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Bolsista realiza estudo que pretende modificar diagnósticos de fertilidade masculina
Um estudo realizado pelo pesquisador brasileiro Hermes Gadelha, no Centro de Matemática e Biologia da Universidade de Oxford, na Inglaterra, pretende modificar a maneira como se entende fertilidade masculina. De acordo com reportagem do Instituto Ciência Hoje , a pesquisa põe em xeque os resultados dos testes desse tipo de diagnóstico. O físico-matémático pernambucano de 27 anos está no exterior com bolsa de doutorado pleno pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A pesquisa pode afetar diretamente parte da população que tem problemas de fertilidade. Como explica o pesquisador Hermes Gadelha, as clínicas de fertilidade utilizam o método de contagem de espermatozóides para determinar a fertilidade de um homem, o que pode ser insuficiente na determinação de um diagnóstico. “Os exames de hoje se atentam ao número de células, quantas estão movendo de acordo com o padrão. Mas o que a gente acredita é que isso não é suficiente, se você tem um número pequeno de células, mas de qualidade relativamente boa você pode ser fértil”.
O pesquisador explica que o objetivo é a criação de um software que auxilie os médicos com dados mais específicos para diagnosticar a fertilidade. “É preciso levar em conta a funcionalidade da célula. Apenas contando você não diz se é boa ou ruim. A partir de dados como velocidade, energia e eficiência é possível realizar uma estatística que diga um pouco mais”, explica.
O estudo faz uso da matemática para investigação de sistemas biológicos. “Tento entender como células, espermatozóides, se locomovem utilizando a matemática como ponto de partida”, explica Hermes. Segundo ele, a pesquisa sempre teve como foco a aplicabilidade, por isso não se trata apenas um estudo de matemática: o aspecto interdisciplinar é muito importante para pesquisa. Além da teorização matemática, o estudante realiza experimentos no Hospital da Mulher na cidade de Birmingham, o centro líder em fertilização in vitro na Inglaterra.
Os resultados do trabalho foram publicados nas revistas Cell Motility and the Cytoskeleton e Journal of the Royal Society Interface , e foram também assunto de reportagem na revista Science .
Fomento
Hermes considera como cruciais o papel das agências de fomento brasileiras no desenvolvimento de sua carreira acadêmica. Antes de ser bolsista de doutorado pleno da Capes, o estudante recebeu bolsa de iniciação científica na graduação e no mestrado bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Sempre falo aqui na Inglaterra que não poderia ter chegado onde cheguei sem o apoio do governo brasileiro. Sou um entusiasta desse fomento, torna o caminho dos cientistas muito mais realizável”, afirma.
Como todo bolsista de doutorado pleno no exterior pela Capes, Hermes Gadelha deve voltar ao Brasil após concluir sua pós-graduação para desenvolver atividades de docência e pesquisa por um período pelo menos igual ao que ficou fora do país. O que já está nos planos do estudante. “Não me vejo morando fora do Brasil”, confessa Hermes, que tem como meta trazer esse tipo de pesquisa de interação entre matemática e sistemas biológicos para o país.
“Os primeiros estudos dessa natureza são da década de 50. No Brasil, entretanto, sou o único trabalhando com esse tipo de pesquisa. Era algo que não existia no nosso país, mas agora estou aprendendo e vou levar esse conhecimento de volta. Um recifense não precisará vir pra Oxford pra estudar isso, como eu fiz. Estaremos no mesmo nível de qualidade dos pesquisadores aqui”, conclui.
Conheça mais sobre o trabalho de Hermes Gadelha e saiba mais sobre o programa de doutorado pleno no exterior da Capes.