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Bolsista da CAPES desenvolve vacina com dupla proteção
Graduada em Bioquímica pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Kimberly Freitas Cardoso possui mestrado em Ciências da Saúde pela Fiocruz Minas (MG).
Atualmente é doutoranda pela mesma instituição e tem como projeto o desenvolvimento de uma vacina bivalente contra a pneumonia bacteriana e o vírus da gripe.
Conte sobre o seu trabalho.
Este trabalho está sendo realizado no Laboratório de Imunologia de Doenças Virais (IDV) da Fiocruz de Minas Gerais, em parceria com o Instituto Butantan, visa o desenvolvimento de uma vacina que fornece proteção contra a pneumonia bacteriana e a gripe, utilizando um vírus da gripe modificado (vírus influenza) que carrega uma proteína da bactéria
Streptococcus pneumoniae
, causadora de pneumonia.
Em nossos resultados, após a vacinação de camundongos com a formulação vacinal, observamos que houve a estimulação do sistema imune e eficácia na proteção contra as duas enfermidades. Além disso, também observamos que o vírus modificado foi capaz de se multiplicar em ovos de galinha, que são o principal substrato para a produção de vacinas contra a gripe em todo o mundo, possibilitando a sua produção em escala industrial.
Como se deu o interesse em trabalhar com o assunto?
Durante toda minha graduação fui bolsista de iniciação científica na Universidade Federal de Viçosa (UFV) em um projeto de desenvolvimento de uma vacina contra o patógeno
Trypanosoma cruzi
, causador da Doença de Chagas. Ali despertei amplo interesse em trabalhar no desenvolvimento de novas vacinas.
Posteriormente surgiu a oportunidade de realização do mestrado na Fiocruz Minas, sob a orientação do pesquisador Alexandre Machado, com a proposta de desenvolvimento deste trabalho tão ambicioso, inovador e de enorme relevância para a saúde pública.
Qual o objetivo da pesquisa?
Este trabalho apresenta como objetivo o desenvolvimento de uma vacina bivalente contra
pneumococos
(causador de pneumonia bacteriana) e vírus influenza (causador da gripe) a partir da utilização de um vírus influenza modificado.
Qual a importância desse trabalho para a sociedade?
As infecções causadas pela bactéria
Streptococcus pneumoniae
são uma das principais causas de pneumonia e meningite no Brasil e no mundo, resultando em grande mortalidade. No ano de 2016, a pneumonia causada por esta bactéria causou mais mortes do que todas as outras principais doenças do trato respiratório inferior juntas, sendo responsável por 1.189.937 mortes e 197,05 milhões de episódios agudos de infecção respiratória inferior.
Além disso, as infecções ocasionadas pelo vírus da gripe são frequentemente complicadas por infecções bacterianas secundárias causadas por
Streptococcus pneumoniae
. Assim, o fato destes dois patógenos serem estritamente relacionados enfatiza a importância do desenvolvimento de uma vacina que gere uma dupla proteção.
O que ele traz de diferente daquilo que já é visto na literatura?
Já foram descritos na literatura dois outros trabalhos que utilizam vírus influenza modificado como abordagem vacinal contra a gripe e pneumococos. Estas duas abordagens, apesar de apresentarem resultados satisfatórios de proteção, possuem uma menor possibilidade de serem transpostas para a indústria. Isto se dá devido à uma maior complexidade para a multiplicação destes vírus modificados e à sua incapacidade de multiplicação em ovos de galinha.
Qual a importância do apoio da CAPES?
A CAPES foi essencial para o desenvolvimento desse estudo por meio do apoio financeiro aos membros da equipe com bolsas de mestrado e doutorado.
Quais são os próximos passos?
Este trabalho ainda está em fase inicial pré-clínica que consiste na realização dos testes in vitro e/ou in vivo (em animais), com o objetivo de demonstrar a segurança e o potencial imunogênico e protetor da vacina. Posteriormente, após a conclusão desta etapa, são feitos os testes clínicos em humanos. Ao final deste trabalho, almejamos desenvolver uma vacina brasileira segura e eficaz, capaz de proteger contra as duas enfermidades, contribuindo para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e a saúde pública do nosso país.
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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