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Bolsista da CAPES cria embalagem contra fungo
Professor adjunto do curso de Engenharia Agronômica no Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP) e agrônomo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Argus Cezar da Rocha Neto, é mestre e doutor em Biotecnologia e Biociências pela mesma instituição e desenvolveu de uma embalagem que protege maçãs contra o fungo Penicillium expansum . O trabalho rendeu publicações nas revistas cientificas Food Hydrocolloids, Food Chemistry e LWT-Food Science and Technology . Sua tese também recebeu uma menção honrosa no Prêmio CAPES de Tese 2019.
Fale sobre o seu trabalho.
A pesquisa foi desenvolvida inicialmente na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no Laboratório de Fitopatologia e de Bioquímica Vegetal. Foi ali que fiz a seleção dos óleos essenciais a serem utilizados e percebi alguns gargalos que teria (como a interação entre os óleos essenciais e os diferentes plásticos). Depois, fui para a
Michigan State University
(EUA), onde desenvolvi os protótipos das embalagens e também o micro-encapsulamento dos óleos essenciais, para liberação controlada. Além disso, lá entendi a dinâmica de interação entre os óleos essenciais e os diferentes plásticos, bem como toda a caracterização dos complexos e modelos obtidos. Voltei para o Brasil e terminei o doutorado e o projeto na UFSC.
Como se deu o interesse em trabalhar com o assunto?
Desde a minha iniciação científica eu trabalhei com maçãs e um dos fungos a ela relacionado, o que causa uma podridão conhecida como bolor azul (
Penicillium expansum
). À medida que o tempo foi passando, fui desenvolvendo a minha pesquisa me baseando em métodos alternativos de controle, ou seja, métodos que não envolvem o uso de agrotóxicos, mas de princípios ativos naturais, como os óleos essenciais. Na minha tese de doutorado, dada uma pesquisa prévia que fiz acerca da necessidade de novas tecnologias associadas à manutenção dos frutos em pós-colheita, principalmente em decorrência da insuficiência de armazenamento a frio ou em atmosfera controlada que temos no estado, resolvi desenvolver o protótipo de algo que envolvesse todos esses aspectos. Assim, tive a ideia de usar óleos essenciais para controlar o bolor azul em frutos de maçã e expandir o tempo de prateleira delas sem a necessidade de câmaras frias ou de atmosfera controlada.
Qual o objetivo da pesquisa?
Por ser a principal doença na pós-colheita de maçãs, o fungo faz com que haja uma perda de qualidade e de frutos armazenados. Sendo assim, o objetivo é desenvolver uma forma alternativa de controle contra o fungo
Penicillium
expansum que seja viável economicamente e capaz de preencher as necessidades de armazenamento.
Qual a importância do seu trabalho para a realidade brasileira?
Levando em consideração que ainda hoje se tem uma insuficiência de armazenamento a frio ou em atmosfera controlada que temos no estado, as embalagens desenvolvidas (protótipos) poderiam ajudar a aumentar o tempo de prateleira, bem como prevenir o desenvolvimento de patógenos em diferentes alimentos. Nos Estados Unidos, onde fiz meu doutorado-sanduíche, eles fazem ensaios semelhantes e desenvolvem embalagens similares. Minha orientadora tem várias publicações e patentes nesse sentido.
Além da proteção para maçãs, a embalagem teria alguma outra aplicabilidade?
Na realidade a embalagem foi um protótipo para se entender a dinâmica de funcionamento e liberação dos compostos ativos. Então, sim, teria outras aplicações.
O que este trabalho traz de diferente daquilo que já é visto na literatura?
Não há muitos trabalhos que abordem a utilização dos óleos essenciais de forma fumegante, sendo encapsulados para liberação controlada dentro de um ambiente controlado, de forma a se verificar grande parte das variáveis que auxiliam nesse processo. Além disso, o protótipo, por menos “funcional” que possa parecer, nos deu vários indicativos de como continuar a pesquisa.
Qual a importância do apoio da CAPES?
A CAPES foi fundamental nesse processo ao me conceder a bolsa de mestrado e doutorado no Brasil. Dessa forma, pude desenvolver a minha pesquisa sem preocupações externas, como a necessidade de recorrer a um trabalho formal para me manter. Infelizmente, os processos de bolsas no exterior estavam encerrados, dada a crise no Brasil, quando fui submeter. Então, no exterior, contei com o apoio financeiro da instituição em que hoje trabalho (UNASP-EC).
Quais são os próximos passos?
Os próximos passos são continuar desenvolvendo pesquisas relacionadas à temática, utilizando os óleos essenciais como método de controle às doenças pós-colheita de frutos e me valer do encapsulamento e das estratégias observadas no protótipo desenvolvido para produzir novos componentes.
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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