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Bolsista Obeduc é contemplado com bolsa americana por trabalho social
Gustavo Oliveira Pugliese construiu uma trajetória para fazer a diferença na vida de muitos. Formado em Letras e Ciências Biológicas pela Universidade de Campinas (Unicamp), ele fez seu mestrado em genética e biologia molecular na mesma instituição. Nesse tempo, passou cinco meses estudando na Universidade de Washington (EUA). Ao voltar, tinha uma nova perspectiva em mente: atuar em um projeto social que transformasse a realidade do estudo das ciências nas escolas públicas brasileiras.
O reconhecimento não demorou a chegar: recentemente, o bolsista da CAPES recebeu a Young Leaders of the Americas (YLAI) para cursar seu doutorado. A bolsa, oferecida pelo governo dos EUA, resultou do seu esforço e envolvimento no Programa Aprendizagem e Ciências na Escola (ACES). Gustavo coordenou uma equipe de professores de escolas públicas e trabalhou na elaboração de materiais didáticos e na formação de professores em tecnologias educacionais.
Durante o tempo de financiamento da ACES, Gustavo alcançou seis escolas de Campinas e quase mil alunos. Além disso, foram oferecidas bolsas para professores do ensino público e estudantes universitários que faziam estágio no programa, como parte da iniciação à docência.
“Fui coordenador do ACES, uma organização que se dedicou a promover a alfabetização científica e melhoria na qualidade do ensino de ciências, oferecendo atividades STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) em escolas públicas de Campinas”, explicou, destacando que “esse pontapé inicial só foi possível com o apoio da CAPES”.
Interesse pelo assunto
Rodolfo Azevedo, autor do Programa ACES e diretor do Instituto de Computação da Unicamp, teve a iniciativa de moldar o Programa motivado pela falta de interesse dos alunos pela ciência e pelas aulas dessa disciplina. O projeto ajudou os professores das escolas participantes a criar maior engajamento entre os alunos, ao tornar as aulas de ciências mais significativas para a vida deles.
O ACES foi baseado em uma parceria com outro programa dos EUA, chamado MESA (Mathematics, Engineering and Science Achievement), cujo foco é promover justiça social e igualdade de oportunidades para minorias não representadas em carreiras STEM.
Para que o projeto ACES pudesse funcionar nas escolas, Rodolfo Azevedo convidou alunos de licenciatura da Unicamp para atuar como monitores. “Eu fui um desses alunos, na época estava concluindo a segunda graduação. Gostei muito do projeto. Me identifiquei tanto com a causa, que resolvi fazer meu mestrado sobre os dois programas, MESA e ACES. Ao mesmo tempo, tornei-me coordenador do ACES e atuei estruturando-o como organização. Eu consegui ainda uma bolsa para ir para os EUA, acompanhar o projeto MESA. Vivenciei de perto os resultados fantásticos que eles têm apresentado e, desde então, venho trabalhando no sentido de reescrever o ACES e iniciar um centro oficial do programa MESA no Brasil”, disse Gustavo.
O bolsista ressalta a importância do projeto no combate ao paradigma de estudantes pobres de escolas marginalizadas que não conseguem acessar carreiras em ciências, engenharia e tecnologia. “Devido à falta de oportunidades, esses estudantes estão expostos a um caminho que envolve criminalidade ou empregos mal remunerados. Essa situação gera desigualdade na Ciência e Tecnologia e escassez de mão de obra qualificada para o país. Isso sem contar a falta de alfabetização científica, que é reflexo da baixa qualidade do ensino de ciências”.
Apoio da CAPES e impacto do projeto
Foi por meio do edital OBEDUC (Observatório da Educação) da CAPES que a organização pôde se estruturar, auxiliando Gustavo na conquista da bolsa nos EUA. “Olhando para os alunos, professores e graduandos com os quais atuamos ao longo dos anos do programa, pudemos ver mudanças profundas nas práticas de ensino e aprendizagem”, revela.
Para o bolsista, com tantos resultados positivos obtidos, fica a certeza de que projeto precisava ter continuidade. “Os alunos superaram todas as nossas expectativas. Os professores claramente saíram do convencional e se sentiram à vontade para experimentar novas atividades, metodologias e desafios para os alunos e para a própria carreira”.
Hoje o projeto encontra-se desativado, mas busca apoio para se tornar um empreendimento social sustentável no Brasil. Gustavo planeja estabelecer um centro do programa MESA no Brasil, adaptado à nossa realidade, mas seguindo os princípios do modelo americano, gerando impacto profundo nas comunidades que abraçarem. “A principal meta no momento é conseguir estabelecer uma nova rodada de atividades do programa em escolas públicas de São Paulo, a partir de uma mescla de investimento público e privado. À medida em que a organização se estabelecer e adquirir mais robustez, ampliaremos a escala de atuação”, finaliza.
(CCS/CAPES)
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