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Bolsista desenvolve tecnologia pioneira para tratar poluição
A partir dos estudos desenvolvidos durante a pós-graduação, o ex-bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) nas modalidades mestrado e doutorado-sanduíche, Bruno Mena Cadorin, desenvolveu procedimento pioneiro para tratar poluição no país. Por meio da tecnologia limpa do Plasma Frio, Bruno criou purificadores que não requerem o uso de produtos químicos e são vendidos por sua própria empresa, a WIER.
Os purificadores, além de não deixarem resíduos, funcionam para a sanitização de ambientes ou para o tratamento de efluentes líquidos resíduos provenientes das indústrias, dos esgotos e das redes pluviais, que são lançados no meio ambiente. “O Plasma é considerado como o quarto estado da matéria. É um meio quimicamente ativo formado por descargas elétricas de alta tensão, radicais livres, moléculas oxidantes (H2O2, O3), radiação ultravioleta (UV), elétrons de alta energia, entre outras espécies químicas altamente reativas. Quando aplicado no tratamento de efluentes líquidos, o plasma é capaz de degradar compostos orgânicos, promovendo um real tratamento do efluente, uma vez que não ocorre a geração de resíduos secundários como o lodo. O tratamento é considerado ambientalmente correto por não utilizar produtos químicos, mas apenas a água do próprio efluente, o ar que respiramos e a tecnologia de Plasma Frio de baixa potência elétrica. Quando aplicado na sanitização de ambientes, o Plasma Frio utilizado pode eliminar diversos micro-organismos e os compostos orgânicos voláteis presentes no ambiente”, explica Bruno.
Automatizadas e com conceito de smartmachines , as máquinas são ligadas para fazer o trabalho e programadas para desligar. Os equipamentos atuam de forma passiva, purificando o ar que passa por dentro da máquina e de forma ativa por meio do ozônio liberado pela máquina. “O ozônio produzido pelas máquinas é o mesmo encontrado na camada de ozônio que protege o planeta terra e é capaz de eliminar até 99% dos microrganismos presentes nos ambientes. É um microbicida até 3.200 vezes mais potente que o cloro além de ser considerado pelo Food and Drug Administration dos Estados Unidos como uma substância segura para uso na indústria alimentícia desde 1982. Estudos realizados em hospitais, tais como o Queen Elizabeth em Birmingham na Inglaterra e o Instituto Público de Saúde em Osaka, no Japão, assim como aplicações feitas em Universidades como a Federal de Uberlândia em Minas Gerais e as Universidades de British Columbia, em Vancouver no Canadá, comprovaram a eficácia do Ozônio contra diversas bactérias e micro-organismos que podem causar doenças ou contaminações graves”, conta.
Experiência no exterior
Bruno concluiu o mestrado em Química com bolsa da CAPES pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2012. Em 2016 tornou-se doutor pelo mesmo programa, tendo feito uma parte do doutorado na Universitàdegli Studi Padova, Itália, a oitava Universidade mais antiga do mundo, com bolsa de doutorado sanduíche da CAPES, por meio do Programa Ciência Sem Fronteiras (CsF). “A experiência no exterior propiciada pelo programa CsF foi extremamente importante para mim como pessoa, para o meu doutorado e para a WIER. No exterior, eu pude aprender mais sobre a tecnologia de Plasma Frio em um grupo de pesquisa muito forte nessa área, o qual é liderado pela Professora Cristina Paradisi que tem um laboratório e uma estrutura completa. Pude aprender mais sobre técnicas de ponta como a espectroscopia de emissão ótica e a cromatografia líquida de alta eficiência, onde eu mesmo pude operar os equipamentos”, enumera.
O bolsista também destaca o ritmo diferente de gestão e metodologia de trabalho. “Lá o pessoal é muito sistemático e operam sempre pensando em segurança e no descarte dos subprodutos gerados nos laboratórios. Durante o doutorado sanduíche pude também conhecer outros pesquisadores de renome mundial e assim fazer networking. Em suma, o Ciências sem Fronteiras me proporcionou mais conhecimento sobre a tecnologia de plasma frio, me atualizou sobre noções de gestão e organização de laboratório”, conta.
Bruno acredita que o apoio recebido por meio de bolsas de estudo foi relevante para o desenvolvimento da empresa. “Eu comecei a empresa sem dinheiro; apenas com uma ideia na cabeça e meu notebook. A empresa não iniciou com ajuda financeira de pai, por exemplo, e a empresa não começou ganhando dinheiro. Por isso, a bolsa foi fundamental para que eu conseguisse me manter em Florianópolis. Hoje, graças a Deus, já consegui devolver em impostos para o Brasil todo o investimento da CAPES e do CNPq feitos em mim com bolsas de Iniciação Científica, de Mestrado, de Doutorado e de Doutorado Sanduíche. A WIER nasceu graças ao conhecimento e à tecnologia que eu desenvolvi dentro da Universidade Federal de Santa Catarina com apoio dessas instituições de fomento e apoio de meu orientador que sempre me incentivou com a pesquisa que desenvolvi”, conclui.
Conheça os purificadores desenvolvidos pelo bolsista.
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( Pedro Arcanjo )