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Bolsista de graduação-sanduíche publica em periódico de alto impacto
A estudante de medicina Helena Berbara teve a oportunidade de passar um ano na Alemanha como bolsista de graduação-sanduíche do Programa Ciência sem Fronteiras (CsF). O resultado da experiência foi publicado agora em forma de artigo na revista BMC Anesthesiology , periódico científico de alto impacto, no qual a estudante brasileira assina como primeira autora.
O artigo " Pulmonary vascular permeability index and global end-diastolic volume: are the data consistent in patients with femoral venous access for transpulmonary thermodilution: a prospective observational study " é sobre a avaliação de parâmetros hemodinâmicos de pacientes obtidos a partir de uma tecnologia utilizada em muitos centros de terapia intensiva na Alemanha denominada PICCO. "Tal tecnologia, através da utilização de um cateter venoso e outro arterial, obtém por termodiluição, parâmetros importantes na avaliação de pacientes em estado grave internados em um centro de terapia intensiva, como o volume diastólico final (GEDI), o volume pulmonar sanguíneo (PBV) e a permeabilidade vascular pulmonar (PVPI). Essas informações auxiliam a estimar o estado de saúde do paciente e podem inclusive contribuir para direcionar as possíveis causas de um paciente em choque ou que apresenta um edema pulmomar", explica Helena.
De acordo com a estudante, o estudo tem como objetivo aprimorar os parâmetros dessa tecnologia. "Por ser uma tecnologia relativamente nova, ainda existem parâmetros que devem ser aprimorados. Observou-se que um desses parâmetros, denominado PVPI poderia estar sendo superestimado quando o cateter PICCO era inserido na veia femoral. Com isso, o estudo tinha como foco avaliar se a permeabilidade vascular pulmonar (PVPI) obtida pelo aparelho inserido a partir de um cateter na veia femoral corresponderia de fato ao que seria esperado para aquele paciente", conta.
Estágios, pesquisa e artigo
A pesquisa surgiu a partir dos estágios realizados pela estudante em um hospital em Munique. "Na Alemanha havia a possibilidade de fazer o que eles chamam de "Famulaturen", que funcionam como se fossem os nossos estágios práticos no Brasil, porém são obrigatórios para os alemães. Como eu já estava no final da minha graduação em medicina, optei por fazer esses estágios para que eu pudesse ter mais contato com a parte prática da profissão. Hoje, vejo que fiz a escolha ideal, pois além de ter conseguido presenciar o dia-a-dia de um hospital universitário alemão, com alto padrão tecnológico, eu pude realizar essa pesquisa de campo", enfatiza.
No último estágio, Helena passou pela terapia intensiva onde conheceu a equipe que viria a trabalhar para a produção do artigo."Já estava ambientada com a prática do hospital e com os termos técnicos. Com isso, consegui me aproximar mais da equipe e do "Oberarzt" (médico chefe) do setor, Dr. Wolfgang Huber. Haviam outros estudantes alemães no meu setor fazendo trabalhos para seus respectivos doutorados e eles me estimularam a também tentar fazer uma pesquisa. Com isso, perguntei para o Dr. Huber se poderia fazer algum trabalho e ele me permitiu, apresentando já uma ideia. Ele me ajudou durante toda a pesquisa de campo e posteriormente outras médicos alemães foram incorporados ao trabalho para a elaboração da parte escrita", afirma.
No trabalho, a estudante assina como primeira autora do artigo, situação menos comum, mesmo no Brasil para bolsistas de iniciação científica. "Ter sido a primeira autora do artigo superou as minhas expectativas. Sempre sonhei em conseguir fazer desse intercâmbio, não só uma experiência pessoal, mas também uma ferramenta e um caminho para crescer profissionalmente. Não foi fácil. O primeiro semestre para mim foi um período de adaptação e ambientação à cultura, ao hospital e às pessoas. Sabia que tinha aprendido e amadurecido muito, mas sentia que faltava algo para que eu pudesse voltar para o Brasil com a consciência de que tinha aproveitado em todos os sentidos essa experiência no exterior. No segundo semestre, ao me aproximar da equipe de terapia intensiva, senti que era ali que eu deveria ficar e buscar pela oportunidade que eu tanto queria. Porém, nunca poderia imaginar que os resultados seriam tão bons. Fazia a pesquisa sem ter certeza se de fato iria dar certo. Acabou que o trabalho fluiu e as consequências foram as melhores possíveis", relata.
Experiência
De volta ao Brasil, a estudante demonstra satisfação pela participação no programa. "Certamente, se não fosse pelo o Ciência sem Fronteiras eu nunca teria feito um intercâmbio durante a minha graduação. Eu consegui realizar o meu desejo pessoal de morar fora e ainda tive a oportunidade de conciliar com os estudos, obtendo uma bagagem de conhecimentos que sem dúvidas serão importantes para o meu futuro profissional", ressalta.
Segundo Helena, O CsF permitiu experiências que definirão seu futuro como profissional e como cidadã brasileira. "Eu passei por experiências que não aconteceriam se eu não tivesse conhecido o programa. Acredito que todos que participam do Csf compartilham dessa opinião. O programa engloba alunos que muitas vezes não tiveram contato com outras culturas e ainda é uma porta de entrada para possíveis relações profissionais e de complemento de formação em outros países", concluiu.
Acesse o artigo .
CsF
Lançado em dezembro de 2011, o
Ciência sem Fronteiras
já concedeu mais de 87 mil bolsas. O programa busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) por meio de suas respectivas instituições de fomento – Capes e CNPq.
Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior. Dados do programa podem ser consultados no Painel de Controle do CsF .
(Pedro Arcanjo )