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BOLSISTA EM DESTAQUE
Bolsista da CAPES conquista 1º lugar em Prêmio CNJ
Formada em História pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, Ana Carolina investigou aspectos do cotidiano dos trabalhadores a partir da estruturação de um sistema de controle e manutenção da força de trabalho durante a construção e funcionamento da ferrovia, nas primeiras décadas do século XX.
Por que o seu interesse na história da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré?
Sou natural de Porto Velho (RO) e lá vivi até meus 14 anos. Assim, desde muito pequena tive contato com a história da Ferrovia. Durante a minha graduação em História, escrevi um artigo sobre a Ferrovia, mas abordando o tema pela literatura - o romance Mad Maria, do escritor manauara Márcio Souza. A coordenadora do meu projeto, Regina Nascimento, e Rozeane Albuquerque, professora colaboradora, me incentivaram a seguir com o tema. Escrevi o TCC e durante a escrita me deparei com um acervo documental – jornais e processos judiciais - sobre os trabalhadores da Ferrovia; foi quando decidi que no mestrado continuaria a pesquisar sobre o tema através dessa documentação.
Quais as suas principais descobertas?
O ponto central é mover os holofotes da Ferrovia Madeira-Mamoré, o maquinário, patrimônio, para os homens e mulheres trabalhadores que compuseram a estrutura de construção e funcionamento. Esse era um ponto que me incomodava, no sentido de me estimular a pesquisar: a constante referência a “trabalhadores” de forma generalizada, sem um aprofundamento sobre quem seriam, como se organizavam e como gerenciavam seu trabalho e experiência em torno da Ferrovia. Outros pontos que acredito que contribuem para a discussão da temática na historiografia são o aprofundamento sobre a estrutura de trabalho que foi implantada pela Companhia, em suas hierarquias e exploração de trabalho, a inserção de trabalhadores indígenas e trabalhadoras mulheres na discussão sobre a estrutura de trabalho da Ferrovia, a discussão sobre os conflitos e seus tipos, o estudo sobre os impactos do trabalho na saúde mental dos trabalhadores e, por fim, o entendimento da Ferrovia como um projeto que fazia parte da série de obras implementadas por empresários e engenheiros norte-americanos na América Latina, como o Canal do Panamá e as ferrovias na Guatemala e em Cuba.
Qual a contribuição de sua dissertação para a sociedade?
Preciso dizer que não são assuntos novos, mas sim temas aprofundados. A contribuição dessa dissertação é verticalizar na questão dos trabalhadores e a Madeira-Mamoré. Eu espero que contribua também, e, principalmente, para a sociedade e cultura histórica de Porto Velho e do estado de Rondônia.
Qual o material de pesquisa utilizado em seu mestrado?
Tenho feito uma pesquisa bibliográfica há alguns anos, fazendo um levantamento de estudos sobre os temas como Amazônia, trabalho/trabalhadores, cotidiano, século XX, Madeira-Mamoré, Porto Velho, Rondônia.
Quanto aos acervos documentais, visitei o Centro de Documentação do Museu da Memória Rondoniense, atual Mero, e o Centro de Documentação Histórica do Tribunal de Justiça de Rondônia (CDH-TJRO). Nessa primeira visita, em 2015, selecionei a documentação pelo recorte temporal de 1907 até um ano a mais que o recorte da pesquisa, 1920, e depois fiz uma filtragem nos processos judiciais selecionando os que possuíam como palavras-chave os termos “trabalhadores”, “EFMM/Madeira-Mamoré” e destacavam diferentes nacionalidades já que para a construção da Ferrovia contabiliza-se trabalhadores de cerca de quarenta nacionalidades.
Como foi receber o Prêmio CNJ Memória do Poder Judiciário?
Foi um sentimento de alívio, de dever cumprido. Finalizei a dissertação no primeiro ano de pandemia, em 2020, sob condições extremamente delicadas. Ter a qualidade da pesquisa reconhecida, a nível nacional, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) me fez respirar fundo e pensar “ok, consegui entregar o que eu me propus a fazer, não decepcionei a mim e nem a ninguém que me ajudou durante o percurso”. E felicidade, por ter ganho esse espaço em que posso dar visibilidade e fortalecer a atuação do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal da Paraíba (PPGH-UFPB).
Onde se pode acessar a sua dissertação?
A dissertação completa está disponível no repositório institucional digital da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/20305
Atualmente uma versão da dissertação, mais sintetizada, está em fase de editoração pela Editora da UFPB, que publicará em livro provavelmente pelos próximos meses. Essa publicação veio em forma de prêmio pelo primeiro lugar nas Dissertações de Destaque do Quadriênio 2017-2020 do Programa de Pós-graduação em História (PPGH-UFPB).
Quais seus projetos futuros?
Ainda, para desenvolver novos projetos – inclusive doutorado –, estou aprofundando as leituras de fontes históricas, dentro da temática de Porto Velho e mundos do trabalho no século XX.
Legenda das imagens:
Imagem dentro matéria: Trabalhadores da Estrada
de Ferro
Madeira-Mamoré (Foto: Arquivo pessoal)
A Coor
de
nação
de
Aperfeiçoamento
de
Pessoal
de
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(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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