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Bolsista na China é premiada com projeto para solucionar cólera no Haiti
A bolsista de graduação-sanduíche do Programa Ciência sem Fronteiras (CsF) na China, Elisa Miotto, ajudou a criar projeto para solucionar o problema da infecção de cólera no Haiti e alcançou segundo lugar em concurso internacional sobre o tema.
"Ficamos muito contentes com o resultado do concurso, sobretudo em poder representar, mesmo que indiretamente, o Brasil e sobretudo nossas universidades brasileiras, que com certeza são as principais responsáveis pelo conhecimento adquirido ao longo destes anos de estudos", afirmou a estudante, que no Brasil integra a Universidade do Estado de Santa Catarina (UESC).
Voltado para estudantes de arquitetura de todo o globo, o concurso "Design of Mobile Isolation, Diagnosis and/or Treatmente Unit for Use in Ebola or Other Communicable Disease" é organizado pela International Union of Architects-Public Health Group (UIA-PGH) e tinha por objetivo desenvolver uma unidade móvel de saúde para o diagnóstico, isolamento e tratamento de pessoas com doenças infectocontagiosas.
Além de Elisa, o projeto desenvolvido na Tsinghua University contou com o também bolsista do programa CsF, Leonardo Barros Venâncio, e a estudante norte-americana, Joanna Yuet-ting Grocott.
Elisa fez parte do projeto TREAT - Treat People Treat Water, a long term solution for Cholera in Haiti. "O projeto visa tratar as pessoas infectadas e também tratar a água, uma vez que esta é a principal causa do problema, pois apenas 30% da população tem acesso à água potável e 27% a serviços de saneamento no país. Dessa forma, o projeto buscou associar o design a essas duas necessidades e criar uma solução a longo prazo para o problema, com a criação de um sistema de tratamento químico e solar, de baixíssimo custo, que gera cerca de 135 litros de água potável por dia em cada unidade", explica a estudante. O projeto prevê ainda o tratamento das "águas cinzas" e do esgoto sanitário.
Além dessas questões, há priorização da economia e de impactos ambientais. "O projeto priorizou a facilidade de montagem e transporte das unidades, o uso de materiais baratos e renováveis como o bambu, alternativas naturais para ventilação e o uso de placas solares para produção de energia, tornando cada unidade independente. O design e layout simples facilitam a flexibilidade de funções e quando controlada a epidemia as unidades podem ser convertidas em novos usos, como residências para os desabrigados, centro comunitário e escolas", enumera.
A estudante brasileira acredita que o projeto pode ser importante para auxiliar outros países em desenvolvimento, inclusive o Brasil. "O cenário do Haiti infelizmente tem muitas semelhanças com alguns países em desenvolvimento e sobretudo o Brasil, principalmente nos aspectos relacionados à carência de infraestrutura, serviços de saúde e recursos. E é nestes cenários que epidemias causadas por doenças infectocontagiosas se propagam com maior facilidade, atingindo um grande numero de casos. Desta forma, torna-se importante a construção rápida e de baixo custo de unidades de saúde, que possam suprir tal demanda e que atuem no controle da epidemia. Além deste aspecto, o desenvolvimento de uma solução de baixo custo para a produção de água potável e tratamento das águas cinzas e esgoto sanitário, significa uma possível alternativa para melhoria da qualidade de vida de populações carentes nas nossas cidades", afirma.
Intercâmbio
A experiência de viver quase dois anos na China contribuiu para a transformação da vida profissional e acadêmica da estudante. "Pude expandir minha visão e conhecimento em diferentes áreas. Além do contato com uma cultura oriental, muito diferente da nossa, este intercâmbio ofereceu a oportunidade de aprender o idioma, vivenciar a rotina acadêmica e profissional dos chineses e aprender diferentes métodos de estudo e desenvolvimento de projetos. Tais experiências adquiridas estarão presentes em meus futuros trabalhos e em minha carreira profissional".
Elisa acredita que o CsF é um importante passo para a internacionalização da pesquisa e da ciência brasileira. "O Programa Ciências Sem Fronteiras está abrindo inúmeras portas para estudantes brasileiros que virão adquirir conhecimento, prático e teórico, tornando-os mais preparados para em um futuro próximo aplicar tais conhecimentos em nosso país e contribuir com o desenvolvimento social, econômico e tecnológico", conclui.
CsF
Lançado em dezembro de 2011, o Ciência sem Fronteiras busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) por meio de suas respectivas instituições de fomento – Capes e CNPq.
Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior. Dados do programa podem ser consultados no Painel de Controle do CsF .
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( Pedro Arcanjo )