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Bolsista da Capes publica artigo em periódico internacional
A ex-bolsista de doutorado-sanduíche Helen Barros publicou, em novembro de 2016, um artigo na revista Journal of Zoological Systematics and Evolutionary Research , que tem foco no estudo sistemático das ciências animais, ligado à pesquisa evolutiva.
Helen desenvolveu seu doutorado nos Departamentos de Zoologia e de Genética da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em colaboração com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, orientada pelo prof. Doutor Diego Astúa.
O estudo inclui a análise morfométrica de aproximadamente 190 crânios das três espécies de peixe-boi e a descrição do cariótipo antes desconhecido da população brasileira de peixe-boi marinho. “Além de permitir uma melhor compreensão da variação morfológica existente nas espécies atuais de peixe-boi e suas implicações evolutivas, nossos dados mostram que a população brasileira de peixe-boi marinho é morfologicamente distinta da população do Caribe e a magnitude desta diferença é maior que entre as subespécies de peixe-boi marinho reconhecidas e até maior que entre algumas espécies reconhecidas. O cariótipo também é distinto da população do Caribe. Nossos resultados, aliados a dados já publicados derivados de estudos de genética molecular, sustentam a ideia que a população brasileira de peixe-boi marinho é claramente distinta, estando provavelmente evoluindo em separado da população do Caribe, e pode até constituir uma subespécie ainda não nomeada. Isto terá implicações profundas nas estratégias de conservação destes mamíferos carismáticos e ameaçados, já que estas populações terão que ser consideradas separadamente quando se tratar de manejo e estimativas de tamanho populacional”, explica Diego.
A pesquisadora complementa dizendo que o trabalho permitiu que a população brasileira de peixe-boi das Antilhas fosse analisada mais adequadamente por meio de abordagens de morfometria geométrica e citogenética, o que proporcionou verificar sua diferenciação. “As conclusões alcançadas também mostram que os peixes-bois brasileiros precisam ter suas estratégias vigentes de conservação e manejo reavaliadas urgentemente. Outro ponto importante que a pesquisa realizada auxiliou foi na decisão de não translocação de peixes-bois do Brasil para a ilha de Guadalupe, no Caribe, reforçando que a população do Brasil é diferente da encontrada no Caribe, o que ocasionaria várias consequências negativas para essa espécie ameaçada”, completou Helen.
PDSE
Sobre o período no exterior, Helen conta que a bolsa de doutorado-sanduíche auxiliou bastante. “Durante o período de pesquisa fora, pude visitar vários museus para registrar os crânios dos táxons de peixes-bois, etapa essencial no estudo. Além disso, pude aprimorar a língua inglesa, conhecer pesquisadores da área, além de vivenciar a vida acadêmica na Universidade da Flórida como Visiting Graduate Student. Certamente, foi uma experiência muito gratificante e enriquecedora para minha formação pessoal e profissional. O conhecimento adquirido é válido e engrandecedor. Assim espero que a Capes continue concedendo bolsas aos estudantes brasileiros, para que possam realizar suas pesquisas no exterior, contribuindo para um maior desenvolvimento da ciência no país.”
Futuro
De posse dos resultados, Helen diz “a próxima etapa poderá ser a de registrar mais amostras de crânio da população brasileira de outras localidades, que estejam disponíveis, bem como de outras populações e espécies de Trichechidae, para deixar o trabalho mais ajustado, de forma a permitir sua continuidade para um enfoque de estudo taxonômico. Para isto, será necessário, além da digitalização de outros crânios, reunir caracteres adicionais, para ter uma análise refinada e assim poder descrever a população brasileira, como outra subespécie ou mesmo espécie nova. E, futuramente, realizar um estudo de pintura cromossômica comparativa que possibilitará que rearranjos cromossômicos ocorridos entre os triquequídeos possam ser revelados, propiciando sugerir o cenário da evolução cromossômica na família.”
(Natália Morato)