015. Marcela foi indicada pelo Departamento de Promoção da Língua Portuguesa (DPLP) do Ministério das Relações Exteriores (MRE) para representar a Embaixada do Brasil e a Língua Portuguesa, vertente brasileira, no evento em questão.
A bolsista explica que o evento surgiu em 2001, quando a União Europeia declarou o dia 26 de setembro como "Dia Europeu das Línguas". “Trata-se de um dia para celebrar a diversidade linguística, o multilinguismo e a aprendizagem de línguas ao longo da vida dos estudantes e cidadãos europeus. É uma iniciativa organizada pelo Conselho Europeu e a União Europeia destinada a jovens e idosos que são convidados a descobrir uma nova língua ou a aprender as competências linguísticas já adquiridas, como também para os professores e educadores que são, assim, estimulados a elaborarem estratégias para facilitar a aprendizagem de línguas e apoiar programas destinados a promover a língua”, explica.
O tema proposto na conferência foi o Tropicalismo e o Modernismo brasileiro. “Na ocasião, fui chamada para representar a língua portuguesa, vertente brasileira, por meio de uma conferência intitulada: ‘A língua portuguesa, o modernismo brasileiro e o tropicalismo’. A participação foi muito importante, pois rendeu um convite formal de intercâmbio direto entre os professores, alunos do mestrado na Unilab e o Departamento de Letras da Universidade de Viterbo, local onde ocorreu a conferência” conta Marcela.
Novos projetos
O evento também permitiu um importante convite à bolsista por parte do governo brasileiro. “A partir desta conferência, surgiu um convite por parte da Embaixada no Brasil em Roma para que eu desenvolvesse um projeto piloto para o Departamento de Promoção da Língua Portuguesa (DPLP) do Itamaraty de elaboração e desenvolvimento de cursos online de Português como Língua Estrangeira, que, no futuro próximo, poderá beneficiar muitos indivíduos que querem aprender ou aperfeiçoar o idioma português em todas as partes do mundo. Inclusive alunos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) que, apesar de terem nascido em países que falam o português, não dominam a língua de forma satisfatória.”
Além disso, a partir da mesma viagem, Marcela foi convidada a compor a equipe de investigadores do Projeto “A Nona Ilha”, em Portugal, que tem como objetivo contar as histórias de vidas dos migrantes portugueses pelo mundo. “Sob a coordenação do professor Alberto Vieira, presidente do Centro de Estudos da História do Atlântico (CEHA – Portugal), a proposta tem como objetivo coletar histórias de vida de imigrantes de Portugal e descendentes para a constituição de um corpus oral e à publicação de obras teóricas em Ciências Sociais e Humanas relacionadas ao tema. A proposta conta com nove etapas, cada uma a ser desenvolvida em um ano e a ser centrada em um espaço geográfico de ocupação lusitana. Como culminância de cada fase, será lançado um tomo de uma publicação de nove volumes sobre o projeto.”
Atuação na Unilab
Durante este primeiro período de pós-doutorado, uma das metas principais do trabalho de Marcela foi auxiliar a consolidar a parte das Ciências Humanas do Mestrado Acadêmico em Sociobiodiversidade e Tecnologias Sustentáveis. “É uma atuação em prol do fortalecimento institucional da Unilab, por meio do desenvolvimento de atividades que englobassem perspectivas comuns ao espaço lusófono, contemplando o contexto das teorias linguísticas e pós-coloniais. Para isso, desenvolvi um projeto onde pudesse estudar a ligação entre o léxico ‘violência’ e como ele se manifesta quando tratamos de relações e representações raciais em grupos de estudantes brasileiros e africanos.”
A principal atividade de Marcela envolve a formação transdisciplinar. “Dentro da gama de práticas acadêmicas, a principal foi contribuir para a formação de recursos humanos voltados para a análise e compreensão das conformações sócio-históricas e sociolinguísticas relacionadas às temáticas da sustentabilidade social, qualificando iniciativas em uma perspectiva interdisciplinar que envolvesse os meus conhecimentos obtidos em minha formação como estudiosa das ciências humanas em geral e meu conhecimento prático de pesquisa e extensão universitária na área das ciências sociais aplicadas”, explica.
A Unilab possui um perfil de integração transnacional que está presente no trabalho desenvolvido pela bolsista. “Passei a fazer parte da rede de pesquisadores do grupo InteRGRace, uma equipe de pesquisa acadêmica internacional que tem como objetivo tornar visíveis, no debate da pesquisa internacional, as formas de discriminação e exclusão com base na origem racial ou étnica, gênero, idade, identidade e opção sexual, filiação cultural, religiosa e/ou de classe. InteRGRace organiza iniciativas regulares: módulos de formação específicos e apresentações de livros e um seminário anual com contribuições tanto de investigações internas de professores italianos quanto estrangeiros em questões relacionadas especialmente à raça e a debates sobre pós-colonialismo. O grupo de pesquisa baseia seu trabalho em uma constante troca intelectual e de comunicação da sua investigação através de uma ampla rede de parcerias com outros grupos de pesquisa, instituições acadêmicas, assistentes sociais, ativistas e estudantes que trabalham nas mesmas questões”, conta.
Marcela também foi responsável por inserir a Unilab na comissão para a organização do próximo Fórum Internacional Interdisciplinar sobre “As novas formas de escravidão”, a ser realizado em Bolonha (Itália), no dia 13 de Maio de 2016. “O fórum será organizado pela Universidade de Bolonha, Green Farm Movement, Anistia Internacional, Prefeitura de Bolonha e acreditamos que vá ser realizado com apoio oficial da Embaixada do Brasil, além da Unilab. Vale lembrar que Redenção, uma das sedes da Unilab, foi a ‘primeira cidade brasileira a libertar os escravos’. Coincidentemente, em 1256, a cidade de Bolonha foi a primeira cidade do mundo a abolir a escravidão. A cidade promulgou o Liber Paradisus, um texto legislativo que libertou então todos os servos”, conta.
A bolsista acredita que o trabalho realizado pode reverberar de maneiras positivas para a realidade brasileira. “Minha pesquisa ajuda a pensar de que forma a violência racial se manifesta nos indivíduos, em dois aspectos ligados à linguística: cognitivo e social. É um tema atual e sempre em debate, principalmente na Unilab”, conclui.
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(Pedro Arcanjo)